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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Hoje celebramos os 30 anos dos 7-1, que foi dos dias mais felizes da minha vida de sportinguista.
Lembro-me quase como se fosse hoje de ir para o nosso Estádio, como sempre, com o meu pai e os meus irmãos, mas desta vez para a central, em vez da superior norte que abarrotava de benfiquistas. Confesso que não gostava muito de ir para a central, porque tinha alguns adeptos mais velhos que passavam o tempo a ofender os jogadores do Sporting que eram os meus autênticos ídolos e era uma coisa que eu não entendia.
O Benfica parecia uma equipa pujante com grandes jogadores, lembro-me por exemplo do Carlos Manuel que tinha sido a nossa grande estrela no Mundial do Mexico. Nós tínhamos uma equipa raçuda, exemplificada pelo grande Oceano e foi assim que marcámos um primeiro golo muito estranho pelo Mário Jorge com culpas para o Silvino que era o guarda-redes do Benfica. E foi com 1-0 e numa jogo normal e equilibrado que chegámos ao intervalo.
Delirei quando Manuel Fernandes a começar a segunda parte fez o 2-0, mas logo depois foi o balde de água gelada com o 2-1 na baliza do eterno Damas, a que se seguiu das coisas que eu ainda hoje mais detesto e nem consigo olhar: os festejos dos benfiquistas em Alvalade. Felizmente não faltou muito para o trapalhão Ralph Meade repôr a vantagem que tínhamos e depois sucedeu-se o inexplicável: mais 3 golos do Manuel Fernandes e mais um do Mário Jorge. Aquele golo de que eu mais me lembro foi um salto em peixe do nosso «capitão», a centro do Litos.
Cada golo era festejado como se tratasse de um campeonato e não queríamos que aquela tarde acabasse. Sentia-me literalmente a flutuar de felicidade abraçado ao meu pai, irmãos e outros sportinguistas que não conhecia. Olhava para a superior norte e viam-se bandeiras e cachecóis a arder (a fama de maus perdedores vem de sempre) e a maioria dos adeptos deles a sairem depois do 4-1. Que gozo !
Chegados a casa ainda me lembro de termos tido a felicidade de ver na televisão o jogo em diferido (cortesia do Sporting) com comentários do Rui Tovar e voltar a rejubilar com o que tinha acontecido e a perceber que era mesmo real e não um sonho. Confesso que depois já vi o jogo todo mais umas 20/30 vezes.
Segunda-feira lá na escola lembro-me de não conseguir deixar de sorrir completamente desconcentado nas aulas a reviver cada golo e a minha mochila (que ainda usei na faculdade) já tinha em letras bem gordas que duraram anos e anos: 14/12/86.
Dez anos depois nasceu a minha primeira filha. Mal sabe ela que embora tenham sido alegrias diferentes, lembro-me melhor de cada pormenor do que aconteceu em 1986 do que em 1996 :).
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