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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Na recém-entrevista que concedeu à Rádio Renascença, Dias da Cunha elogiou a gestão e o bom momento desportivo do Sporting, sublinhou o benefício dado a certas equipas pelas arbitragens e, na minha opinião, a maior verdade que proferiu ou, se desejarmos, a verdade mais importante, foi em ter apontado a "falta de entendimento entre os clubes principais para solucionar as principais questões do futebol, nomeadamente a arbitragem."
Esta realidade tem "cabelos brancos" e tudo indica que assim vai continuar por muitos anos; faz parte do ADN português, em geral, e do futebol, em particular. O dirigismo desportivo nacional nunca conseguiu ver mais longe do que o seu próprio umbigo, nunca conseguiu sentar-se à volta da mesa para resolver os problemas do todo, pelos interesses partidários.
Já se viveu o tempo necessário, em democracia e em liberdade, para se analisar e compreender bem os efeitos profundos do obscurantismo cultural a que os portugueses se viram compelidos no passado. Há que aceitar que não possuímos o saber bastante sobre a problemática em que o futebol se aprofunda - e o que possuímos preferimos não implementar - para podermos responder com eficácia às inúmeras e complexas exigências do futebol de alta competição, nomeadamente no que toca ao enquadramento técnico, humano e social. Muito por isto, continuamos de ano para ano a fazer balanços do que foi o nosso futebol, a reclamar soluções para a carência de estruturas, a apontar responsáveis por insucessos e derrotas, o que apenas contribuirá para passar outros 365 dias a manter o mesmo de tudo.
Por isto e muito mais, Dias da Cunha tem plena razão quando afirma: "Pelo que vejo de todos eles (responsáveis dos clubes), isso (a união) não deverá acontecer e é realmente uma tristeza.»
Taça dos Campeões Europeus - 4 de Novembro de 1970 - Sporting vs Carl Zeiss:
Nos dias de hoje, este seria um daqueles casos que encheria as medidas dos especialistas em psicologia desportiva. Como é que uma equipa pode mudar o seu rendimento do dia para a noite por causa de uma falha monentânea da luz no estádio ? Até hoje, ninguém sabe !
Os alemães apresentaram-se em Alvalade com uma vantagem de 2-1 trazida da primeira mão. Ao Sporting competia destruir a muralha germânica e marcar tão depressa quanto possível. E fez por isso ! O início demolidor resultou em três bolas aos postes do Carl Zeiss. Estavam os "leões" entretidos nesta caçada feroz quando, por "motivos técnicos", um corte de energia deixou Alvalade às escuras. O estádio e arredores tiveram que esperar alguns minutos até que se fizesse luz novamente. Foi um corte nas aspirações leoninas. Quando o encontro recomeçou viu-se outro jogo. Depois do corte de corrente... os alemães marcaram contra a corrente do jogo. Um e mais outro... 2-0.
Quem era capaz de acreditar tão grande bruxedo ? Quebra de ritmo, implicações psicológicas... certo é que para o Sporting o estádio continuou às escuras. O golo de Gonçalves chegou tarde de mais e só serviu para consolar os 30 mil fiéis adeptos que marcaram presença em Alvalade. salvaram-se os 1.300 contos de receita, mas só isso, porque, nessa época, o Sporting ficou às escuras na Taça dos Campeões.
«Não existe explicação: quando as luzes se acenderam o Sporting nunca mais foi a mesma equipa. Nada saía bem. sofremos um grande abanão. O Fernando Vaz, que era o nosso treinador, bem gritava do banco, "calma rapazes !, calma !", mas não havia nada a fazer. O Carl Zeis marcou um golo e depois outro. O Sporting foi eliminado.
No balneário olhávamos uns para os outros e, sem falar, tentávamos perceber o que se tinha passado. Acho que, em silêncio, todos perguntávamos a mesma coisa, "porque é que faltou a porcaria da Luz ?!" Uma coisa é certa, se as luzes não se apagam, nós também não nos "apagávamos".»
Do livro Estórias d'Alvalade por Luís Miguel Pereira.
O antigo Estádio José Alvalade foi inaugurado no dia 10 de Junho de 1956. 60,000 adeptos assistiram ao encontro inaugural entre o Sporting e o Clube Regatas Vasco da Gama.
O primeiro jogo oficial no novo Estádio decorreu no dia 23 de Agosto de 2003 com o Belenenses, a contar para a 2.ª jornada da Liga portuguesa.
O primeiro jogo oficial da Taça UEFA (actual Liga Europa) no novo Estádio teve lugar no dia 24 de Setembro de 2003. O Sporting derrotou o Malmo da Suécia - golos de Lourenço e Liedson - na 1.ª mão da 1.ª ronda.
O novo Estádio José Alvalade "viu" o primeiro jogo da Liga dos Campeões a 10 de Agosto de 2005, quando o Sporting defrontou a Udinese, em jogo da 3.ª pré-eliminatória, 1.ª mão.
