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A título de curiosidade...

Rui Gomes, em 27.03.17

 

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publicado às 03:15

 

Olhando para o que se passa lá fora, os treinadores não fazem e desfazem a mala tantas vezes. Nas ligas espanhola e alemã, só oito clubes já trocaram de treinador esta época, número que encolhe na Ligue 1 francesa (sete), na Premier League inglesa (cinco) e na Série A italiana (cinco). Em Portugal, apenas cinco equipas - Benfica, FC Porto, Sporting, V. Guimarães e V. Setúbal - não trocaram de treinadores, o que mostra claramente como a paciência de quem manda ferve em pouca água, num país onde os clubes têm orçamentos muitíssimo mais magros, ganham bem menos dinheiro com bilhética, receitas televisivas e desempenho nas provas do que as cinco maiores ligas da Europa.

 

A inevitável conclusão, portanto, é que despedir ou trocar sai mais caro em Portugal, apesar da menor capacidade para indemnizações e aumentos da folha salarial, no entanto, isso acaba por ser complicado de medir, pois nem todos os clubes estão cotados na bolsa e, como tal, os seus relatórios e contas não são públicos.

 

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Pública, e bem conhecida, é a falta de paciência que os clubes portugueses, ao mínimo amontoado de resultados que não vitórias, têm para com as pessoas que escolhem. Na primeira Liga já houve 15 trocas de treinadores entre os 13 clubes em que tempo é dinheiro, num mercado em que a divisa não é o tempo.

 

Os treinadores têm-no cada vez menos, sobretudo os que trabalham em equipas cuja vida é sobreviver e não viver à base de títulos - na segunda metade da tabela do campeonato, apenas o Vitória de Setúbal não trocou de técnico. Um em nove, portanto. Em Itália e Inglaterra, a relação é de seis em 10; em França, de quatro em 10, em Espanha, de três em 10; e na Alemanha, de dois em 10.

 

Mesmo que em níveis distintos, a paciência e o tempo parecem ser mais baratos lá fora. Por cá, os portugueses preferem negociar à chicotada. Podem ser psicológicas, mas talvez já sejam demasiadas. Salvo no caso de Jorge Jesus, obviamente, treinador bem protegido com o seu contrato milionário e o apadrinhamento temporal do presidente do Sporting.

 

publicado às 04:11

 

Manuel Sérgio tem 83 anos e é licenciado em Filosofia pela Universidade de Lisboa, doutorado e professor catedrático convidado (jubilado) da Faculdade de Motricidade Humana.

 

Apresentamos um excerto de uma entrevista sua ao jornal Expresso, conduzida pela jornalista Mariana Cabral, em que adianta um bom número de considerações sobre treinadores de futebol portugueses. Para o efeito deste post, por razões óbvias, damos destaque ao que é relevante a Jorge Jesus, com quem Manuel Sérgio já trabalhou.

 

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Já foi a Alvalade ver o Jesus?


Já, claro. E já fui à Luz e ao Dragão. O Jesus é muito meu amigo. Ele tem lá a sua maneira de ver o futebol.

 

Mas essa maneira de ver o futebol não é contrária à sua?


É.

 

Então como é que trabalharam juntos no Benfica?


Entendiamo-nos. Vamos lá ver, o Jorge Jesus é muito boa pessoa, é um bom tipo. Só posso dizer bem dele. É como o Pedroto, era um tipo que gramava à brava ouvir-me. É muito giro isto. Você sabe que sou um tipo pobre, não tenho casas ricas para lhes dizer "venha aqui ter comigo". Eles vêm para conversar. São indivíduos curiosos, porque ouvem um falar diferente e querem saber mais: "O que é que este gajo terá para dizer?" O Pedroto era um grande treinador de futebol. Muito curioso.

 

Como é que o conheceu?


