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O grande equívoco de Slimani

Rui Gomes, em 03.05.22

img_192x192$2015_10_12_15_23_37_1005745_im_6366770Islam Slimani viveu no Sporting a sua época de ouro, a de 2015/16, com três dezenas de golos. Seguiu para o Leicester, jogou emprestado na Turquia e no Mónaco, abandonou o Lyon sem deixar saudades – apenas quatro (!) remates certeiros nas 30 partidas em que participou – e regressou a Lisboa, julgava-se, para relançar a carreira no único clube em que foi feliz desde que partiu da Argélia natal, no Verão de 2013.

Seis anos depois, a imagem que dele ficara em Alvalade resistira à erosão do tempo. O seu estilo generoso e batalhador, uma espécie de Paulinho mas mais eficaz na cara do golo, permanecia na memória dos sportinguistas e a sua volta a casa foi saudada com grande entusiasmo. E Slimani correspondeu com golos: quatro em 15 dias.

Quando o Sporting parecia ter finalmente reforçado o seu ataque – em que a quebra de rendimento de Pote era contrariedade inesperada – eis que Slimani entendeu talvez que a sua popularidade junto dos adeptos e o filme do reencontro com Paulinho, o roupeiro emblemático do leão, bastariam para fazer dele a referência de tempos idos, com lugar garantido na equipa. Não percebeu que o Sporting mudara e esticou a corda. Permitiu que o entusiasmo da chegada se esfumasse e que a vontade de trabalhar no limite – que está na origem da ‘nova vida’ do futebol dos leões – fosse coisa boa para novatos e não para um veterano da guerra, à beira dos 34 anos.

Rúben Amorim, pese a relativa inexperiência (?), sabe há muito que sem pulso forte não há grupo de trabalho que consiga cumprir objectivos. E é para isso que lhe pagam. Daí que tenha sido implacável e feito o que lhe competia, seguramente numa conversa que não foi a primeira sobre o tema: informou Slimani que tem que ir viver do nome para outro lado porque no Sporting a oportunidade perdeu-se e o seu tempo esgotou-se. Com todo o respeito pelo avançado argelino, só se pode aplaudir a decisão do treinador, que diz, aliás, muito sobre a sua capacidade de liderança. E como Portugal, da política às empresas, está carente de pessoas como ele!...

Artigo da autoria de Alexandre Pais, em Record

publicado às 03:04

A noite da despedida inesquecível

Rui Gomes, em 21.02.22

img_192x192$2015_10_12_15_23_37_1005745_im_6366770Nos últimos dez anos, tenho ido pouco ao futebol. Por um lado, o grande conforto de assistir aos jogos em nossa casa, com todas as possibilidades que a técnica hoje nos proporciona, e por outro o bando de anormais que nos podem calhar na bancada fazem com que me mantenha afastado de um dos meus locais preferidos de sempre. Foi uma longa jornada essa, que começou com um tio, no antigo ‘estádio’ do Campo Grande, onde jogava o Benfica no início da década de 50, e continuou com o meu pai, que me arrastava para as Salésias, não fosse o rapaz ‘perder-se’. Prosseguiu ao correr da vida, mais no Restelo do que em Alvalade, acompanhando as filhas, infelizmente só a mais velha adepta firme do Belenenses, e terminou por dever de profissão, quando fosse necessário primeiro, ou me apetecesse mal passei a decisor único da agenda do dia.

Na terça-feira passada, a minha filha mais nova decidiu ir com o seu grupo ver o Sporting defrontar o Man City, e um amigo meu, que tem um camarote em Alvalade, convidou-me a acompanhá-lo. Participei, assim, numa noite bem revivalista, com um intenso ‘cheiro’ a Champions e recheada de motivos de interesse para além de ver os ‘meninos do Rúben’: a presença de uma das actuais melhores equipas do Mundo, um público entusiasta, um estádio outra vez cheio, a vida pré-pandemia a regressar.

Só me arrependi um pouco quando os homens do Man City tinham a posse da bola e os fanáticos se punham a assobiar, muito, é certo, por causa de três adversários portugueses que renovaram, antes da partida e até bastante a despropósito, o benfiquismo que se lhes reconhece. Felizmente que essa animosidade foi baixando muito à medida que o marcador ia traçando o destino, embora mande a verdade que se refira a tremenda infelicidade do Sporting pela forma como sofreu os golos iniciais, que deitaram tudo abaixo.

