TEnho dois grandes e verdadeiros amigos que me deixaram de falar, não porque tivesse havido discussão, mas porque eu tenho sempre argumentos válidos para contrariar as suas teses facciosas. Lamentavelmente, estas coisas acontecem.
Quanto ao FC Porto, sou um grande admirador da sua estrutura operacional e de Pinto da Costa, salvo, claro, aquilo que nós sabemos. Depois de não chegar a acordo com o Cintra em 1993, pelos meus contactos no Norte, cheguei a ter um encontro com Pinto da Costa que me recebeu muito bem e foi possível travar o tipo de diálogo sobre futebol que com Cintra era impossível. Não me aceitou como director-técnico porque a sua equipa estava formada e ele, bem, não pretendia tocar nela. Muito simpático - privei com ele em outras ocasiões - e até me escreveu a agradecer o meu interesse em ingressar no FC Porto. Um destes dias pluclicarei essa carta.
Indiferente dos quês e porquês, o que é que eles pretendem ?... Dominar o pensamento de sportinguistas. Está sob o seu controlo o tipo de relações que deseja manter com os clubes rivais, contudo, esse controlo não é extensível ao pensamento e estado de espírito de sócios e adeptos do Sporting. Ou já chegámos a esse ponto ?
De Lionheart a 14.05.2013 às 17:27
Como controlam os media, tendo por isso sempre boa imprensa, só lhes falta controlar o que os adeptos dos outros clubes pensam deles.
De Lionheart a 14.05.2013 às 17:33
Sim, a organização do Porto é conhecida e depois complementam-na com o que sabemos. Também já tinha ouvido estórias sobre o Pinto da Costa em privado. Por isso é que este sempre cativou os dirigentes do Sporting, por ter sido sempre civilizado com estes. Outro coisa é o seu "modus operandi" fino e pérfido, aproveitando-se das nossas fragilidades.
A sua relação com Sousa Cintra era cordial, ao menos? A ideia que tenho dele era de uma pessoa empenhada, muito sportinguista, mas também muito influenciável e instável, além de que sabia pouco de futebol.
Pinto da Costa em privado é uma pessoa completamente diferente da persona pública. É muito simpático, amável e acessível. O pouco que lidei com ele fiquei muito bem impressionado. Além disso, pelas minhas amizades no milieu portista, ele, internamente, não é o ditador que se pensa cá fora. Ele lidera um grupo e trabalha em grupo. Esse é um dos segredos do seu sucesso.
Eu já conhecia Sousa Cintra antes de ele ser presidente do Sporting. Não é de fácil convívio pela sua maneira de ser muito extravante, tipo caixeiro-viajante, muito espontâneo e nem sempre ponderado.Quando eu acompanhava vices seus para a tribuna em Alvalade, eles evitavam de se sentaren perto dele pelas companhias que o ladeavam. Sobre futebol, é quase impossível dialogar com ele, isto em termos técnicos e profundos. Foi muito empenhado em fazer o melhor pelo Sporting, ninguém o pode acusar do contrário. Um dos seus problemas era querer meter o dedo em tudo e tomar decisões uniteralmente. Só queria "yes men" à sua volta porque girava por seu intermédio. Aí, o seu eventual fracasso, face ao que aspirava. O seu maior desejo era ser campeão. Aquela decisão sobre Bobby Robson e as circunstânicas em torno da mesma, davam para um filme de ficção. Teve um grande mérito: soube dar ouvidos a algumas pessoas sobre contratações e formou uma grande equipa que, diga-se, merecia melhor sorte.
Em particular, com negócios, era preciso ser muito cuidadoso com ele. Dar o dito por não dito era o forte dele. Em geral, fez um trabalho digno em prol do Sporting e como bem sabemos não se preocupava minimamente em dar a "dentada" aos lampiões sempre que possivel.
De Lionheart a 14.05.2013 às 19:00
Dar o dito por não dito é mesmo o termo exacto. O Figo, apesar de ser um mercenário, se o processo da sua renovação de contrato tivesse sido tratado de outra maneira, não tinha feito o que fez ao Sporting. O Sousa Cintra tomou-o por garantido e o Sporting tramou-se, porque depois quando o Cintra já queria renovar, o Figo já não queria, e o Benfica estava à espreita por intermédio do Parma/Parmalat...
A fase final do mandato do Cintra foi conturbada (o Queiroz estava em litígio com ele e conseguiu virar muitos sócios contra o Cintra). Há quem diga que a situação financeira na altura era crítica, mas depois apareceu o José Roquette, o Sousa Cintra afastou-se (se calhar também foi "convidado" a afastar-se) e não se falou muito sobre isso a não ser através dos remoques de Roquette sobre o modelo dos "mecenas" ser insustentável. Lamentávelmente, também o seu projecto o foi.