Eu era amigo de um médico chamado Aníbal Costa, que foi durante muitos anos o presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva. Um dia ele pediu-me para ajudar o filho. "Veja bem que o meu rapaz quer ir para medicina, eh pá, mas está com 11 em filosofia. Você tem de segurá-lo e tal". E então comecei a dar-lhe umas explicações. No 2ª período passou para 15 e no 3º teve 17. Fiquei bem visto [risos]. É engraçado, eu sou um tipo com sorte. Tenho gente de cultura que gosta de falar comigo. E agora vai haver o colóquio onde gente do melhor da nossa cultura vai falar. E eu não pedi a ninguém. Eu nem quero dizer o que eles me dizem, tenho vergonha, se não as pessoas dizem que sou um vaidoso.

 

Um pianista para ser melhor pianista não corre à volta do piano. Senta-se e toca piano.


Precisamente. Se anda ali às voltas um gajo nunca mais lá vai. Falava nisso nas aulas.

 

O Mourinho depois citou-o nisso, correcto?


Pois, creio que sim. Mas um tipo com a minha idade, às vezes... Como um sou um furioso na leitura, leio muito e estudo muito, é uma mania, então às vezes há coisas que julgo que são minhas e depois não são, ou vice-versa. Mas não é por mal. Bom, mas essa do piano julgo que é minha. Houve coisas que eu disse pela primeira vez em língua portuguesa, tenho a certeza. Sobre o cartesianismo e a educação física. Alguém no futebol sabia quem era o Descartes? Não jogava no Benfica, o gajo. [risos] Ligar uma coisa à outra... Ir a estas coisas através da filosofia... Porque eu gosto da filosofia, não falo por obrigação.

 

Mas percebe que relacionar filosofia e futebol não é comum.


Não bate certo. Mas de facto uni essas duas áreas. Não devia dizer isto, mas até acho que disse coisas que fui o primeiro na Europa a dizê-las. Não há educação do físico mas de pessoas no movimento intencional da transcendência, a criação de um paradigma novo nesta área. Até parece mal estar a atirar isto para o ar. "Olha, lá está o velho, é um vaidoso do caraças". Mas quando se fala nas coisas não é o divino Espírito Santo que as põe cá, há sempre um trabalho feito. Bom, foi assim que conheci o Pedroto e ele então convidou-me para ir conversar com ele.

 

E foi.


Fui, fui ter com eles a um estágio. Não dormia lá, mas ia lá ter com ele quando podia. Ele punha a malta toda nos quartos e depois descia para conversarmos. O senhor Pedroto é um homem que eu nunca esquecerei. Há três treinadores assim: José Maria Pedroto, José Mourinho e Jorge Jesus. E o Jesus quis trabalhar comigo, o que é uma coisa que parece contraditória.

 

Exacto.


Acho que ele tem por mim um carinho especial, mas eu tinha a sensação que as coisas entravam a 100 e saíam a 200. Repare, para ser treinador de futebol são precisas qualidades várias. O Jesus tem muitas delas. Dá uns treinos que é um espectáculo. O jogador... Os treinadores não fazem o jogador, o jogador nasce. O treinador só tem de arranjar espaços para ele desenvolver o que tem. Se não eram Eusébios todos os dias, não era? E Messis e afins. Ainda no outro dia li uma entrevista do Messi... O Ronaldo vai muito ao ginásio e perguntaram ao Messi se ele o fazia, e ele disse que joga à bola tal como jogava em 'chiquito', em garoto, que aquilo é dele, não é de um treinador. É por isso que é necessário um diálogo permanente com o treinador. Não é o treinador dizer "eu mando e tal". Tem de se dirigir, comandar nunca. É o que digo: a grande revolução a fazer no desporto é cultural.

 

Como costuma dizer, não há remates, há jogadores que rematam. É isso?


Eu digo assim: não há remates, há pessoas que rematam; não há fintas, há pessoas que fintam. Se não conhecer as pessoas, não percebo as fintas. Isto é uma revolução, pá. Depois não sou convidado para nada, porque não vendo. O que é preciso é os gajos "ah você é isto, você é aquilo" e é uma vergonha, passa-se duas horas nisto. Algo está podre no reino da Dinamarca. É que aquilo nem futebol é. Mas dá dinheiro. É o nosso tempo e isso reflecte-se no futebol. Costumo dizer também: o desporto reproduz e multiplica as taras da sociedade capitalista. A mania do rendimento, do recorde, da medida, da alta competição... Isto é tudo típico da economia capitalista. Portanto isto tudo para dizer que foi assim que conheci o Pedroto.

