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Auditoria de Gestão: para que fim ?

Rui Gomes, em 19.09.13

 

 

Não sou e nunca fui a favor de se efectuar uma auditoria de gestão do Sporting, seja esta requisitada pela actual Direcção ou por qualquer outra !

 

Para que fique claro, desde já, e para evitar comentários despropositados, sublinho que este meu parecer em nada se relaciona com qualquer oculto sentido defensor ou protector de quem quer que seja, presente ou passado, mas apenas e tão só assente nas seguintes quatro premissas:

 

1. Não quero acreditar que algum director de topo, nomeadamente presidente, jamais tenha agido com malícia de premeditação para lesar ou espoliar fraudulentamente o Clube;

 

2. Não vejo qualquer benefício prático e fundamental para o Sporting;

 

3. Discordo, veemente, com a inevitável exposição pública da vida interna do Clube;

 

4. Temo que o desmembramento do passado - processos e pessoas - resulte em um género de inquisição que poderá provocar uma brecha irreparável entre sportinguistas.

 

A especificidade de conceitos sobre uma AUDITORIA DE GESTÂO varia mediante os fins a que se destina mas, na generalidade, entende-se como sendo um levantamento das operações de uma empresa realizadas em ano(s) anterior(es), sob o enfoque gerencial, buscando avaliar as tomadas de decisões e suas repercussões no quotidiano operacional de forma independente. Em síntese, o conceito de auditoria de gestão compreende um exame sistemático e independente para avaliar o planeamento estratégico da organização, a fim de constatar se a directriz organizacional foi definida com coerência garantindo o futuro da instituição, bem como avaliar o gerenciamento dos planos de acção, verificando sua execução conforme o planeado e se o resultado alcançado proporcionou a consecução das metas estabelecidas.

 

Não sem algum senso de humor, há quem considere o processo equiparável a uma expedição arqueóloga, sem se saber bem o que se vai descobrir e o significado e consequências da descoberta. Dito isto, não deixo de compreender, perfeitamente, diga-se, a visão em voga quanto ao que se pretende apurar - vislumbrando o estacionamento da guilhotina à frente da mítica "Porta 10-A". Enquanto que a maioria de empresas efectua este processo com o intuito de direccionar os passos a serem tomados relativamente ao seu futuro, muito indica que um grande número de sportinguistas pretende somente aprazer os seus intuitos persecutórios, antecipando um relatório sobre a especificidade de erros que todos sabemos que foram cometidos, mas que requerem, neste macabro contexto, e por esses sportinguistas, conversão digital.

 

Atendendo à instituição que o Sporting é, uma auditoria de gestão disponibiliza uma enorme margem de interpretação sobre pessoas e decisões do passado, nomeadamente no foro desportivo, assente, em muitos casos, em asserções especulativas e escassez de documentação comprovativa. É disposição muito problemática prever defesa por parte dos visados uma vez que a informação comece a circular na praça pública, inevitável e frequentemente desvirtuada à conveniência e insuficiência do interlocutor.

 

Qual será então o benefício para o Sporting ?

 

Escrevo este breve texto consciente de que este meu parecer será apenas partilhado por uma minoria, pela urgência do clima vigente que não sossega enquanto a auditoria não for efectuada. E, então, poderemos nos dar ao regozijo de apontar dedos e lavar roupa suja em público.

 

publicado às 04:13

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33 comentários

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De Balajic a 19.09.2013 às 12:15

Só um reparo quanto a essa questão do Barcelona.

Laporta não foi “condenado por má gestão”.

Uma vez que o Barcelona apresentou prejuízos de mais de 63 milhões de euros, na época 2002-2003, a Lei do Desporto obrigava a que, no orçamento da temporada do segundo mandato da direcção de Laporta, esta direcção prestasse aval correspondente a 15% desse orçamento, o que não aconteceu por Laporta e os seus colegas considerarem que os prejuízos correspondiam ao mandato de Joan Gaspart.

A liga espanhola, por sua vez, também dispensou Laporta e a sua direcção de prestar esse aval, pelo que o associado do Barcelona intentou, com sucesso, a acção em tribunal que foi julgada até ao supremo.

Paralelamente a esta questão, suscitada por um "soci" do Barca, a assembleia geral do clube aprovou uma deliberação, por proposta da própria direcção de Sandro Rosell, que previa a interposição pelo clube de uma acção de responsabilidade social contra a direcção de Laporta, a qual desconheço se já teve o seu desfecho.
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De Rui Gomes a 19.09.2013 às 12:36

Obrigado pela explicação. Para ser sincero, não acompanhei o processo, salvo ler "as letras gordas".
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De Petinga a 19.09.2013 às 13:07

Obrigado pela explicacao, Balajic! Nao tem de facto qualquer relacao com o caso do Sporting (mas essa Lei do Desporto é bem apertada!). Mea culpa.

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