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«Infelizmente, os erros de arbitragem são, não apenas no nosso campeonato mas também a uma escala verdadeiramente global, matéria sujeita a vários debates. Por inerência ao ajuizamento humano aplicado por percepção, todo o árbitro está semi-protegido à própria avaliação do seu desempenho ao jogo. Como tal, difícil será sempre como provar se de facto agiu com dolo intencional ou não. Salvo existência de provas em concreto.

Como disse, e bem, em Inglaterra existem questões contratuais que inibem os árbitros de tecerem considerações acerca dos lances por si ajuizados, ao contrário do que acontece na «Bundesliga» ou na «MLS». Nestes campeonatos, a exemplo de outros, todos os intervenientes ao jogo promovem o debate pós-partida, onde o próprio árbitro intervém e esclarece as posições por si tomadas no decorrer do jogo. Parece-me ser esta a posição que falta assumir no futebol português.

É um facto que em Portugal existe um problema enraizado na própria cultura que se prende com a dificuldade comunicacional. O excesso de burocratização, anos de regime político inibidores de liberdade, são fantasmas que nos limitam imenso na abordagem, nomeadamente, a pessoas e instituições, sem o espectro de barreiras ou desconfiança. Como tal,é necessário que todos os intervenientes desportivos directos ao jogo – Técnicos, Jogadores, Árbitros e Fiscais – criem urgentemente uma aproximação entre si, sem complexos nem barreiras, promovendo assim a dignificação da profissionalização. É importante o árbitro preparar-se para o jogo, não apenas fisicamente, mas também conhecendo mais e melhor os jogadores, colocando-se mesmo este em posição de regulador de uma partida e não apenas como um juiz.

Que benefício induz na clarificação do futebol português a espera por um relatório que vise a actuação do árbitro enquanto se remete este a uma barreira de silêncio? Um silêncio que gera desconfiança, que fomenta a intriga, que desgasta inclusivamente os adeptos. Faz-se assim da figura do árbitro como um paquete de encomendas a soldo de algo ou alguém, criando a ilusão que os interesses alheios se sobrepõem ao código deontológico.

O Sistema que impera no futebol português teve a sua origem, acima de tudo, num vazio profissionalizante, em que qualquer indivíduo afecto aos seus interesses tinha acesso a uma posição de controlo. A pobreza de espírito e não só, o amadorismo, o desconhecido, são os maiores amigos do mal do futebol nacional. Defendo que um árbitro tem de viver única e exclusivamente da arbitragem e para a arbitragem, para ser um profissional bem sucedido, e não um corpo estranho a toda uma indústria e responsabilidades a esta inerentes.

Lembro-me de LuigiPier Collina. De facto, o melhor árbitro que alguma vez vi a actuar. Preparava-se extremamente bem antes de cada jogo e revelava, inclusivamente, conhecimento táctico acerca das equipas e jogadores, para além de um rápido e eficaz posicionamento no relvado, fruto naturalmente da condição física de um atleta que também ele se considerava».

 

Mais um excelente texto do nosso leitor Drake Wilson que, não tenho dúvida alguma, será do interesse de todos.

 

publicado às 04:08

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2 comentários

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De antonio a 08.04.2016 às 10:33

Sem dúvida uma excelente análise. Penso que tocou no cerne da questao quando falou de dificuldade comunicacional em Portugal.
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De Leão Zargo a 08.04.2016 às 13:12

Drake Wilson,
é muito pertinente a reflexão que nos propõe. De facto, há uma visão tradicionalista sobre o futebol que dificulta a sua adequação práticas sociais comuns, como a livre participação crítica e pública de todos os seus protagonistas.

Ainda há relativamente poucos anos um jogo de futebol era essencialmente pertença de alguns milhares de espectadores que se deslocavam ao Estádio. Hoje, através da televisão, muitos milhões de pessoas em todo o mundo tiveram acesso ao que se passou no campo e debateram as peripécias do jogo. As redes sociais e os jornais ampliam o que se passou, que pela sua especificidade é passível de debates acalorados e contraditórios.

Também me parece contraproducente que numa sociedade democrática como é a nossa se pretenda restringir a livre participação de todos os actores num jogo. Assim, tal como se verifica no nosso país, há “um silêncio que gera desconfiança, que fomenta a intriga”. Um silêncio que gera um ruído tremendo, pois claro!

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