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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Deparei com um estudo muito interessante da consultoria "Deloitte" relativamente à indústria futebol na época de 2011/12. As conclusões apuradas quanto aos valores da indústria na Europa, em geral, e em Portugal, em particular - com significado colateral quanto ao Sporting - servem para desmistificar a irrelevância de conceitos do futebol de outrora no enquadramento moderno.
Começando pelo panorama nacional, o estudo aponta Portugal como o nono da Europa no que às receitas diz respeito, com os clubes da Liga a facturarem 298 milhões de euros, uma média de 16 milhões por cada um dos 16 clubes. Uma estatística muito ilusória, porque deste valor verifica-se que 204,2 milhões são da pertença dos três grandes: o Benfica lidera com 91,2 milhões, seguido pelo FC Porto com 72,2 milhões e, como era de esperar, o Sporting no terceiro lugar do pódio com somente 40,8 milhões, menos de metade do Benfica e 30 milhões abaixo do clube do Norte. Surge uma outra estatística muito relevante e reveladora, especialmente ao que ao Sporting concerne: somente 58 por cento das receitas dos clubes nacionais são gastas a pagar salários, uma das médias mais baixas da Europa. A maior fatia das receitas - 38 por cento/112 milhões - relacionam-se com proveitos comerciais - 25 por cento/75 milhões - com transmissões televisivas - 21 por cento/62 milhões - com patrocínios e publicidade e - 16 por cento/49 milhões - com receitas de bilheteira.
Especialmente quando comparado com outras ligas, o estudo aparenta confirmar os argumentos de muitos: primeiro, que os salários não são a causa principal do saldo negativo das SAD, e que o "segredo" do sucesso centra-se em investimento na equipa principal, não desinvestimento nem poupança. Isto não anula a imperativa necessidade de uma boa gestão que, por inerência, implica o redução de desperdícios em todos os sectores de uma SAD. Consequentemente, a insistência de que poupança, só por si, é insuficiente, e que para aumentar as receitas tem de se forçosamente aumentar o investimento. Neste contexto, nenhum dos dois exemplos que se verificam no Sporting representam a solução desejada: o actual desinvestimento e poupança e o superior investimento sustentado por uma péssima gestão dos últimos dois anos. Perante isto, é por de mais evidente que o sucesso reside no equilíbrio entre os extremos, mas será impossível ao Sporting aproximar-se dos valores dos dois rivais, sem apostar na maior competitividade do seu futebol profissional, que não será atingível sem investimento significativo. Mesmo que resultados moderados sejam concretizados com uma equipa de baixo investimento, os factores que movem a indústria e o mercado requerem muitíssimo mais.
Sem surpresa alguma, a liga de topo da Europa - e do Mundo - é a "English Premier League" com 2,9 mil milhões de euros de receitas, seguida pela "Bundesliga" com 1,8 mil milhões, "La Liga" com 1,7 mil milhões, "Série A" com 1,5 mil milhões e a encerrar o top 5, "Ligue 1" com 1,1 mil milhões. Tanto a Rússia, Turquia e a Holanda superam Portugal. A Ucrânia ocupa o 10.º lugar com 283 milhões de euros.
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