Até porque tendo os ingleses um outro ‘andamento’, podem ser travados, como se viu no sábado, derrotados em casa pelo Tottenham, carregadinho de estrelas. Como já lá tinham poucas, a Juventus mandou-lhes o Bentancur e o Kulusevski... Tivesse Rúben Amorim mais meios e logo veríamos.

Sim... o fanatismo irrita-me muito. Só vou a Fátima, por exemplo, quando o santuário, semidesértico, me permite disfrutar do silêncio e procurar o sinal que ainda não encontrei. Deixei igualmente de ter partido político, percebi cedo que não gostam que se pense pela própria cabeça. E só permaneço fiel ao ‘Belém’ porque clube não é algo que se abandone – morrerei, assim, a amar o emblema azul seja qual for o escalão em que o futebol do Restelo estiver.

E sublinho isto porquê?... Simplesmente para acrescentar, sem que algumas almas se ponham a querer inventar, que os dez (!) minutos de cânticos e aplausos com que os sportinguistas se despediram em uníssono, de pé, de uma equipa que acabara de ser goleada, constituíram um dos mais belos momentos que tive o privilégio de presenciar – desde sempre e até em qualquer campo de futebol. Extraordinário clube, extraordinários adeptos. Chapeau!

Artigo da autoria de Alexandre Pais, em Record

publicado às 17:30

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De certo modo complementando o primeiro post do dia, transcrevo um excerto da crónica de Alexandre Pais, no jornal Record, onde ele acentua, precisamente, o trabalho de Rúben Amorim.

"Rúben Amorim, o homem que está a demonstrar que mais do que os milhões é o espírito de grupo e de entreajuda que constrói as grandes equipas e não teme que o copiem. Em cada comunicação expõe, com admirável simplicidade, os ‘segredos’ do sucesso. E no final do recém-dérbi não podia ter sido mais claro quanto às ideias que transmite aos seus jogadores: máximo empenho, máxima personalidade, máximo rigor no trabalho. Depois, é perceberem o jogo, serem consistentes e competirem para tentar ganhar. Essa é a obrigação dos profissionais, mas compreender que eles são pessoas e não máquinas, faz com que Amorim lhes dê uma última indicação: divirtam-se também!".

publicado às 04:02

img_192x192$2015_10_12_15_23_37_1005745_im_6366770Há poucos meses, quando o Sporting se sagrou campeão nacional, os seus adeptos reagiam mal ao que consideravam ser as ‘desculpas’ dos adversários para o êxito leonino. Em boa parte, tinham razão, mas vê-se agora que não tinham toda a razão. De facto, uma coisa é jogar ao fim de semana, outra é entrar em campo a cada três dias. Uma coisa é investir muitos milhões em jogadores já feitos, outra é fazer ‘crescer’ apressadamente activos da Academia. Uma coisa é contratar profissionais com experiência e currículo internacional, outra é tentar convencer os ‘miúdos’ que, tendo também uma cabeça e duas pernas, é possível baterem-se de igual para igual com gente carregada de tarimba europeia.

Num plantel curto e ainda ‘imberbe’ não espanta que a falta de Coates e Pote se tenha feito sentir tanto, o que levou já os entusiásticos veneradores de Rúben Amorim – que fizeram o mesmo com Bruno Lage quando lhe começaram a faltar os resultados depois de ter sido campeão – a questionarem as suas opções. Caso das cedências de Eduardo Quaresma ou Sporar, como se a SAD nadasse em dinheiro e pudesse ficar com todos. Ou um treinador exigente e ponderado se tivesse transformado num irresponsável só por causa de um desaire europeu!

Rúben Amorim falou, e muito bem, das ‘dores de crescimento’ e nisso reside o cerne do problema. Não se cresce sem sofrimento. Ou os sportinguistas se convencem que poderão não ser campeões de novo este ano e se conformam com isso, dando tempo ao treinador para continuar a construir uma equipa sólida – a resposta no Estoril após o ‘desastre’ foi excelente – ou se juntam às críticas dos arrivistas, põem em causa o trabalho feito e tudo voltará ao princípio. Não existe terceira alternativa e é péssima, horrível, a recordação que os anteriores ventos de destruição deixaram em Alvalade.

