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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Em conferência de imprensa realizada na sede da Federação Portuguesa de Futebol, Paulo Bento divulgou a lista dos convocados para o amistoso com os Camarões, o primeiro depois da qualificação para o Mundial 2014, que terá lugar na próxima quarta-feira, dia 5 de Março, com início às 20h45, no Estádio Municipal de Leiria. Os jogadores convocados concentram-se até às 15h00 de segunda-feira em Óbidos, seguindo-se o primeiro treino, marcado para as 17h00, com um segundo a ser realizado na terça-feira, pelas 10h30.
A lista dos convocados pode ser lida aqui, e muito embora se reconheça que o seleccionador nacional pretenderá fazer algumas experiências, surgem opções muito questionáveis, como sempre aliás com Paulo Bento. Quero crer, sobretudo, que haja uma explicação lógica para a ausência de Rui Patrício, para dar lugar a Anthony Lopes, Beto e Eduardo, este último um dos guarda-redes mais batidos da I Liga.
Apesar da excelente época do Sporting, aparece um único jogador leonino: William Carvalho. Cédric Soares e Adrien Silva não mereceram a chamada, na óptica de Paulo Bento.
Hélder Postiga está a contas com uma hernia discal e a sua não participação no Mundial é muito provável. Daí que se compreenda a presença de Ivan Cavaleiro, como alternativa.
Por falta de disponibilidade neste momento, reservo outros comentários para mais tarde, na certeza porém, que o não reconhecimento aos jogadores do Sporting não me agrada e é, na minha opinião, injustificável.
Uma das selecções no grupo de Portugal na fase de qualificação do Euro 2016 é a Sérvia. Uma constituição algo curiosa do onze principal desta equipa, que talvez de forma surpreendente não se qualificou para o Mundial no Brasil. Classificou-se em terceiro lugar no seu grupo, com 14 pontos, atrás da Bélgica e da Croácia e à frente da Escócia, País de Gales e Macedonia.
Seleccionador: Ljubinko Drulovic - ex-Benfica e FC Porto
Guarda-redes: Vladimir Stojkovic - ex-Sporting, actualmente no Ergotelis FC da Grécia
Defesa-direito: Branislov Ivanovic - Chelsea
Defesa-esquerdo: Aleksandar Kolarov - Manchester City
Central: Neven Subotic - Borussia Dortmund
Central: Matija Nastasic - Manchester City
Médio-defensivo: Ljuborin Fejsa - Benfica
Médio: Nemanja Matic - ex-Benfica, actualmente no Chelsea
Médio-ofensivo: Filip Duricic - Benfica
Extremo direito: Lazar Markovic - Benfica
Extremo esquerdo: Dusan Tadic - FC Twente
Ponta de lança: Aleksandar Mitrovic - Anderlecht
Leonardo Jardim participou na usual conferência de antevisão a um jogo da Liga, neste caso ao embate de sábado frente ao SC Braga. Adiantou algumas considerações sobre o estado da equipa, em geral, e sobre o adversário, em particular:
«Dentro da nossa estrutura temos um verdadeiro ponta de lança, que é Slimani, e dois jogadores que fazem essa posição, que são Wilson Eduardo e Carlos Mané. Os três jogadores têm características diferentes, mas neste jogo a minha aposta vai ser no Slimani, por aquilo que tem feito merece a oportunidade. Temos de fornecer um jogo mais aéreo, porque é essa a característica que o define e para mim essa é a sua maior qualidade.»
Compreende-se perfeitamente esta escolha do treinador, dado que Slimani merece mesmo a oportunidade. Dito isto, não creio que o avançado vá demonstrar o tipo de eficácia que a já nos habituou quando salta do banco, porque não lhe reconheço as características para jogar no clássico 4x3x3. Para contrariar esta tese, terão os extremos e também os laterais de executar cruzamentos de qualidade para a área e nesses termos Slimani poderá ser letal.
Também me agradou o facto de ele ter feito referência ao Wilson Eduardo como alternativa para o eixo do ataque, uma vez que há longo que insisto que ele não é extremo, mas sim um falso ponta de lança. O seu primeiro instinto é quase sempre rematar e só depois cruzar, e isto leva que frequentemente hesite mentalmente acabando por não fazer nem uma coisa nem a outra nas condições desejadas.
