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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
«Foi uma corrida estranha mas que revelou o verdadeiro campeão que foi o Fernando Mamede. Digo estranha porque, antes da prova, eu afirmei que numa corrida cerrada o Fernando era o atleta para bater o recorde do mundo - o que veio a acontecer três anos mais tarde - só que, nesse dia, ele arrancou muito cedo. Logo nos primeiros quilómetros deu a sapatada e pirou-se de toda a gente, o que para bater qualquer recorde é muito mais difícil. Normalmente, as grandes marcas são fixadas em corridas com "lebres" e com muita competição dentro da própria corrida. Ali, isso não aconteceu. O Fernando foi sozinho e sozinho foi somando os quilómetros e reduzindo tempo. Eu, do lado de fora, ia-me apercebendo que era possível bater a melhor marca que era do inglês Bredan Foster.
Tinha desenhado o esquema de corrida num caderno. Se o Fernando passasse aos 4 quilómetros com umdeterminado tempo e aos 6 ou 7 com outro, dava para ver ser era possível ou não atacar o tempo do inglês. Tudo apontava para que isso viesse a acontecer mas só havia um senão: o Fernando Mamede estava a correr sozinho... o segundo era o Carlos Lopes, mas a uma grande distância. Aquela corrida de 10 mil metros passou a ser, praticamente, um contra-relógio individual. Mas o Mamede não baixava o ritmo, nparecia que estava a correr contra ele próprio. Era a única forma que ele tinha de se superar, foi extraordinário !
Quando o Fernando Mamede cruzou a linha, eu olhei para o cronómetro e vi: 27m27.07. "Batemos o recorde da Europa ! Batemos o recorde da Europa Fernando ". Tirámos 5,3s ao anterior máximo. Foi o momento mais marcante do atletismo do Sporting no estádio de Alvalade.»
* Do livro "Estórias d'Alvalade" por Luís Miguel Pereira
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