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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Não me vou dar ao trabalho de transcrever o todo da mensagem do presidente do Sporting - intitulada "Porque o Sporting somos nós" - por estar disponível no site do Clube aqui e, porventura, já terá sido lida por muitos dos leitores. Dito isto, no entanto, esta contém algumas considerações importantes e merecedoras de maior relevo e apreciação da nossa parte.
Surpreendente - para mim, pelo menos - ler o que podem ser considerados lamentos do presidente sobre determinados aspectos do Clube e medidas levadas a cabo pelo seu Conselho Directivo que, na sua óptica, não tiveram o impacto esperado e desejado:
1. Um acréscimo "apenas" de 6000 novos sócios, apesar de terem sido criados novos escalões "para permitir que todos se possam tornar associados e com regalias."
Sublinha ainda Bruno de Carvalho que este número é "manifestamente pouco para a grandeza do Sporting Clube de Portugal". As razões exactas para esta disposição serão várias e talvez de difícil dissecação. Não será injusto apontar para a crise do País como um dos factores que contribui para a menor adesão de sportinguistas a associação formal ao Clube. Além do mais, é a natureza humana, que não exclui sportinguistas, que a vasta maioria é composta por adeptos muito mais passivos do que activos.
2. Uma vez colocada à venda a "Gamebox Modalidades", apenas 200 foram vendidas. Considerando o notável ecletismo do Sporting, este baixo número é de facto surpreendente. Não sei até que ponto a não existência de um próprio pavilhão influencia esta vertente das operações, mas é provável que tenha um impacto negativo.
3. No que à venda de Gamebox para o futebol concerne, faltam ainda vender cerca de 2000, declarando o presidente que "estamos irremediavelmente afastados do objectivo de receita definido e necessário." Mesmo com a implementação inédita de os "Bilhetes Família" e os "Bilhetes Anti-Crise", que permitem limitado (1000) ingressos "Anti-Crise" ao custo de 5 euros, apenas se tem verificado uma média de compra de 150.
No último jogo em Alvalade contra o Nacional, houve uma campanha com preço único para todas as bancadas, de 7 euros para sócios. Apesar disto, lamenta o presidente, estiveram pouco mais de 38000 espectadores, sendo que contabilizando as entradas Gamebox, significa que apenas 3233 sócios compraram bilhetes para o jogo.
Também aqui será possível avançar com um leque de factores que precipitam o todo da situação, mas considero que dois são cruciais: o primeiro, as baixas expectivas para a época anunciadas logo no primeiro dia e frequentemente reiteradas desde daí. A segunda, a não existência de nomes "cartaz" no plantel. Compreende-se perfeitamente a condicionante financeira, mas é esperar muito vender um produto que não apresenta activos sonantes, não obstante os resultados de maior agrado. O adepto de futebol, em geral, além do apoio ao clube da sua simpatia, é motivado a assistir "in loco" pela expectativa de ver jogar este ou aquele jogador de dotes superiores e pelo espectáculo, por si. A exemplo, extremo que seja, não sou adepto do Real Madrid mas tento não falhar um jogo seu por... Cristiano Ronaldo. Se me encontro na capital espanhola, a tentação de me deslocar ao estádio é irresistível. No Sporting temos muitos outros exemplos do género, mas vem-me prontamente à ideia o meu entusiasmo em ver em Alvalade um Peter Schmeichel, um André Cruz, um Acosta e até um Liedson, só para nomear alguns.
4. Por fim, na parte que compete a este meu texto, o presidente lamenta também o jornal do Clube - que ele descreve como "mudado e melhorado"- apenas ter "algumas dezenas de novos assinantes".
Concordo que tenha mudado, já o seu melhoramento é muito discutível. Desde o advento de notícias "online" hora a hora, um jornal como o do Sporting é forçado a ter um atractivo extra para estimular vendas e assinantes. Não sou perito na matéria mas, pela minha óptica, algumas das alterações levadas a cabo afectaram o interesse pela publicação. É lógico que cada leitor procure algo diferente de um jornal de clube: a minha preferência é notícias sobre as modalidades - escassas em outros órgãos noticiosos - as crónicas dos jogos da formação, algumas entrevistas com figuras interessantes que não sejam atletas e, sobretudo, os artigos de opinião, a minha leitura preferida.
O actual jornal começa logo menos bem com o editorial da autoria do seu director, José Quintela, que é um pobre escriba e tem como seu escopo quase exclusivo aquilo que eu considero propaganda avulsa e repetitiva. A edição, em si, para baixar custos, foi reduzida de 30 páginas para 20, eliminando muito espaço de publicação. Tem havido um número excesso de entrevistas - em alguns casos até de peculiar escolha - com "amigos" da nova liderança, que poderá muito bem reconhecer interesses e considerações pessoais, mas não incentiva vendas. Sobretudo, a parte que sempre me atraiu mesmo antes de me tornar colaborador, a diversidade de artigos de opinião que foi reduzida para um terço, ou menos ainda. Por norma, verificam-se apenas dois ou três cronistas - um deles o personagem de Daniel Sampaio - que me leva a dizer que se eu quiser "ouvir" sempre o mesmo "sermão" todas semanas, por palavras diferentes, limito-me a ir à Missa na Igreja do meu bairro. Felizmente para o jornal, José Serrano - valoroso colaborador de há já três décadas, ou mais - ressurgiu recentemente com os seus usuais interessantes "ataques" à comunicação social "encarnada". Outros colaboradores de notável interesse - excluindo a minha pessoa - desapareceram completamente. Em geral, a qualidade gráfica e a composição geral do jornal continuam a ter muita qualidade, graças à contribuição do seu director-adjunto de há uns anos, Rúben Coelho, e à sua equipa, muito embora nos créditos só apareça o nome de José Quintela, contrário ao que sempre se evidenciou.
Bruno de Carvalho termina a mensagem com um compreensível apelo a todos os sportinguistas para uma maior participação. Estará finalmente a reconhecer que navegar nestas "águas" clubistas, é sempre mais apetecível quando nos encontramos à distância e em terra firme.
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