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Os primeiros jogos oficiais do Sporting saldaram-se por duas vitórias e um empate e mostraram uma equipa sólida defensivamente mas com grandes problemas em criar oportunidades de golo – e em concretizar as poucas que tem criado. Seguramente que Jorge Jesus já identificou o que tem de mudar. Ou seja, Seydou Doumbia e Bruno Fernandes, nesta altura da época, têm de estar no onze inicial. De outra forma, arriscamo-nos a ter dissabores, porque os jogos não se ganham só com boas defesas – exigem também que se marquem alguns golos. Até agora sofremos zero golos e marcámos três, à média de um por jogo. Um campeão só o é com uma defesa de betão e a marcar, por jogo, uma média de 2,5 a 3 golos.

 

Contra o Desportivo das Aves fora fizemos um jogo enfadonho, mas seguro. O Aves não teve nenhuma oportunidade, quase não passou do seu meio-campo e quando o 0-1 se ameaçava arrastar até ao final, deixando sempre a dúvida se num lance fortuito não poderia surgir o empate, um mau alívio da defesa avense colocou a bola em Gelson Martins que não perdoou. Uma vitória justíssima, sem discussão, mas sem brilho.

 

Seguiu-se o jogo com o Setúbal e mais uma vez se constatou a solidez defensiva da equipa. O Setúbal não criou nenhuma oportunidade e passou sempre a ideia que a sua única ambição era sair de Alvalade com um ponto. Bruno Paixão, que já tinha perdoado um empate aos sadinos por uma falta na sua área sobre Coates, teve a coragem de assinalar um penálti indiscutível aos 87 minutos, que Bas Dost converteu. Ganhámos justamente por 1-0 mas ficou claramente a ideia de que estamos a ter enormes dificuldades em criar oportunidades de golo e, mais ainda em concretizá-las.

 

O jogo com o Steaua de Bucareste era um teste de maior exigência, mas mesmo assim desta vez, pensávamos nós, os deuses do futebol estavam connosco, tendo afastado da nossa frente, por uma incrível conjugação astral, as equipas mais fortes no play-off da Champions. Pois o jogo de terça à noite em Alvalade provou que temos um osso muito duro para roer se queremos entrar mesmo na Champions. E sim, como disse Jesus, é bom não ter sofrido golos. Mas é péssimo não os termos marcado. Sim, lá podemos marcar um. Mas se eles marcam dois, a jogar perante o seu público, que lhes dará um apoio fanático?

 

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O que este último jogo confirmou foi que:

 

1) Piccini não é defesa direito para o Sporting. Esperemos que o Stefan Ristovski seja bem melhor. Mas já agora, não haverá na equipa B ninguém melhorzinho para o lugar do que o Piccini?! É que o Piccini, valha-nos Deus!;

 

2) o centro da defesa parece estar a tornar-se de betão e Mathieu é um grande, um enorme reforço. Corta, desarma, não inventa, vai à frente, puxa pela equipa e tenta mesmo o remate. Dou a mão à palmatória de novo: Mathieu é um excelente reforço;

 

3) do lado esquerdo, não se percebeu a aposta em Coentrão para o jogo com o Steaua. Se não estava em condições nem tinha sido convocado como é que aparece a jogar? E o certo é que mostrou que não estava em condições: não houve piques, centros de jeito, remates e foi pelo seu lado que os romenos podiam ter chegado ao golo numa bola que saiu juntinho ao poste direito de Patrício. Neste momento, Jonathan Silva está melhor que Coentrão e dá mais garantias;

 

4) no meio-campo, enquanto não sabemos se William fica ou não, sabemos seguramente que Adrien não está em forma ou então está com a cabeça noutro lugar. Longe da exuberância e da assertividade que já mostrou em épocas anteriores, Adrien está, neste momento, claramente abaixo da forma de Bruno Fernandes, que tenta mais e melhor o golo e que faz passes bem mais perigosos.

 

5) Finalmente, no ataque, eu gosto muito de Podence, mas até agora a sua eficácia em matéria de golos foi nula. Com Doumbia em campo, a defesa da equipa adversária está sempre mais em causa.

 

Por tudo isto, e por o Sporting estar num ciclo de jogos importantes (e o da Champions é decisivo) espero eu e todos os sportinguistas que Jesus não invente contra o Guimarães nem contra o Steaua em Bucareste. A equipa inicial tem de ser esta: Patrício; Piccini (que remédio…), Coates, Mathieu e Jonathan; Battaglia, Bruno Fernandes, Acuña e Gelson; Doumbia e Bas Dost. É o melhor onze que temos neste momento, o mais perigoso, o que pode causar mais estragos ao adversário, o que marcará golos sem qualquer dúvida. De outra forma, arriscamo-nos a começar a perder pontos em Guimarães e a dizer adeus à Champions mais uma vez. Bom, e se o William não for vendido, claro que entra de caras para o lugar de Battaglia e a música passa logo a ser outra.

 

Vamos repetir todos juntos para Jorge Jesus ouvir: sem Bruno Fernandes nem Doumbia não vamos lá!

 

 

Nicolau Santos, jornal Expresso

 

publicado às 12:30

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37 comentários

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De Sérgio Palhas a 17.08.2017 às 08:13

Desta vez tenho de concordar em quase tudo com o Nicolau apenas acho excessivo as considerações ao Piccini esta mania de mandar os jogadores para a fogueira ao fim de 2/3 jogos tem de acabar não nos traz nada de bom nem aos adeptos nem ao clube nem aos jogadores em causa..
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De Schmeichel a 17.08.2017 às 08:46

A questão Piccini revolta os adeptos porque todas as épocas JJ falha nesta posição.... não se entende a gestão desta posição pelo JJ.

