Greve à Taça da Liga é a arbitragem a desconversar depois do Aves-Benfica.
Vamos lá tentar descrever a situação com o máximo de objetividade. O Benfica está a ser investigado por suspeitas de ter condicionado a arbitragem durante, pelo menos, algumas épocas. Anteontem, vinha de sete pontos perdidos em três jogos disputados para a Liga fora do Estádio da Luz que davam uma importância transcendental à visita à Vila das Aves.
Nesta circunstância, o Conselho de Arbitragem entendeu que era sensato nomear Nuno Almeida, um dos oito árbitros (bem ou mal) mencionados nos emails que espoletaram a investigação ao Benfica. A partir desse momento, passava a ser, vá lá, provável que qualquer falha na arbitragem fosse entendida da pior maneira e tratada pior ainda. Para cúmulo, as comunicações com o video-árbitro caíram a quase meia hora do final do jogo, período durante o qual foi marcado um penálti, a favor do Benfica, em circunstâncias tão duvidosas quanto isto: os cinco ex-árbitros que analisam os lances para O JOGO, Record e A Bola entendem todos que ficou por marcar uma falta anterior a favor do Aves.
A sério que esta é a situação indicada para um Apocalipse de indignação dos árbitros contra os críticos, ao ponto de anunciarem uma greve à Taça da Liga? Por ser um momento em que a arbitragem está cheia de razão? Os comentadores são mais culpados no caso que descrevi do que a arbitragem? Neste fim de semana, quais são os exemplos de comentários fora do habitual? Lamento não ter queda para sonso, mas a greve só pode ser entendida como aquilo que é: uma péssima manobra de diversão para moderar o impacto do Aves-Benfica e a deserção bizarra do video-árbitro, ainda por cima com a intenção descarada (e desnecessária) de prejudicar especificamente a Liga.
No tão famoso "clima de ódio" que nos assola, onde encaixa esta guerra surda, e cada vez mais grave, entre a FPF e a irmã mais nova que gere o futebol profissional? São pancadas de amor?
Nota: FPF, Conselho de Arbitragem e APAF não percebem mesmo que, aos olhos dos adeptos, estão a escolher uma facção? E isso ajuda-os em quê?
José Manuel Ribeiro, jornal O Jogo