Jesualdo Ferreira deu entrada no Sporting, como Manager, numa das fases mais negras da sua história e assume agora a liderança técnica com a situação ainda mais degradada do que quando chegou, há tão pouco tempo. Isto, pelos evidentes desagradáveis resultados desportivos e, tanto ou mais, pelo clima de «guerra» instalado dentro e em torno do Clube. É a primeira vez que o Sporting tem quatro treinadores numa só época - contando com o consulado interino de Oceano Cruz - mas já teve três em quatro outras ocasiões: 1988/89, 1989/90. 1995/96 e 1997/98.
Jesualdo Ferreira deixou o FC Porto em Maio de 2010 e passado um mês foi contratado pelo Málaga, assinando um vínculo com três anos de validade. Após cinco derrotas caseiras consecutivas e com apenas sete pontos em nove jogos, foi demitido. Duas semanas depois - Novembro de 2010 - assinou contrato com o Panathinaikos da Grécia por um ano e meio. Apesar dos catostróficos problemas financeiros que o clube entratanto revelou e a queda total da estrutura directiva, Jesualdo Ferreira manteu-se ao lemo e liderou a equipa ao 2.º lugar na Superliga grega, apenas seis pontos atrás do campeão Olympiakos. Com uma reestruturação total em curso, Giannis Alafouzos - fundador do clube - ofereceu-lhe um contrato de um ano, mais outro de opção. O técnico acabou por se demitir por iniciativa própria em Novembro de 2012.
Não por falta de confiança ou respeito pela experiência e competência de Jesualdo Ferreira, mas sim pelo estado psicologico em que a equipa se encontra e pelo movimento «revolucionário» que deve sofrer um acréscimo significativo num futuro próximo, é muito difícil sentir optimismo quanto ao seu sucesso no Sporting. É uma pessoa inteligente e com boa formação e já terá verificado que o Clube não dispõe da estrutura sólida de futebol que ele conheceu e que o suportou no FC Porto.
Chegou-se a um momento tão decepcionante na história do Sporting, que é de admitir tudo e mais alguma coisa, até, perdoem-me, uma inacreditável descida de divisão. Nunca na minha vida pensei ponderar, muito menos escrever, sobre esta hipótese. Como simples adepto, desde que me conheço, já atravessei - como muitos milhares de sportinguistas - períodos de menor agrado, incluindo os 18 anos de jejum. Tenho enfrentado erros de gestão e outros contratempos, com boa fé e tolerância. Nunca senti dificuldades extraordinárias em perdoar quem errou - dirigentes, técnicos e jogadores - porque sempre entendi que apesar dos evidentes lapsos, todos tentaram, de uma forma ou outra, contribuír para o progresso do Clube. Por muito que custe, tento encarar os recentes resultados desportivos da melhor maneira, mas, entre tudo isto, a forma tão desprezível como tanto tem sido feito para denegrir e destruir esta nossa Instituição,desde março de 2011, é inesquecível e imperdoável.