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Aconteceu com José Mota, poderia ter acontecido com qualquer outro treinador - como aliás já aconteceu com muitos - mas para o caso até nem interessa. Há longo que me intriga - por falta de termo mais adequado - a mentalidade operacional e desportiva de clubes de menor capacidade estrutural e financeira, em geral, e do Vitória de Setúbal em particular.

 

José Mota é um técnico muito experiente e, na opinião de alguns, deveras competente. Curiosamente, um grande amigo meu - devoto adepto benfiquista - detesta Jorge Jesus e um dos treinadores que ele gostaria de ver orientar o seu clube é precisamente o técnico que foi ontem demitido do clube do Bonfim.

 

A contenda que me afronta, já há muito, é não compreender o que um clube como o Vitória de Setúbal pretende realizar e provar a mudar de treinador ao mais pequeno sinal de instabilidade de resultados, ignorando que simplesmente não tem condições, à raiz, para muito mais. Entre 2000 com Rui Águas até o momento actual, já passou por 20 treinadores e as únicas realizações de relevo nestas 13 épocas são a conquista da Taça de Portugal em 2005 e a Taça da Liga em 2008. De 2004/05 - pelo seu regresso à I Liga - até à época finda, alcançou uma vez o 6.º lugar com 45 pontos e em uma outra ocasião o 8.º lugar com 46 pontos. As restantes sete épocas registam todas classificações entre o 10.º e o 14.º lugares, contabilizando entre 24 a 30 pontos. Neste mesmo período apenas dois treinadores se mantiveram mais do que uma época e nenhum duas épocas completas consecutivas.

 

Neste momento o Vitória de Setúbal encontra-se empatado com o Olhanense e a Académica em 13,º lugar com 5 pontos, resultante de uma vitória, 2 empates e 4 derrotas. Vejamos os jogos: duas das derrotas foram com o Sporting em Alvalade e pela visita do FC Porto - nada de invulgar aqui; outra foi pela visita ao Rio Ave, equipa do seu campeonato onde qualquer resultado é possível; e a única que talvez seja discutível, embora também não espectacular, foi a recepção ao Marítimo por 2-4. Os dois empates foram repartidos, em casa frente ao Gil Vicente e fora frente ao Paços de Ferreira, também aqui nada bombástico. Não sem muita surpresa, a única vitória, e por 4-1, surgiu pela visita ao Vitória de Guimarães, este sim, um resultado espectacular.

 

Entra agora José Couceiro, que poderá ou não melhorar o estado das coisas, mas qualquer melhora, por inevitável natureza, nunca será mais do que temporária. E quando novos resultados desagradáveis surgirem - e vão surgir quer com Couceiro quer com outro - qual será a solução ? Mudar de treinador novamente... pelos vistos. Algo ilude a minha imaginação no todo deste processo recorrente, ano após ano, época insuficiente após época insuficiente. Todos os treinadores - à excepção de dois ou três notáveis no Mundo - desgastam-se passado algum tempo no mesmo clube, é inevitável. No entanto, no extremo oposto, temos o Vitória de Setúbal - entre outros - que muda de "Mister" com a mesma frequência que muitos mudam de camisa, ignorando que um só homem não conseguirá aquilo que o todo de uma instituição não consegue.

 

publicado às 03:21

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15 comentários

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De Anónimo a 09.10.2013 às 12:06

Apesar de admitir não estar tão familiarizado com a dinâmica dos blogues como poderia ser recomendável até estabeleci a relação através da forma como os clubes tentam fazer face às dificuldades, normalmente períodos mais susceptíveis a anormalidades que não vêm ajudar em nada, muito pelo contrário. Quando o caro Rui Gomes termina dizendo: "ignorando que um só homem não conseguirá aquilo que o todo de uma instituição não consegue." interpretei como algo que ultrapassa em muito o Vitória e se aplica a qualquer clube.

Já agora num outro dia não respondi a outra manifestação de incompreensão que tinha a ver com o tipo de afecto que muitos sportinguistas dedicam a selecção nacional também por razões que me parecem mais que óbvias, basta atentar nas várias designações que lhe conferem, logo a começar por a equipa da FPF. Mas sobre o tema selecção nacional talvez ainda seja mais importante tentar compreender o verdadeiro adiar de resultados quando dispomos e há muito tempo de excelentes jogadores e também aqui o problema extravasa em muito as dificuldades que originam a que por exemplo ainda não exista um verdadeiro centro de estágios, reclamado por vários seleccionadores. Claro que é muito mais e outra vez um problema cultural e como exemplo talvez fosse bom voltar a dois comentários ainda recentes, o desporto nacional favorito, que passaram mais ou menos despercebidos e no mesmo dia. Um de Scolari, treinador campeão do mundo, cidadão de um país habituado a ser campeão do mundo e o homem que mostrou a Portugal o que deve ser sempre uma selecção nacional, até pelos benefícios para todos e outro de Rui Moreira, opinon maker profissional, habituado a comentar qualquer coisa e recém eleito autarca no Porto. Para Scolari Portugal tem todas as condições para ser campeão do mundo, inclusive já no Brasil, porque dispõe de excelentes jogadores. Para Rui Moreira é um cenário completamente impossível porque só temos um jogador, Ronaldo. E depois ainda há o Toni que até tinha feito um desenho para ganhar à Grécia.

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