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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
«Para mim o estádio de Alvalade é um local de culto! Dentro e fora do relvado. Nos 10 anos que «vivi» em Alvalade, enriqueci como homem e como desportista. Para além de todas as glórias do futebol, assisti ao vivo aos recordes do Fernando Mamede e do Carlos Lopes, às chegadas do Joaquim Agostinho na Volta a Portugal em Bicicleta, ao Sporting campeão Europeu de Hóquei em Patins, a grandes jogos de Andebol... para mim isto era um mundo de glória. Também era assim que se ganhava amor ao clube. Os nossos estágios eram em Alvalade. Ao lado do centro de estágio era a secção de Ciclismo, convivíamos uns com os outros. Tudo isto de perdeu. Mas a vida é mesmo assim, perdeu-se este lado, ganhou-se outro, com maior profissionalismo, melhores condições, a Academia de Alcochete e o novo estádio.
Fiz vários amigos em Alvalade. Um deles tinha a profissão de bombeiro. Sabem porquê? Antigamente, atrás da baliza sul, havia um local próprio para o lançamento do peso e do martelo, uma espécie de gaiola com um pequeno círculo de cimento. Para o atletismo dava jeito, agora para um ponta direito veloz como eu, era um perigo porque estava muito perto do relvado. As minhas arrancadas acabavam quase sempre naquela armadilha. É aqui que entra o meu amigo bombeiro. Pertencia ao corpo de Bombeiros Voluntários de Campo de Ourique, fazia sempre os jogos em Alvalade e, não sei porquê, adorava-me. Então, em vez de estar ao pé dos outros bombeiros, colocava-se junto a esse local para quando eu fizesse essas arrancadas em velocidade à linha, para cruzar, não me aleijar na tal pista de cimento. Aquele rapaz segurou-me dezenas de vezes. Era um verdadeiro amigo.»
* Do livro «Estórias d'Alvalade» por Luis Miguel Pereira.
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