«O mercado fecha amanhã e até outro jogador do Sporting pode sair. Capel é um jogador importante na estrutura. Temos um grupo equilibrado e o facto de alguns jogadores jogarem mais ou menos não reflecte a importância deles na equipa. O Sporting precisa de todos e no momento certo vai precisar de empenho deles até ao fim da época.»
A referência ao mercado deve ser ao da Rússia, que eu até pensava que já tinha fechado no início da semana mas, segundo ele, só fecha amanhã. Aqui Leonardo Jardim falou um pouco para "inglês ver", já que não levo a sério que ele considere Diego Capel "um jogador importante". Se assim fosse, nos olhos do treinador, não teria apenas 855 minutos de jogo na I Liga - equivalente a 9,5 jogos, 9 como titular e 7 como suplente -, já não é titular desde o jogo com o Arouca da 16.ª jornada e nos últimos dois jogos nem do banco saiu. Há muito que é óbvio que a SAD prefere transferi-o e, pelas palavras do treinador, essa hipótese ainda está sobre a mesa. A referência a "outro" jogador também a poder sair, será, decerto, em relação a Welder ou Magrão, isto pura conjectura minha.
«Este tipo de notícias não são do carácter desportivo e o pai do Mané está fora do pais há dois anos. Não acredito que Mané fique afectado, porque ele vive na Academia, isto depois de ter ultrapassado muitos obstáculos durante o seu crescimento. Ele é um jovem sério, profissional e um exemplo para os restantes jogadores da Academia. Acho que uma notícia deste género não vai criar instabilidade junto dele.»
A notícia em questão é sobre a indecorosa manchete do pasquim dos Cofinas, o Correio da Manhã, que maliciosamente refere o jogador por o ausente pai ter problemas com a justiça. Não hajam dúvidas que isto foi feito deliberadamente para destabilizar o jogador e, por consequência, o Sporting. O treinador fez muitíssimo bem ao vir a sublinhar a conduta exemplar do jovem Mané e, de certo modo, dar-lhe apoio. Isto poderá não criar instabilidade, como diz Leonardo Jardim, mas o que "não mata dói". Em geral, o Sporting nunca pode contar com a simpatia de nenhum diário desportivo em Portugal, mas todos os sportinguistas deviam fazer boicote ao acima referido pasquim e ao seu "irmão", o Record, dirigido pelo manhoso Manha.
Pela vertente técnica, o treinador adiantou uma apreciação muito certeira sobre Carlos Mané, referindo que com ele a apoiar o avançado a equipa fica mais ofensiva, mas em termos de pressão mais fragilizada. Com ele no corredor, como é habitual, temos mais pressão e equilíbrio. Talvez que esta última opção seja a mais equilibrada, ou até um mal menor, dado que o maior rendimento ofensivo do jovem é no interior e não no corredor, onde o espaço de manobra é reduzido. Acho que em determinados jogos perante determinados adversários, o técnico deveria dar mais ênfase à vertente ofensiva e maior liberdade aos criativos da equipa. Algo semelhante acontece com André Carrillo, embora este tenha mais características de extremo.
«Conheço Jorge Paixão há alguns anos, porque ele tem percorrido algumas das divisões baixas no futebol e já nos econtrámos no campeonato. É um treinador experiente, mas não acredito que vão existir muitas mudanças, porque ele chegou há três ou quatro dias. Agora, vamos encontrar um Braga extremamente motivado para tentar rectificar o que tem feito no campeonato.»
Como bem sabemos, estas "chicotadas" com treinadores é uma "faca de dois gumes", mas concordo com Leonardo Jardim quando diz que o SC Braga vai aparecer muito motivado, com os jogadores a quererem impressionar o novo treinador.
Por fim, o treinador revelou que a tão esperada estreia de Shikabala ainda não vai ser para agora, dado que o jogador egípcio anda a treinar condicionado fora do grupo e só para a semana é que deverá integrar os trabalhos do plantel.