Artigo da autoria de Alexandre Pais, em Record

publicado às 02:18

Outra vez Segunda-Feira

Rui Gomes, em 26.04.21

img_192x192$2015_10_12_15_23_37_1005745_im_6366770... Podemos dizer o que quisermos, o que é e o que não é. Que o Porro não recuperou a forma que o levou à selecção espanhola, que o João Mário joga devagar ou que o João Palhinha não tem, na fase de construção, a qualidade que demonstra quando é preciso defender. Certo é que a equipa leonina está um bloco – estratégica, física e mentalmente. Só um grupo muito solidário, que sabe o que faz e que mete a pressão no bolso, consegue equilibrar primeiro uma partida em que praticamente começou com dez e criar depois a oportunidade de desferir o golpe fatal. Talvez aconteça, mas não estou a ver como poderá o FC Porto vir a ultrapassar este Sporting. Ah, e já agora: também não estou a ver o Artur Soares Dias a expulsar o Pepe aos 18 minutos...

Excerto da crónica de Alexandre Pais em Record

publicado às 14:00

img_192x192$2015_10_12_15_23_37_1005745_im_6366770Ao cair do pano, a pressão era muita e o remate de difícil execução, sem hipótese de preparação e de ângulo reduzido – na sequência de um portentoso passe longo do jovem Nuno Mendes. Mas Cristiano Ronaldo esteve ao seu usual nível, enviou a bola para a baliza e fê-la ultrapassar claramente a linha final, logrando aquilo que daria a vitória a Portugal. Com régua e esquadro não se faria melhor! Só que o jogo era da FIFA e de qualificação para o Mundial, pormenor de somenos, pelo que nem tinha um árbitro assistente capaz – o homem correu até à bandeirola de canto e fechou os olhos… – nem VAR, nem sequer a já vetusta tecnologia da linha de golo. Como é possível? E o juiz da partida, que não era português – ai se fosse! – fez igualmente vista grossa e evitou o meio apuramento que a derradeira proeza de CR7 nos daria. Se a palavra "roubo" se pode aplicar no futebol, e não se devia, é numa situação tão escandalosa como esta.

Pois apesar de tão enorme evidência, os "gremlins" das redes sociais, apoiados nalguns comentadores frustrados por não viverem em Turim, condenaram sem a berraria que os distingue a asneira do apitador, criticaram mansamente as opções de Fernando Santos – a entrada de Renato Sanches brada aos céus, é certo, mas depois de vencer o Europeu 2016 o engenheiro silenciou para a eternidade os ignorantes – e centraram-se em quê? Isso mesmo: na irritada saída de campo do capitão da Selecção! Como se ele não tivesse razão ao ver-se esportulado decaradamente de mais um golo histórico, obtido fora de casa e num momento decisivo da contenda. Ou como se lhe corresse nas veias sangue de barata e não interpretasse o grande sentimento de revolta que se apoderara da imensa maioria dos seus compatriotas.

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Temendo que a gritaria não fosse suficiente, os invejosos da rede não se ficaram por aí, ampliando a sua indignação pelo facto de Cristiano, com o jogo terminado e à entrada dos balneários, ter atirado ao chão a braçadeira de capitão, esse glorioso e acrisolado símbolo da Pátria, que faz do Hino e da Bandeira simples apêndices da nacionalidade... Que falta de noção!

Perseguir Cristiano Ronaldo por atravessar uma fase menos feliz de forma, em boa parte devido aos deprimentes insucessos da Juventus, sublinhando que não marca pela Selecção há quatro jogos – que são realmente três porque no sábado ele fez o que lhe competia – é o passatempo preferido dos idiotas que sempre anunciam a morte sabendo muito bem que algum dia ela virá. Com a vacinação a correr bem, os novos casos de covid em queda e o desconfinamento progressivo a avançar, este pequeno tropeção da Selecção vem mesmo a calhar à cambada. E se amanhã não ganharmos ao Luxemburgo?... Por esta altura, deve haver por aí muitos grunhos em oração.

A terminar, um aceno para Rui Jorge e para o trabalho modelar que desenvolve nos Sub-21. Sim, não é só a selecção principal que tem aquele que é, porventura, o melhor plantel de equipas nacionais do Mundo. Também nos mais novos essa qualidade está presente, como se confirmou ontem com o belíssimo triunfo sobre os ingleses, que nos últimos anos vêm somando êxitos nos escalões jovens. Chapeau!