É de prever que este meu parecer seja considerado suspeito algures na praça "verde-e-branca", mas devo admitir que fiquei - nem sei bem qual é o termo mais adequado aos meus sentimentos - surpreendido e intrigado, porventura, quando se soube que o salário do presidente do Sporting iria ser somente 5 mil euros mensais. É por de mais óbvio que é superior ao salário mínimo nacional mas, para a posição, uma verba insignificante, quase irrisória. Sou muito sincero, eu nunca abandonaria a minha actividade empresarial para ser líder do Sporting 24/7 a troco desta compensação. Pela disposição de apenas querer contribuir para o bem estar do Clube, optaria, então, por não receber salário algum.
Aceitaria com maior agrado - por ser justo e lógico - que o salário em questão fosse na ordem dos 200 ou 300 mil euros anuais, nunca menos. Segundo o que foi divulgado, os seus colegas do Executivo que também estão a tempo inteiro no Clube irão receber 3,500 euros mensais, algo também deveras "fascinante", considerando que alguns são advogados. Bem sei que o presidente do Sporting tem um cartão de crédito do Clube para cobrir todas as suas despesas diárias mas, mesmo assim, acho muito pouco para tão enorme responsabilidade, não obstante os conhecidos problemas financeiros. Este meu raciocínio tanto é aplicável a Bruno de Carvalho como a qualquer outro presidente.
Não sei se será um exagero meu - admito essa possibilidade - mas quase me faz sentir envergonhado ler todas as manchetes sensacionalistas a dar destaque ao facto de que o presidente do meu Clube - o grandioso e histórico Sporting Clube de Portugal - só vai receber tão modesto vencimento.
«Bruno de Carvalho é um presidente muito envolvido com o futebol, o mérito primeiro é dele. Não teve o meu apoio mas na gestão do futebol tem demonstrado muito acerto. Não estou preocupado com o lugar que a equipa ocupará no final da temporada, prefiro salientar a maneira como o Sporting está a jogar, tendo em conta a juventude e a equipa técnica que está no clube pela primeira vez. Acho que é um espanto a forma como Leonardo Jardim conseguiu pôr aquele conjunto a jogar da maneira com está a fazer.
Agrada-me que a auditoria de gestão esteja em curso, espero que sirva para terminar com acusações feitas sem justificação e com os insultos. Se isso contribuir para esclarecer a realidade unindo os sportinguistas, então acho muito bem.»
- Dias da Cunha -
Observação: O antigo presidente do Sporting com uma muito magnânima apreciação do estado das coisas, em declarações à Rádio Renascença.
(Foto: Eu e Dias da Cunha em Alvalade - 5 de Novembro de 2003)
"Eduardo tem todas as condições para ser titular da Selecção"
- Jorge Vital -
A frase é da autoria do treinador de guarda-redes do SC Braga, que adiantou ainda o seguinte: "Por vezes os jogadores tomam decisões na carreira e no caso de Eduardo perdeu a titularidade da Selecção quando foi para o Benfica, onde não jogou. Essa foi a única razão por que deixou de ser titular. Não foi por acaso que no último Campeonato do Mundo foi considerado um dos melhores três guarda-redes."
Quero crer que está a ser sincero com esta sua apreciação e não somente motivado pela defesa do emblema que agora representa, uma vez que conhece bem os dois guarda-redes. Tem razão quando diz que jogadores tomam decisões erradas que afectam as suas carreiras - vem-me à ideia Pedro Roma quando optou pelo Benfica - mas neste caso concreto, Eduardo deixou de ser titular apenas e tão só porque Rui Patrício é o superior guarda-redes, não obstante a referida "performance" no Mundial 2010.
Campeonato Nacional - 27 de Maio de 1962 - Sporting 3 Benfica 1. O Sporting alinhou com: Libânio; Lino e Hilário; Pérides, Lúcio e Fernando Mendes; Hugo, Figueiredo, Diego, Geo e Morais. O Benfica: Costa Pereira; Mário João e Ângelo; Cávem, Germano e Cruz; Simões, Eusébio, José Águas, Coluna e José Augusto.
«Naquele dia, uma vitória do Sporting frente ao Benfica significava simplesmente a conquista do título. por isso não era apenas um "derby". Além daquele ambiente fantástico que sempre envolve estes jogos, havia um interesse redobrado. O estádio estava tão cheio que até havia adeptos na pista.
O jogo foi muito complicado. Estavam frente a frente as duas melhores equipas do campeonato, de resto o resultado demonstra o grande equilíbrio que houve dentro do campo. Foi um grande espectáculo de futebol !
Quando jogo acabou foi a loucura dos adeptos sportinguistas. Não só fomos campeões como ganhámos ao eterno rival. Lembro-me que quando entrei no túnel estava completamente nu. Isso demonstra o entusiasmo e a loucura que se viveu em Alvalade. No final do jogo, estávamos dentro do balneário a fazer a festa, apareceu o José Augusto acompanhado pelo Eusébio e pelo Cávem.Vinham felicitar-nos e considerar a vitória do Sporting justa. Havia na altura um grande ambiente de camaradagem entre os adversários, mas julgo que os maiores responsáveis para que isso acontecesse eram o Eusébio e o Hilário. Eles eram como irmãos ! Aliás, eram compadres...»
Do livro Estórias d'Alvalade por Luís Miguel Pereira.
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