Quantos mais dias Bruno de Carvalho e Jorge Jesus se mantiverem no Sporting mais provas vão dar da sua incapacidade para o exercício das respectivas funções, mas custa ver que o universo sportinguista precisa de que lhe cravem a realidade nos olhos antes de tomar providências. Apesar de ter atravessado um período de 18 anos sem ser campeão e de estar a atravessar outro que, pelo andar da carruagem, se adivinha ainda maior, nunca nada me trouxe a um ponto de indignação e vergonha como a tolerância dos sócios e adeptos com aquelas duas personagens. Como é possível que Jorge Jesus não tenha visto até hoje um único lenço branco? Esquecer-nos-emos de que Bruno de Carvalho gastou uma fortuna para lhe dar os jogadores que ele pediu, enquanto, por exemplo, Sérgio Conceição teve de se contentar com reforços resgatados à má fortuna? Quem vê o Sporting e o FC Porto jogar dirá o contrário. Eu confesso: ontem já não vi. Pela primeira vez, a televisão ficou desligada. Tinha dito aos meus amigos o que iria acontecer, e aconteceu. Pelo que li, pelo que me contaram, aconteceu. Era óbvio. Como óbvio é que Bruno de Carvalho não pode continuar mais tempo à frente do clube. Um e outro são hoje ervas daninhas no nosso jardim verde, há que cortá-las pela raiz. A Bruno de Carvalho reconheça-se com gratidão o enorme mérito de ter recuperado financeira e animicamente a instituição e explique-se que cavou a sua própria sepultura ao deixar-se resvalar para um padrão de comportamento a todos os títulos – tirando o nacional, que nunca nos deu – inadmissível. A Jorge Jesus dê-se apenas um pontapé no cu. Para bem longe.