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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Jogadores e clubes têm de se entender. Pela sobrevivência de todos.
Faz sentido o apelo de Joaquim Evangelista para que os jogadores não negoceiem revisões salariais com os clubes de forma individual, mobilizando-os para uma discussão conjunta e até articulada pelo sindicato. Afinal, em qualquer discussão deste tipo, a união faz a força e é evidente que a capacidade negocial de todos os jogadores juntos é maior do que a de cada um considerado individualmente.
Desde logo porque, sendo todos iguais, há obviamente alguns jogadores que são bastante mais iguais do que outros, seja no salário que recebem, seja no peso específico que têm nas respectivas equipas ou mesmo até em termos de estatuto reflectido, por exemplo, no valor comercial de cada um no mercado de transferências. Claro que essas diferenças também representam um desafio em termos de uma eventual negociação colectiva, onde uma solução igual para todos está longe de ser uma solução equitativa.
Unir numa frente comum e solidária realidades tão diferentes como as que separam, por exemplo, os jogadores dos três grandes dos restantes, ou até os jogadores da I dos da II Liga, será certamente um desafio para o sindicato. Mais discutível do que esse apelo à união é a ideia de que os clubes não têm motivos para discutir reduções salariais porque já anteciparam as principais receitas. Mais uma vez há uma diferença considerável entre o que é a realidade financeira dos maiores clubes portugueses e a dos restantes, onde qualquer variação nas receitas afecta de forma séria a liquidez.
De resto, mesmo os grandes enfrentam desafios complicados, seja pela perda imediata de bilheteira, seja pelo adiamento de receitas extraordinárias impostas pelo cada vez mais inevitável prolongamento da temporada, ou ainda até pela desvalorização de activos que a actual crise implica. No fundo, jogadores e clubes estão condenados a entenderem-se pela sobrevivência de todos, de preferência garantindo que uma situação excepcional não é argumento para beliscar direitos de forma definitiva.
Jorge Maia, O Jogo
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