O Piccini sofre a pressão das muitos outros falhanços do passado.... mas uma coisa é certa... ele é fraco.... nós precisamos de um lateral de propensão ofensiva e que saiba combinar com o Gelson.... coisa que ele não o é! Estranho como esta contratação não foi feita à pressa, e mesmo assim foi um falhanço evidente.
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De Sérgio Palhas a 17.08.2017 às 08:58

Schemeichel não partilho da mesma opinião acerca do jogador.

O Mathieu até a bem pouco tempo era lento velho e acabado ... hoje já "quase todos" dizem que è a melhor contratação.

Isto de ser rápido no juízo tem muito que se lhe diga.
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De Schmeichel a 17.08.2017 às 10:40

Eu nunca critiquei a contratação do Mathieu.... aliás quem vem de um clube como o Barcelona, tem de ter qualidade.

O Piccini é um caso diferente... que resulta essencialmente de uma má gestão de activos por parte do JJ.... Cédric foi vendido.... contratámos o João Pereira.... depois veio o Schellotto.... pelo meio andava também o Esgaio.... renovámos com o Schellotto.... agora o Schellotto já não presta..... perante tudo isto eu pensei que íamos contratar um lateral de valor inquestionável.... não me parece ser o caso!
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De Gon_Flip a 17.08.2017 às 12:37

Já não consigo dizer se foi com o Sérgio a discussão, mas no princípio da época passada lembro-me de ter entrado aqui numa conversa quase igual a esta. Dizia eu que os nossos laterais eram claramente mais fracos que os dos rivais e a resposta era: "eh pa dêem tempo aos rapazes, vocês vão na conversa da comunicação social que dizem que os outros são sempre melhores". Para mim e para outros era óbvio que semedo/grimaldo e maxi/teles eram não apenas melhores, mas MUITO melhores que zeegelar/schelotto. Os resultados da época são conhecidos por todos (claro que não foi só por aí, mas também foi). Se agora do lado esquerdo estamos melhores - apesar das muitas dúvidas sobre a regularidade de Coentrão - do lado direito estamos, no mínimo, iguais (se não pior). É evidente que Piccini não é jogador de equipa grande, como aliás nunca foi na sua carreira. Fingir que não há problema não resolve nada e, pior que isso, impede que se arranje solução em tempo útil. Jesus faz isto ano após ano após ano, não merece crédito nenhum da nossa parte, os erros em escolha de jogadores para as laterais já são às dezenas. É um absurdo completo e não há motivo nenhum que sustente qualquer tipo de optimismo relativamente a este assunto.
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De juliuscoelho a 17.08.2017 às 12:32

Na minha opiniao a razao de falha redonda em alguns jogadores tipo Piccini vem da forma como Jorge Jesus os analisa e do seu convencimento que fará deles grandes jogadores.
Essa sua exageradíssima forma de confiança no que pode fazer tem sido a nossa ruína e tambem a dele na questao de resultados.
Ele acredita que se quiser fará
de Bas Dost um bom central e de Coates um bom 9.
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De antonio a 17.08.2017 às 09:13

A minha opiniao encarnada vale o que vale, como sabe. Quero dizer-lhe que concordo consigo quanto ao apoio aos jogadores. Como já o disse antes, a época é longa, as rotinas vao sendo criadas, os jogadores vao-se conhecendo. É um processo.

O Sporting nao está a jogar muito bem neste momento e, para mim, nao tem a ver apenas com o jogador A e B, como refere o autor. Nao é qualquer jogador que entra e se sente como peixe na água.
Para mim é uma questao de pressao à volta do grupo, criada por dois egos - o do presidente e o do treinador - para além de alguma fadiga mental de jogadores chave como William e Adrien. Está à vista que querem sair. Provavelmente até lhes foi prometida uma transferencia neste defeso.

Apesar de nao estar a jogar bem, o Sporting parece muito mais sólido na defesa do que no ano passado. Isso é uma boa base para o resto da época.
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De juliuscoelho a 17.08.2017 às 12:20

Mesmo sendo rival apreciei o seu comentario correcto .
À de facto pressao excessiva na equipa criada internamente.
Prometeram é seguro a William e Adrian a sua saida. Quanto à pressao so varias vitorias seguidas à poderao aliviar.
Nas saidas de Adrian e William têm que chegar propostas na base do que foi acordado .William tem jogado bem ao contrario de Adrian que parece mais distante mas tambem à sua tarefa nao é so fisica é tambem muito tecnica na capacidade de criar e á sua volta é tudo novo tirando o Gelson.
Os problemas da equipa nao se limitam nessas 2 questoes, os laterais tambem ainda nao estao a funcionar e a responder principalmente na manobra ofensiva.
Mas sao todas elas questoes que podem ser ultrapassadas numa ső semana com 1 vitoria importante e incontestável.


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De antonio a 17.08.2017 às 13:26

Sim também acho que nao sao apenas esses dois motivos, mas para mim sao claramente os mais influentes neste momento.
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De Rui Gomes a 17.08.2017 às 12:43

Sérgio,

Vamos por partes: A dúvida desde sempre sobre Mathieu centrava-se na sua idade e não no seu talento, lembrando também que chegou numa altura em que dispensaram Paulo Oliveira, ainda jovem.

O caso de Piccini é diferente. Nota-se a olho nu que simplesmente não tem o que é necessário. Muito esforçado mas limitadíssimo tecnicamente. Acho que até os próprios colegas até já hesitam em dar-lhe a bola no último terço do terreno.

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