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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Se acham que não estou preocupado com a 'substância' desenganem-se. Há suspeita de irregularidades? Corrupção com árbitros? Presentes 'milionários'? Investigue-se. Até ao fim.
Mas, como os leitores sabem, eu trabalho em comunicação. A minha vida, nos últimos 25 anos, foi passada na televisão. Sei, porque estudei, aquilo que é eficaz junto dos públicos, mesmo que o que é eficaz possa ser boçal ou tido como de mau gosto pela casta mais bem pensante. Ora, Bruno de Carvalho tem um grande futuro como personalidade televisiva ou 'paineleiro' (expressão de que nunca gostei) nestes programas que há anos existem e continuarão a existir na TV portuguesa. Bruno de Carvalho é um Pedro Guerra em potência. Ele já é, aliás, um Pedro Guerra. Note-se que podia ter a sofisticação irónica de Rogério Alves, a verve conhecedora de Rui Oliveira e Costa, a emotividade por vezes truculenta de Eduardo Barroso, mas não. Bruno de Carvalho tem apenas o estilo trauliteiro, sustentado com farta informação, de Pedro Guerra, o homem que Luís Filipe Vieira escolheu para representar o Benfica neste caso na TVI.
O agora presidente do Sporting tem outras características óptimas para um debate deste género: irrita os opositores com sucessivas interrupções e apartes, finge ignorá-los mas toda a gente sabe que os está a ouvir, vitimiza-se, qual virgem ofendida, para ganhar o apreço dos incautos. Sabe replicar com engenho, usa bem a voz, que tem um tom peculiar tal como as expressões faciais. Há o ar de gozo, sorriso ao canto da boca, que ele coloca quando usa aquele argumento que trazia bem estudado! Sou bom! Não acham?! E não tem medo do ridículo, que - como se dizia no anúncio - é coisa que não lhe assiste.
Ora, se políticos que tiveram funções relevantes (ainda hoje temos um ex-primeiro-ministro) passam a vida na TV, porque deveria a mesma televisão sempre necessitada de comunicadores de eleição deixar escapar um talento como Bruno de Carvalho? Claro que no tempo presente talvez haja um pequeno detalhe: BdC é o presidente do Sporting. Tem feito um trabalho no clube que merece mais elogios do que críticas. Se assim é, porque comete estes erros básicos convencido pelos seus 'yes men' de que está a fazer um brilharete? Tinha denúncias para fazer sobre o Benfica, Carrillo ou o Football Leaks? Poderia ter dado uma entrevista. Mas não, Bruno prefere o 'show'. Talvez Freud explique.
Uma crispação desnecessária
A participação do presidente do Sporting, e sobretudo a forma como ela ocorreu, apenas contribuiu para acentuar ainda mais um clima de guerrilha que está instalado no futebol em Portugal. Note-se que não há inocentes, mas se já vamos ter dentro de campo uma Liga tão disputada, o que se pede aos dirigentes, sem excepção, é que fora dela ajam com grande sentido de responsabilidade, sem que tal signifique menor firmeza na defesa dos interesses dos seus clubes. O futebol em Portugal tornou-se numa indústria altamente profissional em muitos aspectos, mas noutros, como nisto dos presentinhos, continua a manter o espírito paroquial de sempre.
NUNO SANTOS, jornalista - mais um nome que surge na já famosa lista da comissão de "vão das escadas" de Bruno de Carvalho. O artigo foi publicado no Record em Outubro de 2015, mais uma prova incontornável que 'ontem' não é 'hoje'. Aliás, nesta última edição da lista, divulgada ontem, salvo erro, verificam-se mais alguns nomes surpreendentes. Vi lá quem conheço pessoalmente, e o seu nome como apoiante do ainda presidente do Sporting deixou-me apenas boquiaberto. Cada vez mais, esta 'comissão' deixa marcas distintas de crebilidade !?!
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