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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
A receita parece resultar ? Reforce-se a dose ! Desde o primeiro momento, Bruno de Carvalho adoptou uma estratégia de criar contínuas “cortinas de fumo” com a finalidade de canalizar a atenção, a energia e a emoção dos sportinguistas para os assuntos que lhe são mais convenientes em cada momento, que nem serão os prioritários para o clube.
Tem conseguido, assim, iludir a realidade, usando (e abusando) de uma agenda de comunicação planeada e executada de modo a constituir um elemento estruturante do seu modelo de gestão.
Pessoalmente preferia que o presidente do Sporting optasse por uma atitude mais discreta e prática, com pouco palavreado e menos tiros de pólvora seca, caracterizando-se antes pelo pragmatismo, bom senso e capacidade decisória oportuna. Mas já se percebeu que isso vai contra o ADN de BdC que optou por uma estratégia de permanentemente procurar confundir e marginalizar aqueles que se lhe opõem.
Esta estratégia parece ter um ponto fraco evidente desde o primeiro momento, que consiste na necessidade de alimentar constantemente um monstro voraz com novos protagonistas caídos em desgraça na praça pública. Esta procura insana de novos “alvos” que iluda a incapacidade de BdC de corresponder às expectativas dos sportinguistas conduziu inevitavelmente à identificação dos “inimigos” internos.
A Assembleia Geral de domingo ilustra esta asserção. O orçamento para o próximo ano era o ponto essencial da ordem de trabalhos, mas, ao contrário do habitual, não foram prestados esclarecimentos prévios aos sócios e foi remetido para o fim da sessão. Em contrapartida, os resultados da Auditoria que os sócios deveriam conhecer em primeira mão foram amplamente noticiados na véspera nos jornais e ocuparam o “horário nobre”.
Entretanto, o clube afunda-se em sucessivos processos judiciais que ninguém sabe como acabarão. Doyen, sócios do Sporting, Somague, Marco Silva e, agora, Godinho Lopes. A Assembleia Geral constituiu uma espécie de tribunal popular para justificar uma determinada estratégia de gestão e ocultar que o processo disciplinar foi feito à pressa e sem respeito pelos direitos dos arguidos para poder estar concluído a tempo e horas.
A ironia maior é que quando um dia destes a bola começar a rolar sobre a relva tudo isto passará injustamente para segundo plano. E se a bola bater na trave e não entrar, então, teremos novos anátemas sobre sócios para desviar as atenções do que decorre nas quatro linhas.
Por agora, talvez convenha trazer num dos bolsos uma conhecida quadra do poeta António Aleixo:
«Quem prende a água que corre
É por si próprio enganado;
O ribeirinho não morre,
Vai correr por outro lado.»
Há uma insanidade a pairar sobre o Sporting. Há uma perfídia que se instalou entre os sportinguistas e que, aos poucos e quase de mansinho, adquiriu um estatuto de normalidade para alguns. Desejo profundamente que esta perfídia se tenha apossado apenas de uma minoria. De outra forma, tempos difíceis aguardam o nosso clube e os sportinguistas. E um dia destes da essência do Sporting Clube de Portugal restará apenas a memória.
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