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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Quantos mais como ele?
Em Dezembro, depois ter recebido mais uma Bola de Ouro, Cristiano Ronaldo confessou que não seria fácil superar o ano de 2016. "Vou tentar", limitou-se a dizer. Passados cinco meses, o mínimo que se pode dizer é que tem cumprido a promessa.
Os feitos do ano passado permanecem difíceis de suplantar. Mas, à medida que a época avança para a sua fase decisiva e o Real vai ganhando posição para novas conquistas - algumas inéditas em Madrid há mais de meio século, como uma vitória simultânea na Liga dos Campeões e na liga espanhola -, já só os mais ressentidos críticos recusam ao português o estatuto de melhor jogador do ano até ao momento.
Os adjetivos para Ronaldo escasseavam há muito. Agora, vão-se sumindo os verbos e os substantivos também. O capitão da seleção está de facto melhor com a idade, ao contrário (por exemplo) de Messi. Vai-se readaptando taticamente e, se conseguir continuar a combater as lesões como até aqui, pode ter uma longevidade singular.
Essa longevidade, insisto, constituirá a sua suprema arma. Poderá pô-lo no topo da história. E, nesse caso, não deixará de ser do domínio do sobrenatural que tenha sido acumulada precisamente na era em que o futebol é mais forte, mais rápido e até mais agressivo.
Em que outras áreas tivemos um compatriota a este nível ?... Isto é: um dos melhores de sempre - e ameaçando tornar-se mesmo o melhor em absoluto - numa actividade verdadeiramente global ? Nem na cultura, parece-me, nem com certeza na ciência. Nem na política. Nem na arte da guerra.
Nas navegações, talvez. No clero, eventualmente. No atletismo, durante algum tempo. Mas, de certeza absoluta, apenas no futebol, e há agora mais de uma década: um pobre rapaz da ilha que fez vergar o mundo.
Ficcionada, a epopeia não seria mais épica.
Artigo da autoria de Joel Neto, jornal O Jogo
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