Tenho vindo a reflectir as recém-palavras de Carlos Barbosa da Cruz - tema de um post aqui no Camarote Leonino - advogado e antigo membro do Conselho Leonino que publica um artigo de opinião semanal no jornal Record. Analisando o momento do Sporting e reiterando o seu apreço pelo trabalho de Jesualdo Ferreira, este sportinguista disse o seguinte sobre a actual Direcção: "O clube também está agora mais estável, maisc organizado e mais competente, mas tenho dificuldade em atribuir créditos a uma Direcção que entrou há tão pouco tempo e com um caderno de encargos pesado. Aquilo que a actual Direcção se defronta não é culpa dela, sejamos justos nessa parte."
Como apoiante de José Couceiro, até compreendo perfeitamente a sua intenção de não parecer um crítico com interesses alheios, mesmo não atribuindo créditos à nova liderança, como indica. No entanto, sinto alguma dificuldade em raciocinar o fundamento da sua análise quanto à actual alegada estabilidade, organização e competência do Clube. A sensação de acalmia deve-se, em grande parte, à notável recuperação da equipa profissional e dos recentes resultados desportivos, que são suficientemente agradáveis para não levantar ânimos de discórdia. Tudo o resto em relação a operações estruturais e organizacionais - pela evidência à vista - não passa de um processo «cosmético» para projectar precisamente um cenário de recuperação e progresso que não corresponde à realidade.
Como já foi citado neste espaço, em diversos escritos, a estrutura do futebol continua, no mínimo, muito nebulosa. A continuidade de Jesualdo Ferreira, contrário às últimas informações noticiosas, ainda está longe de ser assegurada e tudo o resto relativamente ao «staff» da Academia e da formação ainda está por esclarecer, com muitas dessas pessoas incertas sobre o seu futuro no Clube. Como os específicos do princípio de acordo com os credores - a Banca - não foram divulgados, os sócios do Sporting têm plena razão para se sentirem apreensivos em relação ao efeitos que vão recair sobre o futebol do Sporting, em geral, e da equipa principal, em particular.
Quanto ao Clube, em si, além de comunicados de pouco contexto e efeito e algumas operações de carácter «cosmético», nada é conhecido. As diversas promessas eleitorais caíram num vazio e resta alimentar a esperança que o futuro próximo traga algumas novidades de relevo. No final do dia, a acalmia aparente é isso mesmo, aparente, e pela não existência de uma oposição efectiva, dentro e na periferia do Clube, a família sportinguista aguarda preocupada mas pacientemente que a nova liderança se revele. As démarches que se têm verificado por parte dos simpatizantes do "Bruno" não têm tido o mínimo de impacto, salvo ofender muitos sportinguistas com direito a palavra e opinião. A opção destes em agir de uma forma mais construtiva e civil tem a ver com a sua apreciação pelos superiores interesses do Sporting e não por temerem recorrer ao seu direito a liberdade de expressão. Os dias aproximam-se muito rapidamente em que o Conselho Directivo vai forçosamente ter de mostrar que a sua função não passa somente por enviar recados à plateia, porque como Carlos Barbosa da Cruz diz, e bem, o caderno de encargos é pesado e não pode ser ignorado.