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O «fascinante» princípio

Rui Gomes, em 24.03.13

 

Perante o resultado eleitoral, deveria agora escrever uma qualquer «declaração de desinteresse» para manifestar o meu respeito e a minha lealdade para com o novo presidente do Sporting. Como não sou hipócrita e não me escondo atrás de escritos finórios que só denotam a velhacaria do autor - a exemplo de outros - limito-me a reiterar, muito simplesmente, que muito embora Bruno de Carvalho seja o aparente novo presidente do meu clube, não é e nunca será o meu presidente, porque não me revejo na sua indecorosa conduta - a qualquer preço e por todos os meios ao alcance - para assegurar o poder que tanto o obceca.

 

Começo por ficar intrigado com as suas declarações inaugurais: «Chegámos aqui com o vosso apoio, o Sporting somos nós e eu sempre disse isso. A partir de agora mandamos nós. Para que toda a gente oiça, o Sporting é nosso outra vez.»

 

Qual é o significado destas suas palavras?... Que «nós» é somente aqueles que o apoiaram?... Que o Sporting na sua história centenária não tem pertencido a sportinguistas?... Ou que agora o poder caiu na rua e quem vai agora governar e mandar no Sporting é a falange militante que o tem vindo a apoiar, fanaticamente, desde 2011 ? Perguntas pertinentes, penso eu.

 

De qualquer modo, o novo lema aparenta ser a «união». Um sentimento e consideração severamente atraiçoados de há uns tempos a esta parte, pelo próprio, que sempre insistiu em nunca querer compreender os constantes apelos à união. Como agora serve um outro fim, o seu, é por de mais útil que a divisão entre sportinguistas, que foi por si e pelos seus provocada, se torne num terno abraço à causa comum.

 

E, por fim, uma questão que é deveras fascinante: os resultados anunciados são provisórios, uma vez que a totalidade dos votos por correspondência ainda não chegaram, no entanto, a eleição do novo presidente é dada como um facto consumado. Não, não pense o leitor que alimento falsas esperanças de um qualquer milagre à última da hora. Sou realista de mais para isso. Mas analisando o cenário, verifica-se o seguinte: boletins para o voto por correspondência foram enviados para 7,500 sócios e somente 1,500 foram recebidos até sexta-feira. Signifcando isto que, potencialmente, ainda poderão estar por chegar 6,000 boletins com um indeterminado número de votos. Atendendo ao elevado nível de abstenção, não é de prever que nem 3000 desses 6000 sejam devolvidos, mas se fossem, com uma média de apenas 3 votos por sócio, significaria 9,000 votos. A diferença entre Bruno de Carvalho e José Couceiro é precisamente 7,000 votos (45,327 e 38,327). Fascinante, não é ?

 

P.S. Sinto-me bastante «confortado» pela disponibilidade de Carlos Severino para ajudar este «novo» Sporting. Ele e Freitas Lobo, claro.

 

publicado às 12:35

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9 comentários

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De Lionheart a 24.03.2013 às 17:54

Ele tem de dizer alguma para satisfazer as massas, mas é pura demagogia. Os "notáveis" de que fala, tanto alinharam com a continuidade, como agora alinham com o novo poder. O que é que mudou Rui? Mudou o estilo, mais nada. Este personagem é um produto de um clube descaracterizado, que perdeu identidade, referências e cultura própria. É o produto de um "projecto" Roquette, que falhou muito neste aspecto, por ter acabado com um espaço uno do Sporting. Eu sei que a industrialização do futebol iria levar a que um espaço como Alcochete fosse imprescindível, mas ainda assim, se não tivessem havido erros de concepção graves no estádio teria sido possível realizar treinos semanais no estádio. Ao invés temos espaços comerciais vazios e decadentes, para os quais já nem há dinheiro para a manutenção. Por causa disso na "família" sportinguista foram uns para cada lado, como se um comesse na sala, outro no quarto, outro na cozinha, outro fora de casa, e só se vêm à entrada e à saída, no nosso caso no estádio, mas pouco têm em comum, porque nem sequer se dão.