 

E o Mourinho?


O Mourinho de vez em quando dialoga comigo, ainda hoje. No outro dia mandei-lhe um email e ele respondeu-me: "Professor, belo texto para ler e aprender". O José Mourinho é, intelectualmente, um superdotado. Ele não sabe mais de futebol do que os outros, é é mais inteligente. O que distingue o Mourinho não é o futebol, são as capacidades intelectuais que o tipo tem, que são anormais, pode crer. Oiça, o que distingue um treinador não é saber mais de futebol. O que é que é saber mais futebol?

 

Saber mais do jogo e de como transmiti-lo aos jogadores...


Ó minha querida, todos sabem praticamente o mesmo. O que distingue, depois, é o homem. Também costumo dizer: é o homem que se é, que triunfa no treinador que se pode ser. A diferença está aí, não está na tática.

 

O sucesso do Rui Vitória no Benfica explica-se por aí?


Claro, vamos lá ver... Hoje em dia um homem só não vale nada, tem de haver uma organização. O Benfica está tecnologicamente tão bem preparado como qualquer equipa europeia. Mas os homens é que comandam a tecnologia. O Rui Vitória foi meu aluno e posso dizer-lhe que foi um bom aluno. Sabe, eu dizia ao Jesus aquela frase do Marx...

 

"A prática é o critério da verdade".


Isso. Está a ver agora, por exemplo, o Leonardo Jardim? Não o conheço, mas está a provar... Eu até tenho de pedir desculpa aos treinadores que não conheço, mas de facto não falo dos outros porque não os conheço, não é? Olhe, há um treinador no Sacavanense, chamado Tuck, que no dia em que tiver a sorte de lhe abrirem uma porta vai ser outro Jorge Jesus.

 

Porquê?


Acho que vai ser. Falo muito com ele e com o adjunto dele. A equipa dele é só amadores e vai nos primeiros lugares, quando os outros são profissionais. O tipo tem ali qualquer coisa que bate certo. E tem um adjunto chamado Bruno Dias, que é um tipo sensacional. Repito: sou um tipo com muita sorte. Repare, sou professor no INEF quando o Jesualdo Ferreira, o Arselino Mirandela da Costa, o Carlos Queiroz, o Nelo Vingada começam a pensar numa frase que o senhor Pedroto dizia muitas vezes: "Faltam 30 metros ao futebol português". É aí que começa a nascer o novo treinador de futebol, com a entrada em cena dos indivíduos licenciados.

 

Os sucessos do treinador português.


Vamos lá ver, os êxitos dos nossos treinadores são humanos. Não é porque sabem mais ciência do que os outros. É porque são mais simpáticos, mais compreensivos... porque o futebol, "toma lá a bola", e quem tem jeito desenvolve o que tem, com um bom líder, alguém com boa leitura de jogo. Trabalhei um ano no departamento de futebol do Benfica e estou eternamente grato ao Jorge Jesus porque permitiu que eu visse o futebol por dentro.

 

Ele normalmente não deixa que assistam aos treinos.


Pois é, mas a mim deixou. Um ano inteiro ali. E um malandro como eu, que não deixo escapar nada. Sou aqueles atentos que parece que andam sempre distraídos. Falava com os jogadores, falava com este, com aquele, ia aos serviços todos...

 

Os jogadores dizem que o Jesus é muito picuinhas nos treinos.


Vou-lhe dizer as grandes qualidades do Jesus: é um indivíduo precioso, vai ao pormenor, tem uma leitura de jogo excecional, olha e vê. O tipo tem coisas... está de costas e diz que a bola vai para fora por causa do som que fez e outras coisas assim. O Jesus tem coisas de treinador excepcional. Agora, há outras coisas a fazer. Há sempre que estudar mais. Não compreendo o treinador de futuro sem estudo.

