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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
De cada vez que se faz alguma exigência à nova Direcção, aparecem logo uns consócios ou, pelo menos, simpatizantes, a perguntar se "não acabaram já as eleições". Sim, é verdade, já acabaram as eleições. Mas é por isso que temos de exigir que se cumpra o que foi prometido. A maior prova do nosso atavismo enquanto povo é essa mesmo: identificarmos a exigência de cumprimento de metas apenas com os períodos eleitorais. No fundo o raciocínio de que só nas eleições se pode cobrar o que tem de ser feito - depois de ganhas estas, temos de nos calar e sujeitar ao que venha. Ora as eleições foram ganhas com base em premissas programáticas, e se estas não estão a ser cumpridas, mais do que nosso direito, é mesmo nosso dever, exigir que a condução dos nossos destinos se faça de acordo com o que foi sancionado nas urnas.
Foi-nos prometido um "triunvirato" forte na liderança do futebol do Sporting. Este seria constituído por Augusto Inácio, Virgílio e um "terceiro elemento" que já estaria na estrutura da SAD/Academia. Ora, o que se tem visto, é o futebol do Sporting não está entregue a ninguém, para além do Presidente, neste momento. O Inácio está a treinar o Moreirense, o Virgílio não tem qualquer experiência relevante no assunto e o tal "terceiro elemento", mesmo já não tendo o lugar em risco - como o nosso actual Presidenre afirmou a título de justificação para o seu anonimato - continua, inexplicavelmente, por aparecer.
Foi-nos prometida imediata disponibilidade de capital para acorrer às necessidades de tesouraria do Clube. Ora também nisso nos mentiram. Depois de eleitos, os actuais Corpos Gerentes andaram a brincar às negociações para conseguirem uma reestruturação - única forma de fazer os pagamentos imediatos. Ora quem quer que já tenha negociado alguma coisa - uma casa, um carro, um berlinde - sabe que quanto mais premência se coloca na negociação, piores resultados se obtêm desta. Se esta Direcção eleita tivesse cumprido o que prometeu, teria apresentado um cheque após eleita, que lhe compraria três ou quatro meses para conhecer melhor os cantos à casa e poder então forçar a reestruturação de dívida numa base de conhecimento e numa posição de força negocial, muitíssimo mais favoráveis.
Foi-nos prometida uma "pool" de investidores para a SAD. Na primeira versão os investidores entrariam logo após a vitória nas eleições, na segunda versão viriam após a renegociação de dívida. Aliás, posso repetir ipsis verbis o que disse o nosso Presidente nesta segunda versão: "os investidores estão prontos para entrar, aguardam apenas a conclusão do processo de reestruturação de dívida". Pois agora que o processo está completo, deixámos de ouvir falar em investidores. Desapareceram sem deixar rasto. Estavam prontos, mas resolveram antes ir dar uma voltinha, com certeza...
Como sócio pagante do SCP (alías, sócios pagantes, pois somos uma família inteira deles...) exijo ser tratado com dignidade e verdade. Exijo que, uma vez que já acabaram as eleições, os vencedores governem de acordo com o compromisso assumido. Exijo saber quem está a gerir o futebol do Sporting. Exijo saber os termos em que negociámos a reestruturação que vai ser injectada na SAD e quais as contrapartidas de negócio. Há que cumprir o prometido. É que esta coisa de ser Presidente do Sporting não é só andar para cima e para baixo a ver os jogos da bola.
* Artigo da autoria de Desert Lion
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