Como é que os jovens têm primeiro contacto com o "sportinguismo" hoje em dia? Através das redes sociais, onde pontifica este indivíduo, o qual deturpa os factos à sua conveniência. Eu aprendi a ser sportinguista 'in loco'. Ia aos jogos claro, mas durante a semana ia assistir aos treinos do futebol e das modalidades, conhecia funcionários e seccionistas do clube e convivia com sócios mais velhos, com os quais aprendi muitas coisas sobre o Sporting. Hoje o típico apoiante do novo presidente não sabe nada sobre o clube, nem tem respeito pelas pessoas que fizeram dele um clube grande. Qual a diferença entre um sportinguista e um benfiquista hoje em dia? Nenhuma. Mas no meu tempo, anos 80 e 90, havia uma cultura sportinguista. Um cultura real, não virtual. Podíamos ganhar pouco, mas tínhamos a cara lavada. Hoje nem isso. Hoje o Sporting é um clube vulgar, com imensos cagões de alto a baixo. Tem felizmente nichos de excelência que são mérito dos seus funcionários e atletas, não dos seus sócios e adeptos. Veremos quanto tempo se conseguem manter.
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De Rui Gomes a 24.03.2013 às 18:54

A Academia era inevitável e, hoje em dia, as equipas raramente treinam à porta aberta. O pavilhão junto ao estádio devia ter feito parte do projecto original como também, penso eu, uma pista no estádio.

Mas compreendo onde quer chegar. Inúmeras vezes que eu lá estive durante a semana para efeitos diversos, e estava lá sempre a «clientele» da ordem, especialmente durante a manhã. Era o ponto de encontro. BdC vai rapidamente ver que não vai longe com esta demagogia que usou na campanha.

Quem é aquele «Gonçalo» que apareceu no blogue do Manuel Humberto e referiu-se a mim ? O MM parece que está de rastos.

Já aquela meia dúzia de abutres do meu antigo espaço estão eufóricos com a situação. Enfim, celebrar enquanto é possível.
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De Lionheart a 24.03.2013 às 19:30

Caro Rui, quando GL assentiu à mudança dos estatutos assinou a sua sentença de morte, porque os outros pressentiram fraqueza nele e a partir daí foi fazer tudo para forçar uma mudança de poder, aproveitando as novas regras do jogo. E o que é que o Sporting ganhou com isso? Cedo se detectou que se agravaram alguns problemas e criaram-se outros. A maioria sentir-se-á mais representada no novo poder, mas é um poder sem qualidade, derivado de um tipo de adepto sem qualidade, porque quando o Carvalho se espalhar, a base dele vai-se chatear com o Sporting e deixa de ser sócio do clube. Esse tipo de adepto inconstante jamais pode ter o mesmo número de votos do que os que são sócios há 10, 15, 25, 50 anos. Até no Benfica há uma diferenciação dos votos e tem estatutos que restringem muito mais o acesso ao poder do que o Sporting. No Porto é um voto por sócio porque esse clube não tem eleições, mas sim plebiscitos a Pinto da Costa. Quando ele se for embora os estatutos serão alterados, de certeza.

É preciso ver que o vínculo que se tem com um clube não é obrigatório. Ninguém é obrigado a ser sócio do Sporting e pode deixar de o ser quando quiser. Já um cidadão português quando vota numa eleição nacional sabe que tem de ter algum cuidado, porque será sempre afectado pelo resultado da governação. Ninguém é pessoalmente afectado pelo resultado da votação num clube desportivo, a não ser que seja funcionário do mesmo. Nesse sentido, é perfeitamente lógico que os sócios mais antigos dos clubes sejam também aqueles que são mais conservadores, porque são os que lhe são mais fiéis e por isso mais se importam e sofrem com os mesmos.
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De Rui Gomes a 24.03.2013 às 20:45

