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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
«Tinha 15 anos. Era um miúdo. Estava nas nuvens, tinha acabado de assinar contrato para jogar nos juvenis do Sporting. Apanhei um autocarro e pus-me a caminho de Lisboa. Era a primeira vez que vinha à capital e era a primeira vez que via um estádio tão grande. Semelhante coisa só tinha visto na televisão! Como se não bastasse tanta emoção ainda cheguei mesmo a tempo de ver o primeiro treino dos seniores, maravilhoso.
Nessa noite dormi no estádio. Dormi, é como quem diz, porque era difícil pregar o olho depois de tanta excitação. Foi a primeira de muitas noites no Centro de Estágio de Alvalade, que ficava mesmo dentro do estádio. Vivi no Centro cerca de dois anos. Aquela foi a minha casa, o meu espaço, o meu parque de diversões...tudo. Foram dias inesquecíveis, mas aquele primeiro dia ficará sempre gravado na minha memória.
A maioria das pessoas pensa que os jogadores de futebol são «bichos». Julgam que somos inacessíveis e por isso superiores. Eu nunca pensei isso. Quando cheguei a Alvalade era um jovem igual aos outros, em busca de um sonho. Cruzei-me várias vezes com jogadores do Sporting e nunca tive razões de queixa. Foram sempre simpáticos comigo. Aconteceu até uma situação curiosa: quando o João Pinto veio para o Sporting, na primeira oportunidade pedi-lhe um autógrafo. Nunca imaginei que dois anos depois estaria a jogar ao lado dele.»
* Do livro «Estórias d'Alvalade» por Luís Miguel Pereira
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