Artigo da autoria de Alexandre Pais, em Record

NOTA: Já tinha um post preparado para comentar o episódio com Cristiano Ronaldo, quando li a crónica semanal de Alexandre Pais, a qual subscrevo na íntegra. Confesso, no entanto, que preferia que CR7 não tivesse feito o que fez, mas depois do tanto que ele tem contribuído para elevar o futebol português ao longo dos anos, não lhe vou exigir perfeição em tudo.

publicado às 04:03

Os eternos burros de secretaria

Rui Gomes, em 16.03.21

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"Recordam-me, no Twitter, o que aconteceu a Paulo Bento, no Sporting, em 2005, a Jorge Costa, no Sp. Braga, em 2007, ou depois disso ainda a Marco Silva, no Estoril, a Nuno Espírito Santo, no Rio Ave, a Paulo Fonseca, no Paços de Ferreira, a Pedro Emanuel, na Académica, a Sérgio Conceição, no Olhanense, ou a Silas, também no Sporting. Vão ser agora todos castigados para Rúben Amorim não se sentir tão só. Os eternos burros de secretaria...".

Alexandre Pais, em Record

publicado às 03:18

Frase do dia

Rui Gomes, em 25.01.21

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Aproveitei esta frase (parágrafo) da mais recente crónica de Alexandre Pais, em Record:

"Não esteve mal o Sp. Braga, em Leiria, mas a verdade é que deixou voar um pássaro que poderia constituir um marco no crescimento de uma equipa que perdeu, entretanto, para o Paços - de Pepa, grande trabalho! - o 5.º lugar na Liga e já tem o V. Guimarães à perna. Diga lá António Salvador o que disser, voltou a perder com um bando de putos liderado pelo mano mais velho. O resto...".

publicado às 02:48

A título informativo... sem rir!

Rui Gomes, em 10.11.20

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"Último parágrafo para o Sporting, que como quem não quer a coisa não só segue em primeiro na Liga – com Benfica e Sp. Braga a quatro pontos e FC Porto a seis – como tem o melhor ataque e a melhor defesa. Creio que nem o Bruno Nogueira me conseguiria dar mais vontade de rir".

Excerto da crónica semanal de Alexandre Pais, em Record

publicado às 03:32

Em Alvalade é agora ou nunca

Rui Gomes, em 02.11.20

O leitor que me perdoe se encontrar, nesta crónica, sinais de falta de lógica ou de senso. É que estou a escrever, e a ver o Sporting-Tondela, ainda esmagado pela dureza brutal da "parede" do Angliru, que os ciclistas da Vuelta subiram ...

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Pois, mas quero falar-lhes do Sporting. Se Frederico Varandas parecia, há poucos meses, um líder de transição que cederia mais dia menos dia à pressão dos contestatários – que iam recolhendo apoios a cada desgraça que se abatia sobre a casa do leão – um número significativo de sportinguistas com memória forma hoje uma trincheira importante no combate ao regresso do "brunismo"... ainda que por interposta pessoa. Tudo por acção de Ruben Amorim e… da Covid.

A pandemia, ao impor a criação de um "mundo novo" em Alvalade, pode dar um fôlego extra ao dr. Varandas. Livre das claques até ver, livre de enchentes no estádio enquanto o coronavírus andar por aí, livre de ajuntamentos, apupos e insultos, o líder dos leões pode chegar quase incólume ao Verão se o treinador e o plantel – também eles a beneficiarem de inesperada tranquilidade – continuarem a cumprir. Para já, na tabela, olham para cima e não vêem ninguém...

A verdade é que o trabalho tem sido sério. Amorim aposta sem hesitações no talento de jogadores jovens e constrói, com inteligência e audácia, uma equipa de raiz. Mas resta-lhe um ano (?) de relativa paz, que pode não bastar para que essa equipa atinja os patamares que lhe são exigidos. E, então, cabe aos sportinguistas decidir o que querem: aproveitar a oportunidade, talvez a última, de dar ao treinador o tempo necessário para cumprir o objectivo ou entrar em parafuso aos primeiros insucessos – e eles virão – e voltar a deitar tudo a perder. A escolha é simples? É, mas sabe-se o que a casa gasta...