Quase que apetece dizer que "contra a força não há resitência", embora no caso concreto de Cristiano Ronaldo seja uma combinação de força, dinâmica e muito talento. O jogador português regressou à competição após cumprir três jogos de castigo na Liga espanhola, e foi parte central da "onda" que varreu o Schalke 04 em Gelsenkirchen, goleando a equipa da casa, por 6-1, em jogo a contar para a primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões.
Cristiano Ronaldo marcou (2), deu a marcar - Bale e Benzema também bisaram - e ainda mandou um remate ao poste. Incrível este "Bola de Ouro", sem dúvida alguma o melhor jogador do mundo neste momento.
Em conversa com um amigo meu sobre este jogo - a que não assisti salvo ter visto o resumo - e este comentou que o Schalke 04 "é um equipa fraca". Respondi-lhe que "se é uma equipa fraca, alguém os deve alertar dessa condição, porque decerto que eles não se consideram fracos. Estão nos oitavos de final da Champions, quando muitas boas equipas já ficaram pelo caminho (Benfica e FC Porto, a exemplo) e na Bundesliga estão actualmente em 4.º lugar, apenas dois pontos atrás do 2.º classificado, Bayern Leverkusen." Em Portugal estariam indubitavelmente a lutar pelo título, se não a liderar a classificação, tal é a potência do futebol alemão.
Com estes dois golos, Cristiano Ronaldo passou a somar 11 nesta edição da Liga dos Campeões - tornando-se no primeiro jogador a marcar 10 ou mais golos em três épocas consecutivas - e 61 na carreira, passando van Nistelrooy (60), mas ainda atrás de Raul que regista 71, ao serviço do Real Madrid e, posteriormente, deste mesmo Schalke 04.
- Em notícias vindas de Espanha, documento com nomes de jogadores a contratar ficou esquecido e mesa de restaurante por investidores do Atlético de Madrid. Um desses nomes é William Carvalho.
- Mercado russo fechou sem chegarem propostas por Diego Capel. Embora tenha perdido espaço na equipa, continua a ser um elemento válido e é opção para as alas. (Pelo menos até ao fim da época)
- André Martins tem treinado durante a semana no lugar de Adrien Silva e é expectável que jogue nessa posição contra o SC Braga.
- Domingos Paciência diz que o SC Braga "habitualmente faz bons jogos contra o Sporting. Os jogadores vão querer mostrar uma nova imagem perante o novo treinador. O Sporting deve esperar um adversário muito atrevido e a jogar com muita intensidade.
- Pai/empresário de Elias diz que "estão a impedir que ele desempenhe a sua profissão. Alguém vai ser responsabilizado por isso."
Poucos portugueses, no país e fora fronteiras, não terão visto as imagens televisivas dos incidentes que ocorreram no domingo passado no Dragão, pela saída, ou tentativa de saída, dos jogadores do estádio após a derrota às mãos do Estoril. Nomeadamente aquelas que mostram um segurança do clube do Norte a desrespeitar a autoridade policial e inclusive dar um empurrão a um agente da PSP. A primeira ideia que me surgiu ao assistir à cena, foi que em muitas partes do mundo aquele segurança só sairia do local algemado e... talvez até não ficasse por aí. Em qualquer país civilizado o acto é considerado uma agressão com pena potencialmente severa. Neste caso concreto, aconteceu em Portugal e envolveu o FC Porto, clube que há longo age como que imune às leis e frequentemente como autoridade própria.
A Polícia de Segurança Pública informou que vai participar os incidentes às "autoridades competentes", com fundamento nos relatórios que os agentes que estiveram no local irão fazer. Na base das queixas da PSP estão os empurrão/empurrões de um elemento da segurança a um elemento da força policial, assim como a desobediência do clube a uma ordem da PSP, quando esta força policial disse para os jogadores sairem por um lado alternativo.
Sempre rebelde a tudo quanto é autoridade, Pinto da Costa argumenta que "não aceitámos que a Polícia nos quisesse obrigar a ir em sentido contrário do trânsito, em contramão, para não passarmos junto dos adeptos."
É por de mais óbvio que a preocupação primordial do presidente do FC Porto centrou-se exclusivamente na condução de veículos "em sentido contrário e em contramão". Ainda vai ser condecorado por este seu acto de consciência para com as regras de condução !
De qualquer modo, sabendo o que "a casa gasta", vou esperar sentado à espera de qualquer condenação aos dirigentes e funcionários do FC Porto que participaram neste incidente.
