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Contratos por objectivos

Rui Gomes, em 08.09.13
 

  

Mediante o estatuto do atleta e o seu salário base, sou apologista de contratos com cláusulas que visam premiar a performance em campo. Há muitos tipos de objectivos e o seu reconhecimento fica ao critério interno de cada clube, a exemplo de e não limitado a premiar um avançado pelo número de golos que marca.

 

Reporta este domingo o diário desportivo A Bola que o defesa central brasileiro Maurício aufere um salário base de 400 mil euros e que o seu contrato contém cláusulas de prémios por objectivos, nomeadamente que o jogador poderá encaixar até ao máximo de 50 mil euros por temporada, por cada série de cinco jogos como titular ou em que entre no início da segunda parte. Sendo assim, Maurício poderá garantir os primeiros 10 mil euros de prémio se for titular nos próximos dois jogos frente ao Olhanense e Rio Ave.

 

Apesar de concordar com esta politica, à raiz, como já referi, discordo com premiar assente neste objectivo. Isto, pela experiência própria de há uns anos atrás em equipas minhas, pelo potencial para conflito. Não quero crer que condicione Leonardo Jardim nas suas escolhas, mas pode ser assim interpretado, pelo próprio jogador, caso uma das decisões do treinador coincida em quebrar o ciclo de cinco jogos, especialmente o quinto. No mínimo, poderá precipitar um clima de descontentamento e desconfiança. A bem dizer, não evoco nada de novo já que este género de incidências são do registo público em modalidades de alta competição.

 

Curiosamente, não há muito tempo e por motivos que me me iludem neste momento, surgiu um leitor a evocar o filme de Al Pacino "Any Given Sunday", onde uma das polémicas centrais no seio da equipa é precisamente o conflito entre alguns atletas e o colectivo, pelos prémios por objectivos. Claro, no filme estavam em discussão milhões e não meros milhares, mas é um cenário que corresponde à realidade.

 

Nota à parte: desconheço a origem e a veracidade da informação publicada por A Bola.

 

publicado às 21:12

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19 comentários

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De Petinga a 08.09.2013 às 22:10

Sabe que neste caso pensei exactamente o mesmo que o Rui? Também desconheco a veracidade do reportado por A Bola, mas dei por mim logo a imaginar "e se o Leonardo Jardim o retira do 11 titular precisamente naquele que seria o 5o jogo consecutivo?".

Por outro lado, a ideia de um contrato por objectivos faz todo o sentido e nao me parece mal que seja experimentada. Mas no caso de um defesa-central é complicado premiar objectivos de performance para além de jogos consecutivos e (eventualmente) jogos consecutivos sem sofrer golos (sendo que mesmo estes nao estao necessariamente relacionados a 100% com a performance individual do jogador). Golos marcados parecem-me difícil e imprevisível tarefa; e métricas como tackles/jogo ou desarmes efectuados ou percentagens de passe prestam-se sempre a ser adulterados e/ou mal interpretados. Métricas de "top" seriam coisas como chamadas à Seleccao Nacional do seu país ou figurar no 11 ideal da jornada, mas essas já sao (por si só) um prémio para o atleta.

Que objectivos sugeriria o Rui, neste caso particular?
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De Rui Gomes a 08.09.2013 às 22:30

Nas minhas equipas sempre preferi objectivos colectivos, para evitar conflitos. O único objectivo que não gera controvérsia é golos marcados. Mesmo golos sofridos é discutível porque o guarda-redes depende da defesa e esta do meio campo, etc.

O futebol não é um desporto muito adequado a objectivos individuais.

No caso de um avançado é viável: a partir de X golos, prémio de X, e ninguém leva a mal porque todos reconhecem a mais-valia de um ponta de lança.

Ao longo dos anos também recorri a prémios de jogo: X por vitória, X por empate. Nos jogos mais importantes esse X aumenta. Mas tudo colectivo e, por uma questão psicológica, eu nunca permitia que o cheque fosse entregue pela secretaria, era sempre eu a entregar individualmente. São estratégias internas para fazer sentir quem comanda. Muitas vezes, à parte do clube, oferecia prémios do meu bolso, nem sempre monetários. Viagens, etc. e sempre ao grupo.

Num dos clubes em que eu dirigi o futebol, havia um grupo de sócios que formaram uma lista e por cada vitória ofereciam X ao grupo, por cada jogo em que marcassem mais de três golos X. E os jogadores sentiam enorme prazer em colectar. Hoje em dia, com os valores acrescidos envolvidos, muitos destes prémios podem ser de ordem simbólica mas de prestígio.
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De Petinga a 08.09.2013 às 22:34

De acordo.

Mesmo o objectivo "golos marcados", com a complexidade que o desporto atingiu hoje, pode ser nocivo à equipa. Veja-se a bola a que Montero tentou chegar com a mao e que poderia ter dado o 2o golo (penso que a Carrillo? ou Wilson Eduardo? nao me recordo) no jogo contra o Benfica. Nao se pode censurar o jogador por ter "ganancia" de golo se houver prémios avultados em disputa.
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De jose a 09.09.2013 às 01:01

Sei que tem contacto e experiência com o mundo do futebol, mas creio que dentro de campo, se a equipa estiver bem organizada não estão a pensar constantemente nos objectivos.

No caso do Montero tem a ver com o perfil de avançado, querer marcar e algum egoísmo que os avançados costumam ter. Em tudo o caso, a estrutura do futebol deve chamar atenção para situações em que o jogador valorize os seus objectivos em detrimento a equipa. Se não dizem nada, então dentro de pouco tempo, o caos vai surgir.

Ainda em relação ao modelo que parece-me que o Sporting está a implementar, concordo e acho que é o melhor, aumentos automáticos é que não faz sentido nenhum. Mas também é verdade que um modelo em teoria pode ser bom mas se for mal implementado, pode-se tornar num péssimo acto de gestão.



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De Rui Gomes a 08.09.2013 às 22:36

P.S. Por vezes surpreendia-os. Por ocasião de um jogo excepcionalmente bem jogado e vencido, no próximo treino ou refeição de grupo aparecia com uma oferta um pouco invulgar: a exemplo de um relógio, etc. .

Claro, nada disto é inserido em contratos.

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