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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Só os mais distraídos é que podem ter ficado surpreendidos com os resultados de ontem dos jogos da Taça de Portugal entre equipas do Campeonato de Portugal (antiga 3.ª divisão) e as equipas da I Liga. Para além das derrotas de Nacional e Paços de Ferreira, de destacar ainda as dificuldades que o Tondela teve para ganhar o seu jogo. Só o V. Setúbal e o Sporting venceram os seus jogos mais tranquilamente.
O que se passa é que a I Liga está cada vez menos competitiva. Equipas que eram fortes, como o Paços ou o Nacional, estão bem mais fracas, como aliás vimos nos jogos miseráveis que fizeram esta época contra o Sporting. Basta isto para explicar o passeio que o Benfica tem feito nas cerca das ultimas 30 jornadas do Campeonato (já cansa a conversa da mala, como se isso justificasse por exemplo a goleada que o Benfica deu sábado ao Marítimo, mais uma equipa mesmo muito banal hoje em dia) e até em certa medida do próprio Sporting, embora algumas distracções e falhas de humildade nos tenham causado a perda de pontos cruciais.
Existem explicações de diversa ordem para esta quebra na competitividade das equipas da I Liga, nomeadamente a crise financeira que afastou apoios públicos, investidores e patrocinadores e provocou a necessidade de contenção de custos.
Outra explicação, que estranhamente poucos referem tem a ver com o amadorismo dos dirigentes, que não conseguiram dar o salto qualitativo que, a exemplo, verifica-se ao nível da preparação física das equipas, das condições para o treino e até nos departamentos médicos (aqui com destaque para o nosso e digo isto com algum conhecimento de causa). Se é possível ser presidente do Sporting quem pouco ou nada provou sobre gestão e muito menos sobre gestão desportiva, imagine-se o que se passa nos outros clubes. Depois ainda ficamos surpreendidos com casos como o do "túnel da vergonha" que ajudam a que os patrocinadores pensem duas vezes antes de investir neste desporto.
Aqui o contra-ponto e o exemplo a seguir é a Federação Portuguesa de Futebol onde se nota um muito maior profissionalismo e competência que tanto contribuiu para a vitória do Euro. E parem lá com a conversa da selecção do Jorge Mendes pois isso é de uma injustiça enorme para o Fernando Santos que não tem que provar a ninguém que é um homem bom e independente.
Até a própria arbitragem já não tem nada a ver com o que era, embora haja aqui ainda grande margem para melhoria, mas são por exemplo cada vez mais os árbitros que apitam "à inglesa", que querem deixar jogar e contribuir para o espectáculo.
Os treinadores também mostram maior formação e preparação, mas infelizmente a “obsessão pelo pontinho” continua a trazer espectáculos muito pobres aos nossos Estádios, contribuindo para assistências ridículas em quase todos os jogos que não envolvam os grandes (aqui um elogio aos adeptos do V. Guimarães que continuam a dar espectáculo nos jogos que a sua equipa tem feito fora). A culpa é aqui também dos dirigentes que não têm cultura desportiva e que só querem "safar a sua pele" no curto prazo.
Acredito que uma eventual centralização dos direitos televisivos terá aqui um papel importante para aumentar esta competitividade da I Liga e só tenho pena que não seja o Sporting a liderar esta batalha e, pelo contrário, a darmos nas vistas no que o desporto tem de pior como vimos a semana passada.
Sem dúvida que uma das grandes vantagens do Real Madrid em relação ao Sporting é ter todos os fins-de-semana jogos bem exigentes, ao contrário de nós e isso faz muita diferença que espero amanhã consigamos disfarçar. Não digo que possamos rivalizar aqui com Espanha mas que existe uma grande margem de melhoria não tenho dúvidas e que deve começar pela renovação a nível dos dirigentes, se possível com a entrada de cada vez mais pessoas com passado no desporto.
P.S.: Depois de vaticinar que o Slimani iria esta época marcar 50 golos na Premier League e comparar André com Liedson, agora Jesus comparou Gelson a Figo. Eu aconselhava-o alguma prudência (obrigado Jesus pela ajuda que nos dás numa altura em que negociamos a renovação de contrato do Gelson) e só tenho pena que não haja ninguém que o cale. É o que dá termos um presidente completamente refém dum treinador.
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