Pese ser no jornal "Record", uma reportagem algo fora do usual e interessante da autoria de Víto Almeida Gonçalves, sobre o jovem Wallyson Mallman que milita na equipa B do Sporting, depois de passagens pelo Manchester City e Basileia.
O artigo pode ser lido aqui, mas o jornalista dá a entender que o médio criativo que ele considera um "8", está a impressionar Leonardo Jardim e até admite a possibilidade de vir a ser convocado na ausência de Adrien Silva.
Não avanço com apreciação alguma sobre o Wallyson porque não tenho assistido o suficiente a jogos da equipa B, mas decerto que haverão leitores mais informados quanto aos dotes deste jogador.
O nosso amigo Dr. José Manuel Meirim - especialista em Direito do Desporto - emitiu uma interessante opinião sobre o actual conflito entre a Liga e os Clubes que a constituem, nomeadamente que a pretensão destes em quererem destituir o presidente do executivo "não ofende a lei", dado que é um "direito dos associados".
Como é do conhecimento público, o presidente da Assembleia Geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional - Carlos Deus Pereira - já indeferiu diversos pedidos pelos Clubes de um reunião magna visando a destituição do presidente do organismo, Mário Figueiredo. Entende o Dr. José Manuel Meirim que este pedido de destituição "não ofende a lei e não ofende os estatutos e que pretende preencher o exercício de um direito dos associados."
Tão ou mais importante, opina o jurista, os estatutos e o Direito em geral prevêem este tipo de assembleias gerais, e que "não compete ao presidente fazer qualquer juízo sobre o valor da questão da fundamentação, porque senão fica na mão do presidente da Assembleia Geral nunca haver esse debate no órgão único que tem a competência para decidir a destituição por justa causa (o termo mágico, novamente, "justa causa").
Este argumento evidencia-se pelo sentido que faz. Quanto ao que constitui "justa causa" para a destituição do presidente do executivo, desconheço as considerações estipuladas nos estatutos da Liga, mas quero crer que não serão muito rigorosas, tendo em conta que os clubes são, para todos os efeitos, a "entidade patronal" e o presidente do executivo um "empregado". Considera o Dr. Meirim que há amplo fundamento para anular o terceiro indeferimento da convocatória de uma assembleia geral da Liga por violação dos estatutos e, assente neste argumento, os Clubes podem agora recorrer para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol.
Cada vez mais, o futebol, desporto e indústria, alarga os seus horizontes operacionais muito além de somente dar "quatro pontapés na bola".
- Slimani foi convocado para representar a Argélia no amistoso que vai realizar frente à Eslovénia, no dia 5 de Março. Ghilas não está na lista.
- O único caso clínico do Sporting é Shikabala, embora já faça treinos condicionados no relvado. Há alguma hipótese de se estrear pela equipa principal frente ao V. Setúbal.
- Com ou sem conhecimento de causa, o jornal "O Jogo" adianta que Rojo foi avisado para ver menos cartões, com pena de ceder o lugar a Eric Dier.
- Cinco jogadores que actuam em Portugal foram convocados para a selecção de Cabo Verde, tendo em vista o amistoso com o Luxemburgo. Entre eles, Heldon do Sporting.
- Na fase de grupos da Taça EHF, a equipa de andebol do Sporting regista o melhor ataque da prova, com 98 golos, e a segunda melhor defesa, com 77.
- A tripla saltadora do Sporting, Patrícia Mamona, vai representar Portugal nos Mundiais de Atletismo de pista coberta de Sopot, Polónia, que terão lugar de 7 a 9 de Março.
«Esta Liga termina em Junho. agora, se os clubes alterarem os estatutos e voltarem a exigir que seja assim e não entregarem a Liga... Não está em causa o presidente actual da Liga, está em causa qualquer presidente da Liga. Pessoalmente, não tenho nada a apontar ao senhor Mário Figueiredo. Mas não faz sentido que seja ele, ou quem for, a ter os poderes de escolher para o executivo quem bem entender, podendo no dia seguinte demiti-los se bem entender, e que os clubes nada tenham a ver com isso. Chega a ser ridículo numa entidade patronal, os patrões não terem assento na direcção do organismo.»
