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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
A liberdade de expressão como o veículo da transmissão de informações e ideias por quaisquer meios independentemente de fronteiras, é o alicerce fundamental em uma democracia. Os poderes democráticos, quer sejam governamentais ou institucionais, não controlam o conteúdo dos discursos escritos ou verbais, garantindo, por esses princípios, que as democracias tenham muitas vozes exprimindo ideias e opiniões diferentes e até contrárias, resultando num debate livre e aberto - deveras salutar - como a melhor opção a oferecer mais probabilidades do melhoramento da sua existência. A liberdade de expressão é um direito fundamental consagrado em democracia que depende de uma sociedade civil, educada e bem informada, cujo acesso à informação lhe permite participar tão plenamente quanto possível no seu enquadramento público.
A censura é tão antiga quanto a sociedade humana, sendo a Grécia antiga a primeira sociedade a elaborar uma justificativa para a censura, com base no princípio de que o governo da Pólis (cidade - estado) constituía a expressão dos desejos dos cidadãos e que, portanto, podia reprimir todo aquele que tentasse contestá-lo. Na sociedade moderna, censura é usada por qualquer grupo de poder ou até fracções individuais da sociedade, no sentido de controlar e suprimir informação, certos pontos de vista e opiniões divergentes, constrangindo-os pelo impedimento da sua divulgação ou através de comentário ameaçador à opinião contrária, de forma punitiva ou repressiva.
Conheço a História do Sporting e tenho muito orgulho em ser sportinguista. Os métodos de pressão e censura à opinião contrária que se verificam hoje em dia nas redes sociais, na blogosfera e em outros espaços da Internet - assentes na estéril premissa do «nós» e «eles» - contrastam com os preceitos morais e educacionais da sociedade livre, em que prepondera o sentimento de comunidade, em geral, e o espírito de ser Sporting, em particular. Pelo rejuvenado sentido de reestruturar e recuperar o nosso Clube, esta desadequada, quase pré-histórica noção, tende desunir, não unir, gera divergências, não consensos e, em geral, prescreve um clima de antagonismo imprudente, indesejável e improdutivo. O todo é sempre mais forte do que a parte e julgo ser essa a mensagem que foi enunciada pela nova liderança. O Sporting Clube de Portugal é um clube muito grande, tão grande quantos os seus cerca de três milhões de sócios, adeptos e simpatizantes desejam, e se não é da pertença exclusiva de um pequeno grupo de outrora, também não é de um pequeno grupo do presente. Parafraseando o Marquês de Sade: «Só me dirijo às pessoas capazes de me entender, e essas poderão ler-me sem perigo.»
Artigo da minha autoria publicado hoje no Jornal do Sporting.
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