Caro Lionheart,

Muito pelo que diz, especialmente no segundo parágrafo, é que eu há longo entendo que o futebol da actualidade, desporto e indústria, não pode estar dependente do voto populista, nem de presidentes eleitos por esse sistema. Tem de ter uma gestão autónoma que não é afectada pelas oscilações «políticas» associadas ao clube em si. Sei que é um conceito difícil de aceitar, em princípio, mas é inevitável que aconteça. No FC Porto não é factor porque PC põe e dispõe como deseja. Pela saída dele, o clube vai ter muitas dificuldades nesse sentido. O SLB, sob LFV, também não está muito longe disso. Um dos aspectos que mais preocupa alguns, é que sem a maioria do capital da SAD, o president do clube não vai poder assumer a presidência da SAD, automaticamente.
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De Lionheart a 24.03.2013 às 21:21

Claro. O futebol do Sporting é vítima do eleitoralismo, ou seja, das concessões que se têm de fazer para obter apoios para ganhar as eleições. E depois porque é que onde se joga o poder, porque bons resultados consolidam uma direcção e maus resultados fazem-na cair. Com este associativismo disfuncional, porque não tem escala suficiente (as receitas de quotização anuais não chegam para pagar um jogador bom, quanto mais paa financiar um plantel), não tem coesão (por causa da ausência de uma cultura sportinguista transversal à massa associativa), e devido às constantes lutas por lugares, o futebol do Sporting não tem hipótese alguma de ter êxito regular.

Daí que em desespero eu fale na perda do controlo do futebol por parte do clube, porque aí a disfuncionalidade do clube não afectaria o futebol. Mas esse cenário comporta um risco de monta e que é que a única parte do futebol do Sporting que é atractiva é a formação. Na lógica de um investidor estrangeiro, este pode não ter interesse algum na equipa A e procurar apenas deitar a mão aos produtos da formação. O que significaria que o Sporting continuaria sem ser competitivo no futebol profissional.
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De Rui Gomes a 24.03.2013 às 22:03

Concordo, na íntegra, com a primeira parte. Já a segunda é uma temática muito mais complexa. O processo, a acontecer, terá de ser cuidadosamente estudado e muito recai sobre quem serão os investidores e o capital a investir. Há sempre riscos, claro, a ideia é de tomar precauções para os minimizar. Há modelos diferentes que podem ser implementados, sem haver, necessariamente, o poder centralizado.
Embora em circunstâncias um pouco diferentes, temos o caso do Man U. Tudo começou com o pai, Malcom Glazer, que começou com um investimento gradual até que assumiu a maioria e,daí, a totalidade. Levou uns bons anos a conseguir isto e o investimento envolveu muitas centenas de milhões. Os filhos assumiram a gestão através de uma corporação e têm vindo a recuperar o máximo possível sobre o investimento. O Man U não terá agora a mesma liberdade orçamental, mas continua uma potência e sua identidade não foi hipotecada.

Penso que, em análise final, é necessário encontrar um modelo em que o futebol não dependa da influência populista, porque, como bem indica, enquanto assim se mantiver nunca poderemos ir muito longe. A lógica, onde lógica existe, indica que um investidor astuto e de longo prazo não quererá tirar o sustento e a imagem do futebol do SCP, apenas para lucros imediatos. Não faz sentido. Por isso digo que a identidade do investidor é crucial.
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De Tiago a 24.03.2013 às 21:04

O homem chama-se Tomás Morais. O Tomás Aires é outra pessoa. Mas eu percebo que a vontade de dizer mal é tanta que qualquer nome serve.
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De Rui Gomes a 24.03.2013 às 21:08

Sempre a desconversar. Deve tartar desse seu enorme complex. Bastaria apontar o meu erro e eu corrigiria a informação. Não julgue os outros pelo que vê ao espelho.
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De Rui Gomes a 24.03.2013 às 21:09

Sempre a desconversar. Deve tratar desse seu enorme complexo. Bastaria apontar o meu erro e eu corrigiria a informação. Não julgue os outros pelo que vê ao espelho.

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