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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Um jogo de enganos
Em 31 de Março de 1974 disputou-se um Sporting – Benfica que é irrepetível. Alguns minutos antes do apito inicial do árbitro, Marcello Caetano, o Presidente do Conselho de Ministros, dirigiu-se à tribuna presidencial do Estádio de Alvalade acompanhado por João Rocha e Borges Coutinho, presidentes do Sporting e do Benfica, e Veiga Simão, Ministro da Educação Nacional. A multidão, calculada em 60 000 espectadores, tributou-lhe uma enorme ovação.
O antigo primeiro-ministro considerou que a ida a Alvalade era um teste político. Poucos dias antes, em 16 de Março, tinha-se verificado a sublevação do Regimento de Infantaria 5, nas Caldas da Rainha, e a marcha militar sobre Lisboa que obrigou Marcello a refugiar-se num quartel militar em Monsanto. No seu livro “Depoimento”, publicado em 1974, ele refere que ficou descansado pelo ambiente no Estádio, para além de que “as informações que chegavam ao governo também garantiam sossego geral e apoio ao regime”.
Afinal, saber-se-ia depois, tratou-se de um jogo de enganos. O Sporting mesmo tendo perdido por 5-3, conquistou o título de campeão, e a vitória do Benfica não foi decisiva nas contas finais. Para além de se ter falado durante a semana de um árbitro estrangeiro que afinal não houve. E Marcello Caetano, apesar de se ter convencido de que não corria o perigo de um golpe militar, menos de um mês depois estava confrontado com a Revolução do 25 de Abril. Um jogo de enganos!
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