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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
No início e no final de cada época desportiva, Bruno de Carvalho prometeu sempre aos sportinguistas que apenas efectuaria “contratações cirúrgicas”. Com poucas alterações, trata-se de um tipo de discurso que ele utiliza desde 2013 e que, no essencial, corresponde ao que garantiu numa entrevista à TSF, em Abril de 2016: “Vamos manter aquela que é a equipa e os seus valores e faremos unicamente contratações cirúrgicas. Apenas duas ou três e absolutamente cirúrgicas”. Esta época, o presidente do Sporting sublinhou que os futebolistas a contratar terão de possuir talento, combatividade, capacidade de trabalho, capacidade de superação e compromisso com o Clube e os seus objetivos.
O que se passou nas últimas semanas corresponde em absoluto a um padrão antigo e bem conhecido. Para já, em 2017-18, foram contratados André Pinto, Cristiano Piccini, Bruno Fernandes, Mattheus Oliveira, Rodrigo Battaglia, Fábio Coentrão, Marcos Acuña, Jérémy Mathieu e Romain Salin. Na linha dos “empréstimos”, este ano temos Seydou Doumbia. Ao que consta Stefan Ristovski está quase a chegar. No entanto, continua-se a falar de necessidades para posições específicas e ainda de outros nomes.
A conversa sobre as contratações cirúrgicas visa iludir a incapacidade da construção de um plantel coerente, equilibrado e vencedor. Na mesma entrevista à TSF Bruno de Carvalho garantiu que “o Jorge (Jesus) é o cimento que veio agarrar toda esta infraestrutura que está a ser criada, todo este projeto”. Na verdade, não se percebe qual é o projecto e parece que há areia a mais e cimento a menos.
Desde que Bruno de Carvalho foi eleito, para além dos jogadores que contratou esta época, vieram os seguintes futebolistas para a equipa principal do Sporting:
- Época de 2013-14 (dez jogadores): Jefferson, Montero, Welder, Gerson Magrão, Slimani, Vítor Silva, Maurício, Iván Piris, Shikabala e Heldon.
- Época de 2014-15 (dez jogadores): Tanaka, Ryan Gauld, Jonathan Silva, Slavchev, Paulo Oliveira, Oriol Rossel, Nabi Sarr, Ramy Rabia, André Geraldes e Ewerton.
- Época de 2015-16 (Treze jogadores): Zeegelaar, Schelotto, Bruno César, Teo Gutierrez, Paulista, Aquilani, Brian Ruiz, João Pereira, Naldo, Azbe Jug, Barcos, Coates e Ciani.
- Época de 2016-17 (dez jogadores): Spalvis, Bas Dost, André, Elias, Castaignos, Beto, Meli, Alan Ruiz, Petrovic e Douglas.
A realidade é que o plantel não estabilizou. Por exemplo, da equipa que conquistou a Taça de Portugal em 2014-15 restam quatro atletas (Rui Patrício, William Carvalho, Adrien Silva e Gelson Martins). Trata-se de uma estratégia que apenas aumenta “gorduras”, em que as mais-valias são as excepções e que resolve poucos problemas, mas que acrescenta muitos. É uma estratégia que fez subir excessivamente a massa salarial do futebol e que dificulta a aposta em jogadores da formação. Afinal, o contrário do que foi prometido uma e outra vez e ainda outra vez. Há exibicionismo a mais e rigor a menos. Assim, é difícil construir um projecto vencedor e com futuro. Assim, é difícil que se renove a esperança, a confiança.
Nota: Para além dos jogadores que são referidos no texto há mais algumas dezenas que não são citados por, em teoria, se destinarem à equipa B: Hugo Sousa, Salim Cissé, Dramé, Lewis Enouh, Everton Gonçalves, Hadi Sacko, Seejou King, Federico Ruiz, Eduardo Pinheiro, Diogo Nunes, Ricardo Guimarães, David Sualehe, Boubakar Kouyaté, Leonardo Ruiz, Budag Nasyrov, Fidel Escobar, Liam Jordan, Ricardo Almeida, Pedro Delgado, Bilel Aouacheria, Gelson Dala, Ary Papel e Merih Demiral, entre muitos. Por outro lado, Nani, Campbell e Markovic eram jogadores “emprestados” e, por isso, não constam da lista.
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