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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Muito se tem falado de investidores para o Sporting. Aliás, este foi um dos vectores principais de discussão na campanha eleitoral das últimas eleições. Nenhuma das candidaturas foi capaz de provar que tinha investidores, mas apena uma ganhou pelo que será essa que terá de os apresentar. Mas que tipo de investidores estarão na manga da nossa Direcção, pergunta-se ? Ora, na minha opinião, existirão, fundamentalmente, quatro tipo de motivações para um investidor se ligar a um clube de futebol como o Sporting:
- rentabilidade do investimento
- simpatia clubística ou sentimento de pertença local
- poder, contactos e prestígio social
- gosto pelo desporto e pela indústria futebol (explicado mais à frente)
Ora analisemos o que o Sporting tem para oferecer a quem se posicione para nele investir:
Quanto a rentabilidade do investimento, será pouca ou nenhuma. O nível de dívida é muito elevado, acabando esta por "comer" eventuais fluxos financeiros que a actividade libertasse - se é que os virá a libertar. Sabemos que a generalidade dos Activos estão já dados a Credores para alimentar a extenção dessa dívida, pelo que a própria perspectiva de receitas futuras não é nada por aí além.
O amor ou simpatia clubística parece não ser suficientemente grande para que os Sportinguistas mais endinheirados se arrisquem a pegar num Clube com grande problemas financeiros e em que os sócios e adeptos parecem severamente divididos. Existe ainda um problema de dimensão que um investidor deste tipo sempre defronta: as maiores fortunas nacionais não parecem inclinadas a este tipo de investimentos e as fortunas de dimensão média não estão na disposição de arriscarem posições consolidadas noutros investimentos para se arriscarem a perder quase tudo numa jogada deste tipo.
O poder, contactos ou prestígio social que tal poderia proporcionar, já os tem quem poderia investir. Para os grandes investidores estrangeiros, o tipo de poder, contactos e prestígio social que o Sporting pode dar não é comparável ao de um Manchester City na Liga inglesa ou de um PSG, equipa principal da cidade e país mais visitados do planeta. É claro que nenhum tubarão das finanças internacionais vai dar dinheiro para ver um Moreirense ou um Paços de Ferreira a jogar com o clube no qual investiu. A alternativa que se poderia abrir - de termos investidores de Angola - está fechada há algum tempo, considerados até exemplos de severas perdas que esses investidores sofreram em Portugal e dos riscos judiciais que agora aparecem a este nível. Um ponto adicional: esqueçam lá essa coisa de que algum investidor virá de Moçambique. Esse país é um dos mais pobres do Mundo. E não só não tem fortunas de grande dimensão como, caso tivesse e alguém viesse de lá colocar milhões no SCP, rapidamente seria condenado aos olhos do seu país e do Mundo.
Assim sendo, só a quarta perspectiva poderia mostrar algum interesse. Comprar o Clube que formou Figo e Ronaldo, o Clube que mais jogadores formados nas suas escolas teve no último EURO 2012, o Clube que sempre se prezou de ter como valores o Esforço e a Dedicação, poderia ser interessante para quem apostasse no Futebol como um vector de desenvolvimento de um país ou região, como forma de promoção de um território ou modo de entretenimento do seu povo. Penso que seria por isso que as últimas gestões colocaram enfâse nas visitas ao Médio Oriente, China e Índia, na busca de investidores com esse perfil. Procurava-se encontrar quem quisesse usufruir de tradição na formação e de alguma nomeada na Europa. No entanto, o valor da dívida do SCP, aliado à problemática de gerir um Clube com tantas divisões e "gente" sempre a falar, seria concerteza muito prejudicial à concretização do negócio.
No entanto, finalmente, alguém encontrou investidores. O Bruno conseguiu - parabéns Bruno ! Segundo ele, "os investidores estão prontos para entrar, logo que a reestruturação financeira estiver concluída". Ora estando esta concluída, certamente os investidores se darão a conhecer de imediato. E não só isso, como ainda arranja investidores que nem sequer querem a maioria do capital ou a maioria de gestão. O Bruno tem para nós os investidores perfeitos: metem o dinheiro e calam-se, crentes nas provadas condições do Bruno para gerir investimentos empresariais...
O pior é se os investidores vierem como vieram "as necessidades de Tesouraria de Curto Prazo" ou como tivemos conhecimento do terceiro elemento da estrutura de futebol: nunca apareceram umas e se deu a conhecer o outro... A estas promessas não cumpridas sem qualquer justificação plausível, há quem lhe chame "agora o Sporting ser nosso". Eu, que ao longo da minha vida conheci muitos empresários "Brunos de Carvalho", tenho infelizmente outro nome para elas...
* Texto da autoria de Desert Lion
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