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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Um facto axiomático revela-nos hoje que os recursos financeiros são um dos principais responsáveis pelo lançamento ou relançamento dos clubes na cimeira do desporto. A nível mediático, casos como do Manchester City são um dos exemplos-modelo. O clube inglês alcançou no decorrer da última década um elevado sucesso interno, que lhe permitiu a triplicação do número de títulos face aos seus mais de 130 anos de legado. Publicamente reconhecida, a aproximação à holding City Football Group, financiada pelo Abu Dhabi United Group, apresentou-se esta como uma rápida e eficaz fórmula de crescimento pelo investimento estrutural efectuado no clube.
Em Portugal, dificilmente um emblema consegue proximidade aos atentos mercados internacionais, principalmente quando não são verificadas na sua dúbia gestão, medidas concretas no planeamento estratégico ao seu desenvolvimento. Assim, verificamos que todos os actos de gestão de um clube podem atrair ou repelir investidores. O que pode o Sporting fazer no imediato para aumentar o interesse internacional sobre a sua própria marca, e daí retirar dividendos como nunca? Tentarei, de modo pouco cansativo ao leitor, dar alguns exemplos, perfeitamente alcançáveis.
Resolução #1 - Aproximação ao "Blue Chip"
"Blue Chip" é o termo que designa empresas que se destacam pela operacionalidade positiva e fiabilidade, mesmo em períodos de profundas crises económicas. São as empresas consideradas pelo sector financeiro como as mais apetecíveis para investir, que geralmente se tornam visíveis na frequência de financiamentos publicitários a grandes competições desportivas. Adidas e Flying Emirates são dois desses casos. Gazprom ou a Nike representam outro exemplo. O Sporting tem de "piscar o olho" urgentemente à natureza de tão importantes parcerias. "New Balance" e "Hyundai" estão disponíveis. O Sporting estará?
Resolução #2 - Imagem do Alvalade XXI
Estádios inovadores, confortáveis e multidisciplinares permitem a atracção não apenas de mais adeptos, mas também de parceiros interessados em promover serviços ou publicitar campanhas nas respectivas instalações. O Sporting neste campo tem urgentemente de encontrar solução para três pontos fundamentais: melhorar os serviços prestados nos camarotes, melhorar definitivamente o triste palco verde malhado que apresenta a todo o mundo, e acima de tudo, criar conteúdos de marketing e informação, acessíveis aos adeptos em plenas bancadas.
As crianças gostam da mascote assim como os graúdos apreciam Sinatra, mas a todos assiste o interesse em dados estatísticos e informação on-demand. São quase 60 anos de quiosques de food & beverage a vender donuts nos períodos de intervalo do jogo – não estará na altura de aproveitar tal período para rentabilizar outros serviços directamente ligados ao clube? Urge melhorar a experiência proporcionada ao espectador, motivando a frequência da mobilização ao estádio, assim como a interacção do mesmo com novas tecnologias no decorrer do jogo.
Resolução #3 - Está na altura da FPF compensar o Sporting
A FIFA investe todos os anos cerca de 1 bilião de dólares na criação de infra-estruturas de desenvolvimento ao desporto pelo mundo, verba entregue à responsabilidade das federações. A posição ocupada por Portugal no ranking FIFA permite-nos obter – à FPF – valor proporcional. Se os clubes negoceiam valores de transmissões televisivas de acordo com o grau de relevância que detêm no mercado nacional, onde está o apoio prestado pela Federação ao Sporting pelos serviços prestados – sem retorno financeiro – à nação? Fundamentação nada demagógica, facilmente apoiada no plano jurídico.
Quando se lança no mundo do futebol nomes como C.Ronaldo, Figo e Nani, não se pode fazer uso do complexo de timidez na consequente exploração do clube em tal benefício nacional. Por outro lado, as federações de futebol são o maior pilar de aproximação às instâncias financeiras internacionais, proveito que o Sporting bem pode apelar a si, por toda a sua contribuição histórica que como clube indirectamente proporcionou à FPF, através de contratos milionários de exploração de imagem que esta usufruiu.
Resolução #4 - Renato Sanches vale 10 milhões. As tranças valem 25. Quanto vale Semedo, Matheus e João Mário, Sporting ?
35 milhões de euros foi a soma proporcionada ao Benfica por um dos maiores negócios envolvendo jogadores portugueses ao clubes de origem. O Sporting conta neste momento com uma diversidade de activos que permite sorrir perante futuros negócios. Porém, inexplicavelmente o clube na sua história não consegue incrementar "Hype Factor" em nenhuma das suas vendas. Ruben Semedo, Matheus Pereira e João Mário são neste momento os jogadores que apresentam maior potencial de exploração de imagem, por factores essencialmente focados na sua estética/idade/irreverência, e por último, rendimento – Hype é marketing. Que proveito retira o Sporting da exploração dos direitos de imagem dos principais activos? Pablo Osvaldo no Boca Juniors, nos últimos 7 meses, proporcionou o equivalente a 7 milhões de euros em exploração de imagem, aos dois clubes que representou...
Os milhões de seguidores acedem a milhares de conteúdos dos seus ídolos, sendo actualmente Neymar numa escala naturalmente superior, o jogador que actualmente mais proveitos de tal factor retira. Muito mais que Messi ou Ronaldo. Sabia o leitor que no Sporting, era Carrillo o jogador com maior potencial gerado nesse campo ?
Resolução #5 - Ampliar tecto salarial, baixar volume de investimento
Não visíveis, mas bem reais, são os encargos inerentes a impostos e comissões que o Sporting tem pago nos últimos anos a Estado e privados. Acrescentado as verbas relacionadas aos valores de transacção de passes, o desgaste de tesouraria é enorme face à urgência de retorno imediato que assiste ao clube. O Sporting tem de comprar muito menos, e por muito que nos custe, vender muito mais e melhor. William e Slimani são o melhor negócio que podemos realizar para breve. A sua importância no plantel naturalmente que se opõe à emocionalidade da perca dos mesmos, mas se verificarmos, são estas as posições onde o mercado nacional e internacional nos podem oferecer mais soluções de substituição de qualidade.
Em Portugal, existem bons médios defensivos. Em Inglaterra, existe um invulgar número de avançados de diversas nacionalidades, que fruto da idade ou da competitividade nos seus plantéis, não lhes garante a frequente titularidade. Por outro lado, uma batalha muito minha, relacionada com Coates. Inquestionável a sua qualidade. Mas tamanha dimensão, não apenas física mas de estatuto, pode retirar a possibilidade a Ruben Semedo, Tobias e Oliveira (pelo menos a dois destes) de se destacarem. Como Bruno César a Mané ou Mateus Pereira. Temos de interpretar determinadas contratações, não permitindo efeito-pinheiro que inibam a valorização no mercado dos nossos jovens activos.
P.S.: A ilustração por mim escolhida para figurar neste Post, é da autoria de Jacopo d'Antonio Negretti, intitulada "St. Lawrence distribuindo riqueza aos pobres".
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