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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
«É um Março (1964) que fica na história do Sporting. era impensável virarmos o resultado da primeira mão. Talvez por isso o prémio tinha sido tão bom: cada um de nós ganhou 20 contos. A ideia partiu do dirigente Mário Cunha, já falecido, na altura chefe do separtamento de futebol. Recordo-me que ele falou comigo e disse-me que a receita do jogo com o Manchester tinha sido de 800 contos e que não se importava de dar 20 contos a cada um de prémio de jogo, indo contra a vontade da Direcção, 20 contos era muito dinheiro ! Hoje talvez fosse o equivalente a 2 ou 3 mil contos.
Quando viemos de Manchester para Lisboa, ainda no avião, havia muita gente, sócios ilustres, a oferecerem prémios. O valor já chegava quase aos 45 contos por cada jogador. Era o ordenado de um ano ! Fizeram aquilo porque, provavelmente, ninguém acreditava que nós passássemos a eliminatória. Até porque depois, na hora da verdade, na hora de pagar, não apareceu ninguém, fugiu tudo !
A final da Taça das Taças também teve um episódio interessante. O arquitecto Anselmo Fernandes, então treinador, fez uma pequena consulta a um grupo de jogadores. Perguntou-nos quem é que nos dava mais confiança na defesa, o Pérides ou o Bé. Nós optámos pelo Pérides. Curioso foi que no segundo jogo da final, nas bolas paradas, havia jogadores encarregues de marcar certos adversários e o Pérides não marcou o jogador que tinha que marcar. O adversário cabeceou sem oposição e só não fez golo por acaso. A bola saiu junto ao poste, o Carvalho estava batidíssimo. Eu e os restantes jogadores fomos direitos ao Pérides, agarrámos-lhe no pescoço e chamámos-lhe filho de tudo e mais alguma coisa. Aquilo foi uma cena canalha mesmo, "pusemos-te aqui dentro e agora tens de cumprir!", dissemos nós. Ele lá reconsiderou e melhorou.»
Do livro Estórias d'Alvalade por Luís Miguel Pereira.
(Foto: Eu e Fernando Mendes num jantar de convívio em Abril de 1992)
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