No final da vitória sobre o Olhanense, que coincidiu com o adeus do Sporting à Europa para a próxima época, Jesualdo Ferreira dirigiu palavras marcantes à comunicação social e, indirectamente, aos sportinguistas:
"Se quero ou não quero ficar no Sporting na próxima época ? Se quero ou não quero, não vou responder porque isso seria puxar o fio todo. No entanto, e sobre os aplausos quando o meu nome foi ouvido no estádio, ninguém é indiferente ao carinho e ao recomhecimento.
Não foi fácil para mim e para os sportinguistas encarar-nos, eu porque sabia que ia entrar num contexto difícil e os sportinguistas porque vinha de clubes rivais. A verdade é que isso foi ultrapassado e só tenho de agradecer aos sportinguistas pelo reconhecimento que me deram. Há um registo de gratidão que me toca cá dentro."
Apesar de não haver qualquer tomada de posição pública pela liderança do Sporting, é por de mais evidente que existem divergências entre as partes sobre o futuro «make-up» do futebol leonino. Pelas palavras proferidas por Jesualdo Ferreira de há uns dias a esta parte, não é difícil compreender que este pretende uma estrutura e um plano de acção que permita ao Sporting obter um nível de competitividade futebolística digna da imagem e da grandiosidade do Clube e que disponibilize, no mínimo, os meios para se poder ambicionar alcançar algumas metas. Esta não será a visão do presidente e de quem mais colabora com ele neste contexto. E, aqui, reside a essência do impasse.
Não tenho grandes dúvidas que a nova liderança até prefere que o técnico não permaneça, porque o seu objectivo primodial é formar um grupo íntimo de "yes men" em torno de um presidente que nada percebe de futebol mas que o pretende liderar de forma ditatorial. O problema com este desejo relaciona-se com o reconhecimento de que a vasta maioria de sportinguistas aprova a continuidade de Jesualdo Ferreira e contrariar esta vontade representa um grau de exposição e vulnerabilidade com enorme potencial para repercussões no curto prazo.