Artigo de Alexandre Pais, em Record

publicado às 12:30

"Estamos entregues ao bicho"

Rui Gomes, em 26.10.20

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O derradeiro parágrafo vai para a Direcção-geral da Saúde, que ao cabo de alguns meses em que nos transmitiu uma imagem de segurança, entrou em absoluto desnorte. Casos como o do casamento deste fim de semana, que reuniu 200 pessoas em Arruda dos Vinhos – contra a vontade da impotente câmara municipal – repetem-se pelo país e foram até ultrapassados pelo "pornográfico" forrobodó de Portimão, com quase 30 mil (!) pessoas, a maior parte delas ao monte, a assistirem ao Grande Prémio de F1... E quanto ao futebol é a mesma desgraça: preterido a comédias, touradas e ajuntamentos políticos e religiosos no tempo em que o coronavírus parecia dar tréguas, passou agora a ter espectadores quando há países a recomeçar a fechar os estádios. Estamos entregues ao bicho.

Excerto da crónica de Alexande Pais, em Record

publicado às 13:02

O futebol colectivo é uma chatice

Rui Gomes, em 12.10.20

img_192x192$2015_10_12_15_23_37_1005745_im_6366770Esta história do futebol 'ferozmente' colectivo é uma chatice. Em especial, havendo equipas que têm individualidades competentes para fazer a diferença e que as obriga a pôr de parte o talento para se dedicarem a tarefas exclusivamente defensivas. Dois empates a zero golos consecutivos, com dois campeões do Mundo, avaliam positivamente esse desempenho de algum modo menos vistoso da Selecção Nacional, mas deixam-nos na boca com um sabor a pouco. Dispor de Cristiano e de geniozinhos como Bernardo, Félix, Fernandes, Diogo Jota ou Trincão, sem que em três horas se veja um lance de autor que nos levante do sofá, torna-se frustrante. É o preço a pagar para não perder e, em simultâneo, a renúncia à possibilidade de ganhar.

Certo é que voltámos a não baquear no Stade de France em Paris e só não vencemos desta vez porque o engenheiro não tirou da cartola o coelho de 2016: não há um Éder todos os dias. Ontem, perante a muito evidente baixa de forma de Bernardo Silva, não sei se meter Trincão em campo mais cedo não teria feito o estrago que os franceses mereciam. Afinal, só não perderam porque Pepe partiu em fora de jogo, por centímetros, para o golpe de cabeça que nos daria a vitória. Agora, é tempo de não exagerar no colectivismo, de animar a malta e de apostar claramente no ataque para derrotar os suecos, na quarta-feira. E que CR7 regresse aos golos, que estão faltando...

Cavani fechou contrato com o Manchester United, por duas épocas, recebendo 8 milhões de euros por cada e mais outros 8 de prémio de assinatura. E com isso ficou tudo explicado sobre a sua imaginária vinda para o Benfica e para as histórias da carochinha que nos contaram.

E a propósito de Benfica, sabem o que me faria rir ainda mais do que ver o Bruno Varela convocado por Fernando Santos? Que Jorge Jesus conseguisse recuperar Ferreyra. Sim, eu sei que há realidades que nem Deus tem o poder de mudar, mas...

Excerto da crónia de Alexandre Pais em Record.

publicado às 12:15

Nunca tantos e tão bons, engenheiro

Rui Gomes, em 05.10.20

img_192x192$2015_10_12_15_23_37_1005745_im_6366770Sendo o clube de Nuno Espírito Santo o actual maior ‘fornecedor’ da Selecção, com cinco convocados, ao técnico do Wolves há até que creditar parte da imensa capacidade futebolística ao dispor agora de Fernando Santos. Não sei mesmo se alguma vez – incluindo a era de Luís Figo e Rui Costa – a turma nacional contou com um grupo tão forte. É que aos 26 que hoje se irão juntar há que somar os três que ‘caíram’ da penúltima convocatória – Domingos Duarte, André Gomes e Gonçalo Guedes –, os sete escolhidos há menos de um ano – José Sá, Ricardo Pereira, João Mário, Pizzi, Bruma, Eder e Gonçalo Paciência –, os sempre ‘convocáveis’ – casos de Adrien, Cédric ou Gelson Martins – e ainda os que vêm a caminho, como Nuno Mendes ou Pedro Neto. São quatro dezenas de jogadores de eleição!

