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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Mas, quem leia o R&C, facilmente verifica que é ainda muito cedo para se fazer a festa. Na verdade os lucros de 7,2 milhões que a SAD apresenta no último trimestre, estão fortemente empolados pela venda dos direitos desportivos de Bruma e Ilori, num valor próximo de 16 milhões de euros. Ora, se deduzida esta parcela “não operacional” do negócio, o que fica são 8,5 milhões negativos, no período. Mesmo depois de abatido o valor que foi pago de indemnizações para rescisões (cerca de 2 milhões de euros), ainda ficam com 6,5 milhões negativos no trimestre.
Apenas para efeitos de cálculo e projecção da situação final, se assumirmos a linearidade de trimestres, este valor levar-nos-ia para prejuízos “correntes” de 26 milhões de euros, na minha óptica ainda totalmente insustentáveis porque não são recorrentemente cobríveis por ganhos com vendas de jogadores. Eu consideraria um valor de perdas de até 10 milhões de euros por exercício, como compensável, em média, com uma gestão desportiva eficaz, por essas mais valias. Mais do que isso parece-me um risco demasiado elevado e que não deve ser assumido por esta Direcção – mandatada, exactamente, para diminuir o nível de riscos a assumir pelo Sporting.
É claro que teremos ainda de considerar a fusão com a SPM que virá a acontecer, e cuja Exploração Positiva na casa dos 5 a 7 milhões de euros virá a atenuar esta realidade. Mas a solução desta questão terá de vir, essencialmente, de uma recuperação na vertente dos Proveitos Operacionais. Só quando voltarem a ser obtidos valores próximos dos da época 2007/2008 – cerca de 50 milhões de euros -, poderemos dizer que o Sporting estará muito perto do seu equilíbrio de médio e longo prazo. Por enquanto, louva-se este esforço inicial muito meritório, mas temos de reconhecer que há ainda muito trabalho a fazer antes de podermos cantar vitória sobre o fantasma da insolvência.
Uma breve nota final negativa que, infelizmente, devo mencionar. Não se percebe o que pretende o presidente com a hostilização gratuita do órgão de supervisão do Clube. De acordo com o que li no DN: “Há sensivelmente um mês deu-se o primeiro "choque" entre Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, e Jorge Bacelar Gouveia, presidente do conselho fiscal (CF) do clube leonino. Segundo fontes contactadas pelo DN, a causa da discórdia foram as contas da SAD, pedidas pelo líder do conselho fiscal, em nome do órgão que preside. A resposta de Bruno de Carvalho causou alguma celeuma no seio do CF. O líder leonino começou por recusar o acesso às contas, mas depois acedeu a disponibilizar toda a documentação requerida desde que o CF, no seu todo, assinasse um termo de confidencialidade, algo que nunca sucedeu na história do Sporting”.
Ora esta não é a postura que se espera de um presidente cujo slogan é "O Sporting é Nosso". Não é este o presidente que vai publicar uma auditoria sobre os actos de gestão dos últimos 17 anos de vida do Clube? Como pode pois fazer este tipo de pedidos a quem, como ele, foi eleito para o desempenho de funções associativas? Espero que, muito rapidamente, o CFD coloque os pontos nos iii’s e que estes "malabarismos" deixem de existir num Clube que, mais do que nunca, precisa de órgãos de fiscalização plenamente capacitados e interventores.
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