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Ronaldo e Quaresma: as diferenças

Rui Gomes, em 07.11.13

 

 
 
Encontrei este breve texto sobre Cristiano Ronaldo e Ricardo Quaresma que vem de certo modo ao encontro de considerações minhas aqui no blogue, nomeadamente uma conversa com Fernando Mendes - enquanto assistíamos a um treino em Alvalade - em que ele me dizia que Quaresma era o favorito para atingir o estrelato supremo no futebol.
 
Escreve o autor: «Ouvi ou li, quando Ronaldo e Quaresma alinhavam na equipa de juniores, o treinador achava que não deviam jogar os dois - e, em geral, o escolhido era Quaresma. Este facto, visto à luz de hoje, é extraordinário sobre o caminho que os jogadores fazem entre o aparecimento nos seus clubes e a afirmação no mundo do futebol. Hoje Ronaldo está nos píncaros e Quaresma quase desapareceu.
A explicação para isto é que Ronaldo teve uma evolução sempre no sentido da objectividade, enquanto Quaresma fez a evolução contrária. Ronaldo ganhou corpo, cresceu no jogo aéreo, aperfeiçoou-se na desmarcação, melhorou o remate com os dois pés - e transformou-se numa "máquina de fazer golos". Sendo teoricamente extremo, está sempre a aparecer na área. Também já quase não faz fintas, e concentra o máximo de energia na finalização. Toda a sua acção em campo é orientada para o objectivo do golo.
Ora Quaresma, desgraçadamente, caminhou no sentido oposto. Pouco evoluiu fisicamente, complicou o seu futebol, enreda-se em fintas e quezílias que lhe retiram o fôlego para outras acções, perdeu objectividade.»
 
Apesar de concordar com muito do que o texto descreve, acho que o autor extreme um pouco pelo exagero, quanto a Quaresma, ao querer avançar a ideia de que contrário às expectativas iniciais, a verdadeira grande estrela acabou por ser Cristiano Ronaldo. Em abono da verdade, os patamares futebolísticos atingidos pelos dois formados do Sporting são bastante distintos, contudo, será injusto descrever a carreira de Quaresma como uma "desgraça", longe disso, em facto.
 

publicado às 04:24

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8 comentários

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De Eulevezinho a 07.11.2013 às 08:31

Não é má a nivel financeiro!
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De Sérgio Palhas a 07.11.2013 às 08:48

Ainda hoje me jogam na cara uma frase minha na qual eu coloquei as fichas todas no Quaresma ... para mim seria ele a futura grande estrela do SCP e da seleção.

Como me enganei ... mas vendo bem não fui o único :), na altura não considerei o fator mais importante na ascensão de um jogador ao mais alto nível ... a cabeça, acabei por ser iludido pela magia que o Quaresma espalhava pelos nossos estádios !!!

SL,
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De Rui Gomes a 07.11.2013 às 23:21

Para ser justo com o Ricardo, não obstante as diferenças, o Cristiano teve uma enorme vantagem chamada Manchester United e Alex Ferguson, enquanto que ele foi para a um Barcelona liderado por Frank Rijkaard, que não soube lidar com o espírito livre do jovem "mustang".

Nunca se saberá, claro, mas há anos que me questiono sobre o que poderia ter sido a carreira do Ricardo com um Sir Alex a conduzi-lo.
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De Anónimo a 07.11.2013 às 23:58

Caro Rui,

Quem segurou o Cristiano no início, um pai na fase mais difícil em Manchester foi o Queiroz, que já esteve muito pouco tempo com Nani. Barcelona foi complicado para Quaresma como já tinha sido para Simão mas o Mourinho ainda o chamou para Milão. Quaresma nunca teve condições para uma carreira internacional e mesmo assim ainda teve um bom período na Turquia.
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De Rui Gomes a 08.11.2013 às 00:41

Sim... até já me tinha esquecido do Queiroz. Acredito que nesse sentido tenha feito um bom trabalho e talvez por isso Alex Ferguson o elogia tanto no seu livro.
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De Anónimo a 07.11.2013 às 09:01

O futebol de alta competição também evoluiu muito desde que estes dois começaram a jogar à bola. As Academias, como quase tudo na vida, têm coisas boas e más. Como o próprio nome indica servem para preparar jogadores para uma alta competição onde hoje os espaço não abundam. Os treinadores estudam todos pelos mesmos livros, independentemente da nacionalidade, a alta competição joga-se na Europa, onde os treinadores se entretêm a dividir o campo aos quadradinhos para matar o espaço e a única solução passa a ser a velocidade de execução. Ainda há modelos marginais como o tiki e taka catalão que até as pedras aborrece.

