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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Não sei porquê mas hoje acordei a pensar no meu pai e no seu sportinguismo. Acho que terá sido pelo nervosismo de ontem do meu filho mais velho em saber se conseguimos bilhetes para a final da Taça. Já combinei com ele que vamos mas, caso ganhemos como se espera, saímos logo que os protagonistas da festa deixarem de ser os jogadores.
O meu pai foi até ao fim um grande leão e pouco tempo antes de morrer, vítima de uma daquelas doenças más, como se não tivesse outras preocupações, ainda se “chateou” com uma derrota nossa em andebol contra o Porto. Uma última grande alegria desportiva que partilhámos “in loco” juntos foi a qualificação em Manchester contra o City - apesar da idade, no fim do jogo ele parecia um miúdo feliz !
O meu pai não escondia o orgulho por ser de um clube “diferente”, com uma tradição de desportivismo que não se encontra nos rivais. Era uma forma de estar representada por pessoas como o Prof Moniz Pereira que infelizmente é cada vez mais rara e que o Sporting de hoje pouco cultiva e que alguns apelidam de “tótós”. A falta de educação e de nível, a arrogância, a tendência para a mentira / ironia reles, a batota, isso era coisa dos outros, nunca nossa.
Desiludido com os resultados do período do “Roquetismo”, amargurou-o a nossa deriva “populista”, mas acreditava ser uma crise passageira e causada pelo passado recente cheio de erros.
Não gostava que eu escrevesse aqui no Camarote Leonino, mesmo concordando com a maioria do que eu escrevia, por me poder distrair do essencial na minha vida e também por saber que eu não poderia assinar com o meu nome.
Mas pai, escrever aqui tem vantagens e uma delas foi poder escrever este post que me ajudou a matar saudades. É também por aqui que tento que o Sporting que o pai conheceu em criança quando fugia de casa para ver os jogos no Estádio acabado de inaugurar, possa um dia voltar ou, pelo menos, não saia do meu coração.
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