 

Estudar o quê?


Ah, aí é que está [risos]. É o grande mal. O que tem de estudar é só isto: é o que é específico das ciências humanas, porque o desporto é uma ciência humana. Temos de saber os nossos limites, não é? Até onde podemos ir. Quando não podemos ir, aprendemos, se aquilo nos interessa. Mas tudo é tempo. Tudo envelhece rapidamente. Mas quando eu digo estas coisas na década de 60 e 70, julgo que era tudo novo.

 

Comparando os treinos de então com os de agora, já vê uma grande diferença, não?


Sem dúvida. Mas aqueles treinos de carregar com o colega às costas pelas escadas já eu dizia naquela altura que estavam mal, era apenas um treino físico que nada tinha a ver com a tática. Há que ter uma visão sistémica do treino. Isso dizia eu nos anos 60 e 70. E está tudo escrito. Gerei anticorpos porque fui contra os grandes ícones do treino e da educação física. A fisiologia não, o objeto de estudo é o ser humano. Cada ciência humana estuda o ser humano, cada qual à sua maneira. A história estuda o passado, é o conhecimento sistemático do passado do ser humano; a psicologia estuda o comportamento do indíviduo em relação ao ambiente; a antropologia é o ser humano como ser cultural... E nós estudamos o ser humano no movimento intencional da transcendência. A fisiologia está lá, mas é superada. Como aquela expressão do Hegel, a verdade é o todo. Se eu não conheço o todo, não chego à verdade. Ora o todo, no treino, é o ser humano. Por isso não digo periodização tática, digo periodização antropológica e tática, porque ao mesmo tempo que preparo a tática, tenho de preparar o homem que faz a tática.

 

Costuma dizer que "só sabe de futebol quem sabe mais do que futebol".


Perfeitamente. Se não há jogos, há pessoas que jogam, saber de desporto não chega para estar no desporto. Isto é tão fácil. Mas para chegar aqui foi preciso estudar, foi preciso marrar. Não há jogos, há pessoas que jogam. E a partir daqui é que se vê o resto. Não posso passar a vida na tática se desconheço o resto. Muitas vezes, nas aulas, eu entrava com um livro do Torga, ou do Régio, ou do Jorge de Sena, ou do Rodrigues Miguéis, e dizia aos alunos que para perceber de desporto era preciso ler aqueles escritores.

 

E eles?


Hoje já me levam a sério, com o passar dos anos. Sei que fui um desestabilizador, mas um filósofo que não desestabiliza não é filósofo.

 

Continua a estudar?


Leio muito e dialogo ainda mais. Preciso muito do diálogo com os jogadores e com os treinadores desportivos. Saber é um trabalho de pura interdisciplinaridade entre a prática e a teoria. Convivi com grandes treinadores e aprendi com eles. O José Maria Pedroto, o Fernando Vaz - este gajo era um retórico, com uma cultura literária invulgar -, o Mário Wilson, o Artur Jorge, o José Mourinho e o Jorge Jesus. A todos devo o conceito que hoje tenho de futebol. E a questão não está na tática, está na forma como eu, como líder, sei estar em todas as situações necessárias num departamento de futebol.

 

Mas nós dizemos que o Jesus é o mestre da tática.


E fazem bem. O Jesus é o mestre da tática. O problema é que o futebol não é só tática. Vou-lhe contar uma conversa que tive uma vez com o Saviola, quando fomos almoçar fora ali numa tasquinha no Seixal, à beirinha da água. Perguntei ao Saviola pelos anos que tinha passado no Barcelona e quais os treinadores que tinha tido. Creio que me disse o Carles Rexach, o Rijkaard e o Van Gaal. Então perguntei-lhe dos três, qual lhe tinha parecido ser o melhor treinador. Resposta do Saviola, que não me respondeu, mas respondeu na mesma: "Eles de futebol sabiam todos, o melhor treinador é sempre o melhor nas relações humanas". Está a ver? Por isso é que eu digo, leiam os grandes escritores. Porque há esta mania, primeiro ano fisiologia, segundo ano treino... e anda-se a bater sempre no mesmo. Mas é à medida que compreendo melhor a vida que compreendo melhor o desporto. Como dizia Ortega Y Gasset, eu sou eu e a minha cirscunstância. Portanto quando me analisam não posso ser só eu. É a minha família, a minha cultura, a minha ideologia, a visão que tenho... há tanta coisa para ver.