O que esta dádiva tem é de produzir resultados. Admite-se um joguito a feijões com os espanhóis, mas o verdadeiro teste será no domingo, frente a França, com a qual "não podemos" perder. Se a conseguimos ultrapassar em 2016, contra quase todas as previsões, como não o "exigir" agora à nossa chuva de estrelas?

O que se passou em Vila do Conde é aquilo que o jornalista e comentador Luís Freitas Lobo tantas vezes, e acertadamente, classifica como "futebol em estado puro". Sim, apenas no futebol é possível ver um dos maiores clubes do Mundo humilhado aos pés do quinto classificado de um campeonato da segunda linha europeia. E só não vimos o grandalhão ser afastado da Liga Europa porque o futebol permite outra coisa: que o que é em dado momento não o seja daí a segundos. Uma mão desnecessária no derradeiro minuto facilitou o empate ao Milan e forças vindas muito para lá do Além fizeram – em três (!) ocasiões e em duas com a bola a bater três (!) vezes nos postes – com que os bravos de Vila do Conde morressem na praia. Chapeau!

O parágrafo final vai para o Sporting CP e para as indicações de Portimão. Se os resultados são de facto a solução, dar tempo a Rúben Amorim para construir uma equipa é o rumo certo. Optar por outro será a catástrofe.

Excerto da crónica semanal de Alexandre Pais, em Record

publicado às 15:00

Viver entre a formalidade e o bunker

Rui Gomes, em 30.09.20

img_192x192$2015_10_12_15_23_37_1005745_im_6366770Com nuvens escuras no céu encarnado, a assembleia geral do Benfica aprovou as contas de 2019/20 por larga maioria, 71,2%, numa votação que reuniu menos de dois mil sócios. E havendo eleições em Outubro, esse resultado deixa antever para que lado cairá a vitória.

Com o céu não menos carregado, a assembleia geral do Sporting, à qual acorreram mais de três mil associados, reprovou o orçamento e as contas também por margem clara: 69,2%. Sem ato eleitoral à vista, o desfecho confirma que a serpente da indignação cresce no ovo – por culpa de Bruno de Carvalho e de Frederico Varandas.

O primeiro pagou o que tinha a pagar pelos erros cometidos, a sua presidência foi o que foi e não há força divina que possa desfazer o que de bom e de mau ficou feito. Já no mandato actual, os leões perderam a oportunidade de meter ombros à segunda tarefa relevante, reposto que foi o normal funcionamento da instituição: tratar as feridas profundas que a crise abriu em milhares dos seus adeptos.

Frederico Varandas não quis ou não conseguiu ir por esse caminho e tomou uma decisão intrépida mas fatal: a suspensão das claques. Como se um corpo pudesse viver sem uma parte do seu tecido! Como se a tropa de choque do presidente anterior não pudesse amanhã ficar do lado do novo líder em nome do objectivo comum – tudo dependeria da estratégia a seguir e da arte para a executar.

E como se desprezar alguns criminosos infiltrados apagasse do coração da larga maioria o amor a um emblema histórico e fortemente implantado na sociedade portuguesa... Esses adeptos, que são muitos e em grande parte ainda jovens, não abandonarão a trincheira para onde os atiraram sem saírem vencedores. Sabem que é uma questão de tempo.

Tendo a faca e o queijo na mão, o Dr. Frederico Varandas podia e devia ter imposto regras apertadas, fiscalizado o seu cumprimento e exigido as responsabilidades inerentes. Mas não, em vez de podar os ramos que cresciam sem controlo, cortou a árvore e deixou ficar a raiz que permitirá o renascer do mal.

Agora, está nas mãos do treinador. Se Rúben Amorim conduzir o barco a bom porto, a direcção lá se irá aguentando. Só que o ‘bom porto’ para uns não o é para outros. A situação de penúria financeira e a relativa fragilidade do plantel dificilmente não trarão momentos complicados para a equipa, cujas consequências se abaterão sempre sobre Frederico Varandas e a sua gente.

Porque não lhes será possível continuar, indefinidamente, a viver em reclusão, como ainda ontem, no Twitter, sublinhava Luís Paixão Martins: é cumprir uma formalidade e voltar para o bunker.