Mas em teoria duas equipas perfeitas depois de encaixadas tendem a anular-se e é aqui que Cristiano Ronaldo reina. A única medida universal do futebol reconhecida por todos vai ser sempre o golo, daí a evolução do seu futebol desde os famosos raides em Inglaterra, muito mais que por exemplo até os títulos. Podemos invocar as preferências de cada um, os melhores de cada tempo, Ronaldo caminha para arrasar qualquer recorde. À medida que for perdendo velocidade derivará cada vez mais para mais perto da baliza, ainda marcará mais golos e arrasará com qualquer ideia de concorrência. Só não resolve ainda mais na selecção portuguesa porque Paulo Bento ainda gosta de ver o Hugo Almeida a falhar golos. Quaresma perdeu-se há muito noutras voltas, fora do campo e também era fácil antecipar que falharia qualquer adaptação fora de Portugal a correr atrás do pote. Não chega a ver o arco-íris.

Até há pouco tempo em Alcochete era relativamente fácil conceder as doses de liberdade necessárias ao desenvolvimento de extremos fantasiosos como Ronaldo, havia muito mais espaço nos corredores e muitas menos obrigações, mais longe das balizas. Veja-se o que ainda ontem aqui exigiam ao Wilson? E o que é que aconteceu por exemplo aos famosos trequartistas italianos? A fantasia importa-se hoje da América do Sul, onde as Academias ainda não abundam, quase em exclusivo. E é pena porque ainda bate de longe a velocidade de execução na procura de espaços. A fantasia inventa os espaços, não é por acaso que vale os milhões que vale. Mas para além dos adeptos também quererem ganhar em qualquer escalão da formação, esta serve para formar jogadores para a alta competição, actualmente enredada em muito mais disciplina táctica. Uma autêntica prisão foi no que andaram a transformar o futebol europeu nos últimos anos, cada vez com mais trincos e ferrolhos.
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De Anónimo a 07.11.2013 às 09:18

Para além da posição onde às vezes apareciam Francescolis a inventar golos, o que mais encantava era ver o playmaker a distribuir jogo. Na antiga posição 10 actualmente o aglomerado de jogadores a tentar proteger a baliza é tanto que tem que se recuar quase para trás da linha do meio-campo para tentar fazer o mesmo. Ainda vai chegar o tempo de importar as rotinas dos quarterbacks americanos e ensiná-los a jogar com os pés. Ou então sai um híbrido do laboratório.
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De Anónimo a 08.11.2013 às 09:32

Bom post e é uma pena que ninguém esteja disponível para discutir o futebol de formação do Sporting e aquela que foi sempre a chancela de Aurélio Pereira, permitir sempre o erro como ele acontece naturalmente no futebol de rua e daqui a melhor escola de extremos do mundo, única com 2 bolas de ouro.

O futebol foi de um extremo ao outro muito depressa, quase numa geração, a transformação do jogo do Cristiano Ronaldo é disso um bom exemplo, para além de um talento predestinado enorme também ainda lhe vale hoje muito as subidas da Av da Liberdade com pesos nas botas e a sua capacidade de trabalho diário quase ilimitada. Muito poucos conseguem fazer o mesmo.

Não é por acaso que se ouve dizer cada vez mais que as melhores qualidades de um jogador de futebol moderno hoje são a inteligência e a agilidade de processos e em qualquer posição. Cai assim por terra um dos últimos estereótipos colados ao futebol. Até em Inglaterra um striker já consegue chegar ao fim da carreira com os dentes quase todos e não chega a ser preciso ter metade da idade do Manuel José para ainda os ter visto só com caninos. A continentalização do futebol da ilha e na Premier League também é muito recente.

Quando ainda há pouco tempo o que os clubes mais procuravam era mágicos que não dedicassem muitos dias por semana à noite porque carregadores iam desenrascando. Cada vez há menos hipóteses para errar e desde muito cedo na formação, infelizmente.

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