 

Os jogadores também vão falar consigo?


Jogadores nem tanto. É mais treinadores. Com o José Augusto, António Simões... Eles fizeram parte da melhor equipa de futebol que conheci. Vejo futebol desde a década de 30, desde miúdo. As Salésias eram o único campo relvado do país e os jogos internacionais eram lá todos, e eu estava sempre lá. Ainda assisti à primeira final da Taça de Portugal que a Académica ganhou 4-3 ao Benfica. Estava lá a ver, com o meu pai, claro. Mas a maior equipa de futebol portuguesa de todos os tempos foi aquela equipa do Benfica. Nunca houve melhor. Eram os melhores da Europa. O Real Madrid estava a descer, mesmo com o Di Stéfano e o Puskás, e o Benfica tinha o José Augusto, o Simões, o Coluna... tudo aquilo era de luxo. Nós, lisboetas, íamos ver o Benfica como quem ia à ópera. "Eh pá, hoje joga o Benfica!" Já sabíamos que era espectáculo garantido. Grandes jogadores. Está por fazer-se uma homenagem àquela equipa. Não era só o Eusébio. O Eusébio secou o resto [risos]. Havia um central que foi o central com mais classe que já vi, o Germano. Tudo era bom. Uma equipa que vai três anos consecutivos à final da Taça dos Campeões Europeus... nunca aconteceu em Portugal. E dificilmente acontecerá.

 

Hoje em dia há alguma equipa que goste mais de ver?


Gosto de ver o Barcelona, de vez em quando. Viu o Barcelona-PSG? Qual era a tática? É capaz de me dizer? Ganhou a equipa que tinha génios. E nesse dia houve génio de alguém que dentro de dois ou três anos vai ser o melhor do mundo, o Neymar. Mostrou tudo o que tinha.

 

O que é para si um bom treinador?


É, em primeiro lugar, um gestor de conhecimento. Tem de se dizer isto, porque nós vivemos na sociedade do conhecimento. Uma pessoa que saiba organizar e organizar-se. Se sabe que vai treinar pessoas e não objetos, deve organizar-se mais para dirigir do que para comandar. Quem dirige põe os outros a pensar com ele, quem comanda normalmente não ouve os outros e quem ouve os outros aprende muito com eles. O treinador é especialista em humanidade.

 

E em futebol?


Se os jogadores não o aceitam como homem, de nada vale saber muito de futebol.

 

publicado às 13:40

 

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Rodrigo Tello, que chegou a ter Cristiano Ronaldo como colega de equipa no Sporting, foi instado a fazer uma breve apreciação sobre os diversos treinadores com quem trabalhou em Alvalade:

 

Manuel Fernandes (2000/2001): Bem recebido

"Colocava-me sempre que podia, mas eu entendia a situação porque não estava bem fisicamente."

Laszlo Boloni (2001/2003): Loucura física


"Fisicamente era impressionante. As ‘ovais’ eram de loucos. Mas fomos campeões."

Fernando Santos (2003/04): Frontal

"Apostou em mim. Nunca sabemos se está chateado ou feliz. Mas sempre correcto, dizia tudo na tua cara."

José Peseiro (2004/05): Marcante

"Amor e ódio. Estive 6 meses sem jogar, depois fiz todos os jogos. Marcante."

Paulo Bento (2005/2007): Especial

"Foi especial. Era meu colega quando cheguei, e depois técnico. Tinha dúvidas de como lidar com ele. Não o podia tratar da mesma forma."
 

publicado às 05:02

 

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O Gazetta dello Sport publicou uma lista que, segundo o jornal italiano, dá a conhecer os salários dos treinadores mais bem pagos do Mundo. Como era de esperar, Pep Guardiola, recém-chegado ao Manchester City, lidera a lista, com José Mourinho, agora no Manchester United, muito próximo. Jorge Jesus figura em 13.º lugar, com 5 milhões de euros.

