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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
A recandidatura de Bruno de Carvalho à presidência do Sporting é um pouco como aquela história da pescadinha de rabo na boca: antes de o ser, já o era. Na verdade, nunca chegou a ser grande segredo. Muitos sportinguistas sempre pensaram que, no dia seguinte à vitória eleitoral de 2013, Bruno de Carvalho começou a planear a recandidatura. Para os mais cépticos há a entrevista ao jornal Record, em 27 de Março de 2015, onde o presidente do Sporting anunciou que estava na corrida para um novo mandato. “Vou recandidatar-me”, garantiu.
Bruno de Carvalho possui uma faceta de jogador que o leva sempre a procurar antecipar a jogada do seu antagonista. Há um ano atrás, Bruno de Carvalho passou pelo seu maior aperto como presidente do Sporting. Estava bem presente na memória de todos a tentativa frustrada de demissão de Marco Silva. A conquista da Taça de Portugal e a contratação de Jorge Jesus permitiram-lhe serenar as águas e lançar a época de 2015-16. Serviu-lhe de lição e, por certo, não quer outro aperto assim.
Talvez por isso, Bruno de Carvalho agora pretende apressar a contenda, pois tem visíveis dificuldades na gestão do seu tempo de intervenção pública. Ouvir-pensar-falar-calar-ouvir-pensar-falar não é com ele. Como se isso não bastasse, há ainda os imponderáveis do futebol e de uma situação financeira periclitante. Por isso, aposta nos meios de que dispõe para espalhar a versão dos acontecimentos que lhe interessa, mesmo confundindo a veracidade dos factos à vista. Nisto revela-se um discípulo fervoroso de Sun-Tzu: "As oportunidades multiplicam-se à medida que são agarradas."
Tirando a ironia do recurso à malfadada comunicação social (“Rascord” e “A Burla” na curiosa linguagem dos apaniguados), fica a certeza de que o Clube já está em campanha eleitoral, apesar de se viver um momento crucial pela luta do título de campeão nacional. Precisamente o mesmo Bruno de Carvalho que considerava indispensável que todos os sportinguistas se focassem nas finais que ainda vão decorrer até Maio. Há quem se recorde de Sousa Cintra quando se demitiu em Junho de 1991 para provocar eleições antecipadas.
Agora, não há volta a dar e o Clube entrou em modo campanha eleitoral. Bruno de Carvalho pica os sectores da oposição na tentativa de que saltem os candidatos, pois precisa de citar nomes na praça pública como do pão para a boca. Mas, em quem não se revê na actual direcção, há o receio de que fica pelo caminho quem avançar demasiado cedo. O tempo é de nervos de aço e de cabeça fria. Haverá guerrilha de parte a parte, isso é certo, e Bruno de Carvalho é especialista nessa área. Pelo sim e pelo não, como joga em antecipação, já começou a marcar o território e a elaborar a lista de apoiantes.
Acredito que haverá um candidato na oposição que faça sonhar os sportinguistas, que os entusiasme e os mobilize. Agora já é tarde para recuar. Pode demorar a surgir porque não se trata de lugares e de prebendas no Sporting, mas de um projecto para o Clube. Lugares e prebendas distribuem-se rapidamente, as bases de um projecto demoram mais a construir. Quem chegou aqui já não recua. É tempo dos sportinguistas superarem o seu labirinto de ideias e de memórias. Os dados estão lançados e vamos para um “tempo” que não se repetirá na vida de muitos. Nestas ocasiões, convém recordar quem sabe. Por exemplo, o padre António Vieira: "Quem quer mais do que lhe convém, perde o que quer e o que tem. Quem pode nadar e quer voar, tempo virá em que não voe nem nade." Sinal de confiança !
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