- Jorge Nuno Pinto da Costa -
Observação: Como já tive ocasião de afirmar em um outro post, não estou muito por dentro da "guerra" em curso entre clubes - pelo menos alguns clubes - e a Liga, mas em primeira análise, num plano meramente teórico, as palavras do presidente do clube do Norte - após a reunião do Conselho de Presidentes que, propriamente dito, não chegou a acontecer - até aparentam fazer algum sentido. Dito isto, também é perfeitamente claro que o que Pinto da Costa pretende, com há longo faz, é os meios para o preenchimento de cargos nos organismos que superintendem o futebol português com pessoas partidárias ao FC Porto e, assim, dominar o "milieu". Por fim, uma outra consideração que me confronta: não tenho memória alguma do presidente portista expressar a mínima preocupação com os poderes do presidente da LFPF, enquanto o seu "braço direito" de muitos anos - agora presidente da FPF - era o líder do organismo.
Um enorme jogador - 1935-2014 - Descanse em paz.
Homenagem da FIFA ao "Monstro Sagrado"
Foto: Campeonato do Mundo 1966
Portugal vs Inglaterra
Mário Coluna e Bobby Moore
Dá para imaginar que estes não são dias muito felizes para o internacional espanhol Diego Capel. A sua preponderância na equipa tem vindo em evidente decrescente, dado que já há quatro jogos que não é chamado ao onze por Leonardo Jardim - a última vez foi frente ao Arouca no dia 18 de Janeiro - e, nos últimos dois, frente ao Olhanense e Rio Ave, nem do banco dos suplentes saiu, preterido a favor do recém-reforço Heldon que tem sido sempre titular desde que chegou a Alvalade.
Na campanha da I Liga em curso, Diego regista participação em 16 dos 20 jogos realizados pelo Sporting, 9 como titular e 7 como suplente utilizado, acumulando 855 minutos de jogo (9,5 jogos), com um único golo marcado, no dia 2 de Novembro de 2013, na vitória, por 3-2, sobre o Marítimo. Não será por esta baixa produção que não merece a confiança do treinador, tendo em conta que nenhum dos extremos do Sporting se tem evidenciado nesse capítulo, com o total de 8 golos entre os três, inclusive de Carlos Mané com 2 e sem contabilizar os 9 de Heldon que foram marcados ao serviço do Marítimo - e que por esta altura já terá verificado que marcar golos pelo Sporting é missão muito mais espinhosa do que pela equipa do Funchal.
Não é segredo algum que a Sporting SAD preferia ter transferido Diego Capel logo no início da campanha ou pela abertura do mercado de Janeiro, pelo seu salário mais elevado, mas se surgiram quaisquer propostas, é óbvio que não terão agradado. Tudo indica que Leonardo Jardim, a recorrer ao jogador, só o fará na condição de suplente e, na minha opinião, este é o tipo de atleta que, por norma, não dá grande rendimento a saltar do banco. É um jogador muito emocional que necessita de sentir que faz constantemente parte dos planos da equipa e que tem a confiança do treinador, e só nesse contexto poderá vir a render o seu máximo em prol do colectivo. Até que ponto a sua menor utilização e contribuíção terá tido impacte na "seca" de Fredy Montero é discutível, mas não deixará de ser um dos factores.
Na eleição de Melhor Jogador do Ano TSF/Opel Insígnia, os profissionais da TSF elegeram ao longo de todo o ano o "Homem do Jogo". A lista dos 10 jogadores mais nomeados foi sujeita à votação dos adeptos e do cruzamento dessas duas votações surgiram os três finalistas, que foram então à votação dos 38 treinadores das duas ligas profissionais. Através dos votos de 36 desses treinadores, Nemanja Matic foi eleito o Melhor do Ano de 2013, com 146 pontos, João Moutinho ficou no 2.º lugar com 130 pontos e, mais distante, com 48 pontos, no 3.º lugar, Fredy Montero.
