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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O Sporting prepara-se para fundir a SPM, na SAD. Lendo o Projecto de Fusão, e passando por cima de alguma tecnicidade, do processo, as consequências mais relevantes que daí advirão, serão as seguintes:
- A nova SAD passará a ter controlo do direito de superfície do Estádio e do Complexo Desportivo de Alvalade, até 2063, assim afastando o SCP (Clube) do controlo desse património. Este movimento representa um investimento de 73 milhões de euros do Clube na SAD.
- Na nova SAD deverão entrar "até 38 milhões de euros", supõe-se que a curto prazo, de investidores não relacionados, ou seja, outros que não o Sporting. Não há qualquer especificação de quem serão, qual o tipo de entradas que farão (dinheiro ? perdão de dívidas ?). O valor escolhido ("até 38 milhões de euros") percebe-se mais adiante.
- Afirma-se que o valor do mercado da SAD, numa óptica de reestruturação, antes da ocorrência da fusão, é de 39 milhões de euros. Ora esse é o valor do Capital Social. Para que voltemos a "valer" esse valor, teremos de ter resultados tais, ao longo dos próximos anos, que numa perspectiva de capitais libertos condicionados, resulte em 39 milhões de euros positivos, em lugar dos actuais (no final deste exercício) cerca de 125 milhões de euros negativos.
Entende-se agora porque é que define como limite para entrada de novos investidores os tais 38 milhões de euros. E que valendo a "SAD reestruturada" 39 milhões de euros, com a entrada por outros de apenas 38 milhões de euros, cumpre-se a promessa da Direcção de manter a maioria do capital da SAD.
O que não se percebe é como é que o "processo de reestruturação# colocará a SAD, num horizonte de razoável previsibilidade, os tais 39 milhões de euros, ainda para mais quando existem ainda VMOCS de cerca de 48 milhões de euros que terão de ser reembolsados. São pois 125+48+39= 212 milhões de euros de Meios Libertos (descontados) que teremos de acumular ao longo dos próximos anos. Sinceramente, mesmo não sabendo o prazo assumido na projecção da reestruturação financeira, posso desde já afirmar que isto faz pouco sentido.
Dando um exemplo muito básico, apenas para efeitos de explicação, e considerando que as Amortizações serão baixas (7 milhões), dado que a SAD quase não conseguirá fazer investimentos (compra de jogadores), só Resultados positivos na ordem dos 15 milhões por ano, consecutivamente atingidos ao longo de 20 anos, se traduziriam no valor final anunciado !
Em conclusão, no Excel tudo parece muito, mas mesmo muito nebuloso... Mas mesmo sem termos ainda explicações sobre a reestruturação negociada, há duas claras conclusões que podemos tirar já tirar daqui:
- o esforço que será exigido ao Sporting, encontra-se a um nível tal que comprometerá totalmente as próximas épocas desportivas. A prioridade terá de ser sempre vender, para realizar as mais-valias, pois manter implicaria custos salariais incomportáveis para os elevadíssimos níveis de rentabilidade exigidos.
- a Direcção conta com "até 38 milhões de euros" de investidores, para ficarem com quase 50 por cento da SAD. Apesar de ser um valor bastante mais baixo do que o ventilado pela Direcção anterior para entrada no Capital, não deixa de ser alguma coisa. O presidente Bruno de Carvalho afirmou tê-los "prontos para avançar". Aguardemos então.
* Texto da autoria de Desert Lion.
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