Artigo de Alexandre Pais, em Record

publicado às 05:31

Luís Maximiano e Antonio Adán

Rui Gomes, em 21.09.20

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"No Sporting, acontece a Maximiano o que teria acontecido a Rui Patrício, não fosse Paulo Bento ter tido uma visão de futuro. Rúben Amorim coloca as fichas todas em Adán e a opção pode não lhe correr bem. Trata-se de um guarda-redes com poucos jogos para os anos de carreira que leva – e esteve praticamente inactivo nos últimos dois anos. Aposta de alto risco, suspeito eu".

Afirmação de Alexandre Pais na sua mais recente crónica em Record, que me leva a questionar que jogos de pré-época do Sporting ele viu para chegar a esta conclusão. Isto, já para não mencionar que Luís Maximiano está actualmente em quarentena devido à Covid-19.

A realidade, neste momento, é que Rúben Amorim não tem alternativa salvo entregar a baliza verde e branca a Antonio Adán e nada nos leva a concluir que ele será o titular de preferência ao longo da época.

publicado às 12:58

Quando se muda para pior...

Rui Gomes, em 22.06.20

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(...) Parágrafo final para Cristiano Ronaldo, que vê agravarem-se as consequências do seu salto no escuro que a Juventus tornou mais perigoso quando contratou Maurizio Sarri, um treinador sem unhas para aquela guitarra. A Juve perdeu já a Supertaça e a Taça, e só por milagre se sagrará de novo campeã, tão mal tem jogado e tanta é a falta de forma – e de atitude competitiva – do seu saco de craques. Quanto à Champions, teme-se que não se apure sequer para o mata-mata de Lisboa, o que seria mais uma enorme decepção neste desgraçado 2020. E não sei se o apagamento exibicional de Cristiano – que a imprensa italiana zurze sem vergonha, nem contemplação – não constituirá o fim da fase de ouro da bela história iniciada em 2002. Apesar de saber que há sempre um dia em que o dia chega, quero muito acreditar que não.

Alexandre Pais, em Record

Nota: Allegri foi demitido por não ter conquistado a Champions, no entanto, tem-se, em Sarri, um técnico muito inferior. Além do mais, os dirigentes responsáveis continuam a não reconhecer que a Juventus é uma equipa mal estruturada, que poderá fazer estragos na Serie A mas que não tem "unhas" para a prova europeia. Cristiano Ronaldo, nesta fase da sua carreira, não vai conseguir compensar essa lacuna.

publicado às 03:32

A mão que embala o berço

Rui Gomes, em 08.06.20

img_192x192$2015_10_12_15_23_37_1005745_im_6366770Juiz algum responsabilizará um dia Donald Trump pelos crimes de ódio que se multiplicaram nos Estados Unidos desde a sua eleição e que atingem hoje proporções irracionais. Como em Portugal jamais se provará numa sala de tribunal – e confirmámo-lo não há muito tempo – a relação íntima que possa existir entre a palavra incendiária do intelectual hábil e a mão criminosa do bandido estúpido.

Vou repetir-me. Se vivemos num país em que há, e dou apenas exemplos, jornalistas que deturpam a verdade, polícias que assaltam e roubam, autarcas que são corrompidos e até juízes capazes de desonrar uma classe que é o último bastião de defesa da probidade e da decência, que mais se pode esperar do que encontrar também delinquentes no meio das pessoas de bem que integram as claques de futebol?

O grande problema é que as pessoas de bem não são muito úteis às direcções dos clubes, ao contrário dos delinquentes da maioria das claques, que se deixam instrumentalizar em troca de bilhetes, viagens ou arrecadações para bebidas e outros produtos, sendo depois transformados por quem os comanda em reais guardas pretorianas – um eufemismo para associações criminosas.

São dessas mentes deveras manipuladas as mãos armadas que ajudam a ganhar eleições, condicionam fisicamente os opositores – reais ou supostos – em assembleias gerais, ameaçam treinadores e jogadores que se querem ver partir, apedrejam carros e casas de árbitros, agridem e tentam matar, e matam, adeptos adversários – até ao dia em que, sem código algum de conduta que não seja o da própria marginalidade, se voltam mesmo contra aqueles que eram objecto do seu "amor" e da sua "protecção", como sucedeu com o atentado ao autocarro do Benfica. Que têm então a ver com isso as direcções dos clubes? 

Nessa fase, obviamente, já nada, o que não nos impede de sublinhar a realidade: lamúrias, repúdios veementes, indignações dúbias ou exigências de "punições exemplares" não são mais – ainda uma vez e sempre – do que meras tentativas de tapar o sol com a peneira e alijar responsabilidades. Sim, os senhores são os verdadeiros culpados pela violência que envolve o desporto em Portugal. É vossa a mão que embala o berço.

