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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
*Sim, diferente no bigode!
#1 - "Acabar com o sangue azul dos Camarotes"
O impacto do legado "João Rocha" na liderança do Sporting coabitava na memória dos adeptos. Condição financeira insustentável e dois anos de Amado de Freitas (ex-director financeiro e homem de confiança de Rocha) não resolveriam a contestação que imperava. Eis então que surge Jorge Gonçalves, o homem desconhecido da maioria, transportado por palavras de sonho e esperança, onde num extenso e memorável cardápio verbal recorda a sua solução imediata à crise no clube: "Vamos acabar com o sangue azul dos Camarotes" galvanizou perante as massas, numa alusão à responsabilidade de uma suposta facção ligada à alta-finança que existia no clube (curiosamente os tais que fundamentaram todo o projecto de João Rocha). É então que se cria no clube o mito da "Quinta Coluna", que na mente dos mais incipientes se considera a pés juntos que ainda existe, gerando-se assim uma espécie de revolução francesa ou mito de "Elvis está vivo" até hoje. Constata-se afinal que foram mesmo os "Camarotes" que salvaram o Sporting naquele período.
#2 - O Mártir do Povo
O "Bigodes" – como o próprio se definia – gozava de elevada empatia junto dos adeptos, principalmente naqueles mais crédulos, os quais se identificavam neste discurso heróico de missão. Quase sempre bonacheirão, algumas vezes até infantil, Gonçalves trazia a brisa da esperança em cada palavra debitada, onde os seus mais de 60% de votos vislumbravam a bonanza, onde imperava na realidade um verdadeiro caos. "Vamos dar-lhes um bigode", num disparo fulminante ao coração dos adeptos, para nunca o deixarem cair.
#3 - "Está tudo tratado, só falta o dinheiro"
Existiram três episódios marcantes na diáspora desportiva nacional, no que concerne a fantásticas e mitológicas parcerias/protocolos com entidades desportivas ou empresas de outros sectores. No Top 3, misterioso "acordo de cooperação e prospecção" no Cazaquistão em 2015, por parte do Sporting, não pior que um "protocolo com a IBM" de João Vale e Azevedo (com direito a apresentação de facturas de computadores comprados). Nada tão profundo quanto o encontro de Jorge Gonçalves com "os herdeiros Rothschild" nos Países Baixos. Uma conexão "Illuminati" sem precedentes, à mais alta finança mundial.
#4 - Despedir treinadores pela voz de terceiros, ou o mito da "Agenda"
Despedir um treinador trata-se de um processo comum a todos os clubes. Os resultados desportivos imperam à empatia que este ou aquele elemento possam providenciar à massa adepta. Acorda-se os valores contratualmente definidos, e cada parte segue a sua vida. Mas por vezes não é assim. Pedro Rocha Franchetti viu-lhe ser apresentada a porta de saída, não pelo presidente Gonçalves, mas por elementos "não-ligados" à direcção, onde qual casa assombrada, vozes se erguiam aqui e além, chegando mesmo o treinador uruguaio a afirmar que "já sabia que iria ser despedido 6 meses antes" do facto consumado.
#5 - "As Unhas do Leão"
Uma táctica frequentemente utilizada para aproximação às massas de apoio num clube, é sem dúvida a apresentação de um projecto desportivo credível e aplicável. Todos nos recordamos das famosas "Unhas de Leão", onde constava Rijkaard (curiosamente jogador bastante próximo a van Basten, ostentado com orgulho em Alvalade pela mão de Bruno de Carvalho). Jorge Gonçalves, homem de ambições e certezas, rapidamente se rendeu às evidências: de futebol percebem os treinadores. Aos presidentes, numa linha que separa a ilusão da razão, pretende-se por uma posição mais discreta, e seguramente realista.
#6 - "Tudo era ficção científica"
Rijkaard acabaria por nunca realizar um único jogo oficial pelo nosso clube. Questões burocráticas relacionadas com prazos de inscrição, alguma falta de liquidez bancária e até mesmo o envolvimento muito lúcido de Amado Freitas, terão sido as razões. Questionado como tal pelo jornal "Expresso", assim como pela demora dos investidores a surgirem, o presidente Gonçalves viria a afirmar que afinal "era tudo uma palhaçada, ficção científica".
#7 - Conversas não pagam dívidas
Jorge Gonçalves nunca conseguiu induzir nem fomentar um tão necessário saneamento financeiro que muito utilizou como argumento de campanha. Considerou-se "traído" pelos investidores, "abandonado pela ala das finanças do clube" (que um ano antes radicalmente rebaixou), tendo havido lugar a histórias de viagens de última hora pela Europa fora, na busca de um Santo Graal que, em boa verdade, nunca encontrou.
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