Até acho que o prémio foi bem entregue a Matic pelo seu excelente ano ao serviço do Benfica, mas não deixo de fazer dois reparos sobre este processo. Primeiro, é de notar que os únicos dois treinadores que não votaram foram os do FC Porto: Paulo Fonseca e Luís Castro da equipa B. Não terá sido por mera coincidência, decerto, deixando a ideia que a estrutura portista proibiu-os de votar, por razões não reveladas. O segundo reparo centra-se na votação sobre dois jogadores que apenas jogaram meia época em Portugal em 2013: João Moutinho que foi transferido para o Mónaco no Verão, e Fredy Montero que chegou a Alvalade nessa mesma altura. Parece-me mais justo e lógico que uma das condições de elegibilidade fosse que os jogadores votados teriam de ter jogado o ano inteiro em Portugal e não somente cerca de seis meses.
De qualquer modo, são estas as regras e resta dar os parabéns a Fredy Montero, que disse o seguinte:
"Foi uma honra receber este prémio depois de tão pouco tempo cá. Não sei se a minha adaptação está a ser fantástica. Só sei que quero mostrar em campo o quão feliz estou por jogar na Europa e num grande clube como o Sporting. Espero para o ano voltar a esta gala e, se possível, ficar um pouco acima no pódio."
Um dia muito sossegado no universo Sporting; uma boa ocasião para reflectir nos números dos jogadores leoninos com dois-terços do campeonato realizado:
* Rui Patrício - 20 jogos realizados - 1887 minutos de jogo (20,9 jogos) - Sem cartões
* Marcelo Boeck - 3 jogos na Taça da Liga - 280 minutos (3,1 jogos) - Sem cartões
* Cédric Soares - 19 jogos - 1793 minutos (19,9 jogos) - Cartões Amarelos 5+2 - Golos 1
* Maurício - 19 jogos - 1791 minutos (19,9 jogos) - Cartões Amarelos 4 - Golos 1
* Marcos Rojo - 16 jogos - 1481 minutos (16,4 jogos) - Cartões Amarelos 5 - Golos 2
* Jefferson - 16 jogos - 1466 minutos (16,2 jogos) - Cartões Amarelos 5+1
* Eric Dier - 10 jogos - 666 minutos (7,4 jogos) - Sem cartões
* Iván Piris - 7 jogos - 659 minutos (7,3 jogos) - Cartões Amarelos 3
* William Carvalho - 19 jogos - 1755 minutos (19,5 jogos) - Cartões Amarelos 5+1 - Golos 2
* Adrien Silva - 20 jogos - 1808 minutos (20,08 jogos) - Cartões Amarelos 5 - Golos 4
* André Martins - 19 jogos - 1449 minutos (16,1 jogos) - Cartões Amarelos 1 - Golos 3
* Vítor Silva - 8 jogos - 340 minutos (3,7 jogos) - Cartões Amarelos 1
* Gerson Magrão - 6 jogos - 113 minutos (1,2 jogos) - Cartões Amarelos 1A
* Diego Capel - 16 jogos - 855 minutos (9,5 jogos) - Cartões Amarelos 1 - Golos 1
* André Carrillo - 17 jogos - 1073 minutos (11,9 jogos) - Cartões Amarelos 1 - Golos 2
* Wilson Eduardo - 18 jogos - 1058 minutos (11,7 jogos) - Cartões Amarelos 1 - Golos 3
* Heldon - 19 jogos - 1588 minutos (17,6 jogos) - Cartões Amarelos 2 - Golos 9 (Inclusive do Marítimo)
* Carlos Mané - 9 jogos - 283 minutos (3,1 jogos) - Cartões Amarelos 2 - Golos 2
* Islam Slimani - 16 jogos - 410 minutos (4,5 jogos) - Cartões Amarelos 1 - Golos 4
* Fredy Montero - 20 jogos - 1839 minutos (20,4 jogos) - Cartões Amarelos 5 - Golos 13
Os números indicam essencialmente o expectável, ou seja, que os jogadores mais utilizados por Leonardo Jardim (com mil ou mais minutos de jogo), são precisamente aqueles que, por norma e salvo as diversas diferentes combinações com os extremos, constituem o onze mais titular: Rui Patrício, Cédric, Maurício, Rojo, Jefferson, William, Adrien, André Martins, Wilson Eduardo, Carrillo e Fredy Montero.