Alexandre Pais, em Record

publicado às 04:03

E lá se vai o "exemplo português"

Rui Gomes, em 01.06.20

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(...) Entretanto, prosseguem as usuais cenas rocambolescas na feira de vaidades do futebol português, com as divergências saloias entre os clubes, o sai ou fica de Proença, a saga da aprovação dos estádios – que a DGS queria que fossem o "mínimo possível" mas que se pôs a validar e chegou aos 17! – ou a recém-novela da ratificação das cinco substituições por jogo, a "decidir" em assembleia geral... já após o reinício do campeonato. Que coisa ridícula.

Tenhamos calma, trata-se de fogo fátuo. A partir de quarta-feira, o que estará em todas as notícias e o que aquecerá os debates recuperados da Covid-19 é o cartão que ficou por mostrar, o segundo amarelo excessivo, o vermelho que não saiu do bolso, a falta para penálti que o árbitro não viu e o VAR também não, a falta para penálti que o árbitro marcou e o VAR anulou, a falta discutível para penálti que o árbitro não assinalou e o VAR corrigiu...

E por aí fora, numa lista infindável de casos, casinhos e afins, intensidades e centímetros, polémicas e acusações. É esse, afinal, o nosso planeta do pontapé na bola, ora agitado pelo tempero do pontinho de avanço do clube errado. O espectáculo está garantido.

Excerto da crónica semanal de Alexandre Pais em Record

publicado às 06:01

Um excerto da mais recente crónica de Alexandre Pais no jornal Record:

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"Os devotos da utopia começam a ser cada vez menos, é verdade. Enquanto uns, como Bartomeu, no Barcelona, ou Cerezo, no Atlético de Madrid, se vão entretendo a reduzir os incomportáveis salários dos jogadores, como se só daí viesse a salvação, outros vêem mais longe. É o caso do senhor Andrea Agnelli, presidente da Juventus, que tendo assegurado igualmente uma poupança – de 90 milhões de euros – na folha salarial, proferiu a frase que tudo define: "Os clubes enfrentam uma ameaça à sua existência". É disso que se trata.

Parece hoje consensual o cálculo dos especialistas de que só em Maio a Europa atingirá o "pico" ou o "planalto" da pandemia, o que significa que os casos positivos serão milhões e os mortos centenas de milhares. Acham que é exagero? Peguem amanhã nos dados do final de Março, ponham-lhes em cima 10 ou 15% de aumento em cada um dos 30 dias de Abril e terão, na brutalidade do acumulado, uma visão real do inferno.

Mais: haverá talvez um período de três meses – até Agosto – de curva descendente e com um total de vítimas também relevante. Precisamente por isso, não iremos de férias e as aulas dificilmente recomeçarão em Setembro.

E no mês de Outubro, alerta quem sabe disso, o coronavírus voltará. Querem recomeçar o futebol? Óptimo, é o que queremos todos. Mas trabalhem com os pés na terra e salvem os clubes, antecipem a realidade económica e a hecatombe social pós-vírus, e tomem nestes dias de chumbo as medidas difíceis para cá estarem depois.

O último parágrafo é de novo dedicado ao esgoto das redes sociais, onde se insultam os milionários do desporto por ganharem fortunas e darem apenas "uns trocos" para o combate à peste – e só Cristiano Ronaldo e Jorge Mendes já vão em 4 milhões de euros. É o habitual mundo ao contrário dessa cáfila: insurge-se contra quem é generoso e poupa os sovinas cuja solidariedade é zero".

publicado às 13:29

Frase do dia

Rui Gomes, em 24.02.20

img_192x192$2015_10_12_15_23_37_1005745_im_6366770"O último parágrafo vai para o árbitro Nuno Almeida, que ontem – em Alvalade e com a bênção do VAR – transformou um penálti claro, contra o Boavista, num envergonhado pontapé de canto.

Como diria um antigo director meu, pela manhã, ao ver a primeira página do jornal, elaborada pelo chefe de redacção que esse mesmo director largara à sua sorte na noite anterior: "Não te canses mais, pá. O melhor é fechares a porta e mandares todos para casa"".

Alexandre Pais, em Record

publicado às 19:00

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