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Ler os cronistas

Rui Gomes, em 22.03.13

 

«Bruno de Carvalho tem o sonho de ser presidente do Sporting. Esteve dois anos a preparar-se na sombra e estranha-se que o projecto do futebol esteja tão cru. Muitos nomes, mas falta de noção do que vai fazer cada um é algo que espanta. Mas beneficia do cansaço que muitos têm da linha a que se designou chamar continuidade e é visto como o salvador da pátria por quem está farto de insucessos desportivos. Ganhe quem ganhar, união é palavra vã. É isso que pode matar o Sporting.» 

 

-    Bernardo Ribeiro    -

 

«Como costuma acontecer depois da pilhagem - e o Sporting anda a ser pilhado há quase 20 anos -, poucos são os líderes que querem pegar no clube. Um é tolerado pelos principais responsáveis por este estado das coisas e defende o indefensável: a perda da maioria da SAD, o que significa que os sócios deixarão de ser donos do destino do Sporting. Outro promete milagres de Moscovo e assusta pela opacidade do seu passado e do seu futuro. A este falta a credibilidade para dirigir um clube com a dimensão que o Sporting ainda tem. Estou como a maioria dos sportinguistas: dividido entre a insegurança da aventura e a certeza de que pouco mudará. E, no entanto, sei, como sabemos todos, que desta vez não vamos poder falhar.»

 

-    Daniel Oliveira    -

 

Bernardo Ribeiro escreve, por palavras ligeiramente diferentes, o que eu escrevi num post logo após o último debate eleitoral. Concordo na íntegra com a sua opinião, embora desconheça se é sportinguista ou se tem preferência por qualquer dos candidatos.

 

Daniel Oliveira votou em Bruno de Carvalho no último acto eleitoral e não obstante este seu escrito, atrevo-me a sugerir que assim fará amanhã. Concordo com algumas das suas considerações mas lamento verificar que é mais um que simplesmente não alcança a totalidade do enquadramento em que o futebol moderno - desporto e indústria - subsiste. Já venho a insistir na necessidade de adaptar aos tempos esta modalidade de alta competição há longa data e em nada se relaciona com José Couceiro partilhar do mesmo parecer. Para começar, o modelo não é tão simplístico como Daniel Ribeiro descreve, em que existem variáveis. Mas o escopo do meu argumento - e mais tarde ou mais cedo os sportinguistas vão ter de encarar esta incontornável realidade - é que as exigências tornaram-se de tal modo elevadas, complexas e rigorosas, que não é realístico subjugar a gestão de uma SAD e do futebol ao parecer populista do associativismo, a exemplo do que está a acontecer no Sporting. Para se poder competir, desportiva e financeiramente, terá de existir uma estrutura sólida de raiz que não oscilará com os egos e os belo prazeres de quem é eleito popularmente. Perante o  cenário que confronta o Sporting hoje, é uma incógnita total o que vai ser a SAD leonina e a estrutura do seu futebol daqui a seis meses. Muito por isto, o futebol do Sporting tem sofrido e continuará a sofrer pelas constantes mudanças de liderança. Cada cabeça uma sentença !

 

publicado às 18:02

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4 comentários

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De Lionheart a 22.03.2013 às 18:44

O Porto clube tem apenas 40% da SAD mas sabemos que os outros accionistas estão alinhados com Pinto da Costa, entre os quais António Oliveira, dos maiores accionistas da SAD portista. Este é um modelo de dispersão de accionistas que confere na prática ao clube o controlo da SAD. Se pode ser seguido no Sporting, depende da margem de manobra da próxima direcção e dos interessados em investir na SAD.

O maior problema na imagem do José Couceiro é nunca ter ganho um título na sua carreira. E também é preciso ver que as conjunturas das suas passagens pelo Sporting foram sempre péssimas, daí eu lhe ter chamado "bombeiro". Quando houve uma política desportiva expansionista, foram outros os escolhidos. Outros que ficaram muito prestigiados por isso, mas numa segunda passagem pelo clube as coisas correram muito mal. Talvez porque o seu papel nos títulos recentes foi exagerado e quando perante desafios maiores as suas limitações ficaram patentes. Títulos que ainda bem que os vencemos, mas foram fruto de circunstâncias que não se repetirão. E assim, enquanto uns ficam com reputação de "falhados", outros ficam "laureados" sem ter feito muito para isso.

Certo é que o José Couceiro é um homem sério e não alinha em certas coisas. Se calhar por isso nas fases expansionistas não interessava. Mas agora também não me interessa desenvolver isto, apenas reconheço que ganhar é muitas vezes uma questão de sorte e algumas pessoas que passaram pelo Sporting tiveram muita sorte mesmo. Estavam naquele sítio na altura certa. Outros só lhes calha quando é preciso apanhar os cacos. É a vida.
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De Rui Gomes a 22.03.2013 às 19:25

Caro Lionheart,

O modelo do FC Porto só sera verdadeiramente testado depois de Pinto da Costa, porque com ou sem maioria ele controla tudo.

O passado do Couceiro, especialmente como treinador, só é relevante em que faz parte do seu processo de evolução dentro do futebol e que lhe permite o conhecimento de raiz. Quero crer que ele tem uma visão muito sua que merece uma oportunidade. Ele nunca esteve na siuação de poder controlar o todo, simplesmente funções com parâmetros limitados.

Ontem teve uma oportunidade de dar uma «goleada» ao BdC mas deixou-a fugir com os ataques dos outros dois. A escolha vai recair entre os que se dispõe à aventura, sem medir bem os riscos, junto com os fanáticos do BdC e os restantes que optarão por uma via mais conservadora, mais serena e menos especulativa. Neste momento, não sei medir a dimensão da onda fanática.
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De Lionheart a 22.03.2013 às 19:40

Se o José Couceiro perder vai à vida dele. Se ganhar terá um capital "político" que nenhum presidente desde José Roquette conseguiu. Há dois, quatro, sete anos era "fácil" ganhar as eleições. Quem tivesse o apoio público de Roquette e Ricciardi era meio caminho andado. Hoje o Sporting está praticamente sem referências no dirigismo. É mais essa crise a juntar à crise do futebol e das finanças. Para além disso, temos tido uma crise institucional devido à guerra entre o CD e a MAG. O Sporting estava no ponto para ocorrer uma revolução em que ia tudo ao ar, a beneficiar um oportunista que está em campanha eleitoral há dois anos.

Por isso se o Couceiro vencer, e acredito que irá vencer, vence nos seus termos, à maneira dele, sem ter precisado de apoios públicos de "barões". Terá as mãos mais livres que outros, mesmo que com meios mais escassos. E terá ainda a garantia de conhecer as pessoas com quem vai trabalhar, os quais sabem ao que vão. Já a lista B no poder seria a repetição dos actuais corpos sociais, mas para pior.
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De Rui Gomes a 22.03.2013 às 19:49

Gostaria de sentir o seu optimism, mas opto por não menosprezar a cegueira pela banha da cobra.

Se BdC vencer, terei que ponderar o meu sportinguismo porque não me revejo seguir essa personagem como líder. A dúvida reside em como apoiar o clube e ignorar quem o governa, especialmente considerando as minhas ligações. Não vai ser fácil e vai exigir cuidadosa ponderação. Assumir uma postura de oposição, inevitável, que também não me agrada. Enfim, veremos... e duvido que se saiba amanhã.

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