Heldon não entrou no acima referido lote por ser um recém-chegado, embora tenha sido sempre titular desde que chegou ao Sporting. Diego Capel lidera o grupo dos não titulares mais utilizados, seguido por Eric Dier, Piris e Slimani. Muito mais à distância situam-se, então, Vítor Silva, Carlos Mané e Magrão.
Quaisquer conclusões provenientes destes números são muito subjectivas, dado que enquanto o factor cansaço tem sido invocado com alguns jogadores, a exemplo de Adrien, muito pela sua posição, também será justo argumentar que com uma carga de jogos tão leve, relativamente falando, e a jogar a maior parte da época praticamente um jogo por semana, esse factor não entra ou não deve entrar na equação. Uma disposição é clara, por esta e outras estatísticas que já aqui divulgámos: pelo sistema da equipa, raro é o jogo em que qualquer um dos extremos que em qualquer jogo seja chamado para o onze inicial, consegue manter o rendimento desejado ao longo dos 90 minutos.
Os números não mentem, mas podem induzir conclusões erradas, mediante o contexto da análise sustentada por esses números. Isto, a propósito do artigo de José Manuel Ribeiro sobre a produção de Slimani a saltar do banco. O avançado argelino teve ocasião de ser titular pelo Sporting em jogos da I Liga somente frente ao Benfica - será porventura novamente contra o SC Braga, pelo castigo a Fredy Montero -, registando 410 minutos de jogo (4,5 jogos) pela sua utilização quase sempre como suplente, marcando 4 golos, ou seja uma média de 0,88 golos por jogo, um golo a cada 102,5 minutos (acumulados) em campo.
Esta estatística disponibiliza-lhe uma eficácia goleadora superior a Fredy Montero, à letra dos números, mas pode ser e é em facto enganador. O avançado colombiano regista 1839 minutos de jogo (20,4 jogos) em 20 jornadas da I Liga - acumulando os minutos de desconto em cada jogo que alinhou do princípio ao fim - com 13 golos marcados, ou seja, uma média de 0,63 golos por jogo, um golo a cada 141,4 minutos (acumulados) em campo. No entanto, o registo de Fredy Montero pode ser analisado em duas partes: a primeira, que indica que marcou os 13 golos nos seus primeiros 12 jogos, que lhe dá uma média de 1,08 golos por jogo; a segunda, a que já referimos acima, dado que não voltou a marcar na Liga desde que apontou dois golos ao Gil Vicente, no dia 8 de Dezembro de 2013.
Mas a parte mais enganadora destes números, comparando a eficácia de produção dos dois avançados, centra-se em determinados factores por detrás dos números que sustentam o registo estatístico, e é neste contexto que o artigo de José Manuel Ribeiro se torna relevante.
Diz o director do jornal "O Jogo" - palavras para o efeito - e na minha opinião bem, que Slimani não tem entrado em campo refém de um qualquer sistema de jogo - seja o 4x3x3 ou o 4x4x2 - em que o adversário já está preparado para contrariar, mas sim com liberdade de acção que pela sua constituição atlética e técnica exige uma cobertura defensiva adicional e individual, o que é/seria diferente se entrasse logo de início. Aliás, como confirmação deste argumento, basta verificar que Slimani, além do acima referido jogo com o Benfica, foi titular em dois jogos para a Taça da Liga (159 minutos em campo) e em um jogo da II Liga (96 minutos em campo), sem marcar um único golo. Além do mais, como indica José Manuel Ribeiro, o avançado argelino ao saltar do banco dos suplentes nas derradeiras fases dos jogos em que participou e em que marcou, foi beneficiado pelo inevitável desgaste dos defesas adversários que alinharam desde o primeiro minuto e a mudança repentina do jogo do Sporting que, com ele em campo, começa a jogar um futebol mais directo, visando tirar proveito das suas características, físicas e técnicas, e exercer maior pressão no eixo defensivo. Também muito relevante, é a mudança de posição de Fredy Montero que invariavelmente posiciona-se na zona intermediária entre o seu meio-campo e a ponta da lança ofensiva, neste caso Slimani, e faz uso da sua ampla técnica e visão de jogo em sustento das manobras ofensivas.
Por tudo isto e mais, que deixamos para uma outra ocasião, é justo afirmar que os números não mentem mas podem ser enganadores.
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