 

  1. Josep Guardiola (Manchester City) 19 milhões de euros
  2. José Mourinho (Manchester United): 16
  3. Carlo Ancelotti (Bayern de Munique): 15
  4. Arsène Wenger (Arsenal): 10
  5. Ziedine Zidane (Real Madrid): 9,5
  6. Jurgen Klopp (Liverpool): 8,2
  7. António Conte (Chelsea): 7,8
  8. Luis Enrique (Barcelona): 7
  9. Ronald Koeman (Everton): 7
  10. Mauricio Pochettino (Tottenham): 6,6  

 

Parece-me claro que estes valores são indicativos apenas dos salários base, não incluindo qualquer tipo de bónus ou prémios por objectivos. Também tenho a ideia que Jorge Jesus foi aumentado para 6 milhões esta época.

 

Dá ensejo a duas perguntas:

 

1.ª Quantos milhões são suficientes ?

2.ª Por quantos mais anos os clubes de futebol, nomeadamente os portugueses, vão conseguir sustentar os actuais vencimentos milionários tanto dos atletas como dos treinadores ?

 

publicado às 03:55

 

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A reputada revista britânica Four Four Two publicou uma lista daqueles que considera ser os 50 melhores treinadores do Mundo e Jorge Jesus encontra-se na 10.ª posição. Em princípio, é de acreditar que esta designação satisfará o ego do técnico do Sporting, no entanto, precisamente por esse mesm ego, será que tem esse efeito ? Ao fim e ao cabo, ser o 10.º melhor é prestigioso, mas nada comparável a ser considerado o melhor... do Planeta e arredores.

 

Eis os primeiros 10 nomes da lista:

 

1.º - Diego Simeone (Atlético de Madrid)

2.º - Peo Guardiola (Manchester City)

3.º - Luis Enrique (Barcelona)

4.º - José Mourinho (Manchester United)

5.º - Unai Emery (Paris Saint-Germain)

6.º - Max Allegri (Juventus)

7.º - Jurgen Klopp (Liverpool)

8.º - Claudio Ranieri (Leicester)

9.º - Ronald Koeman (Everton)

10. - Jorge Jesus (Sporting Clube de Portugal)

 

Fernando Santos situa-se no 33.º lugar e Rui Vitória no 39.º. Não me dei ao trabalho de procurar os nomes de outros treinadores portugueses, mas é de acreditar que Paulo Sousa, entre outros, esteja na lista.

 

Eis o que a Four Four Two tem para dizer sobre Jorge Jesus:

 

«Directo, imodesto e nunca subestimado – é o segundo melhor treinador português. Embora não tenha ganho qualquer troféu na sua primeira temporada enquanto treinador do Sporting em 2015/16, a reputação de Jorge Jesus enquanto um dos melhores treinadores de Portugal continua maioritariamente intacta.

 

O carismático técnico de 61 anos saiu de forma sensacional do Benfica e assinou pelos ferozes rivais de Lisboa, o Sporting, no último verão, prometendo tornar o clube que representou enquanto jogador – que não vencia o campeonato desde 2001/02 – novamente num grande candidato ao principal troféu de Portugal.

 

Jesus já quebrou a asfixia do futebol português por um único clube, quando o Benfica roubou o estatuto ao FC Porto. Para manter a reputação de melhor treinador em Portugal, ele precisa de fazer o mesmo outra vez e levar o Sporting à vitória, batendo os rivais tricampeões».

 

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A revista não terá considerado a conquista da Supertaça na época passada, mas podemos aceitar a omissão como um mal menor. Apelidar Jesus de "carismático" é ser muito simpático. Nunca pensei nele nesses termos, mas até é possível que a falha seja minha.

 

É indicado, com plena razão de ser, que para justificar o seu estatuto (e o seu salário milionário), Jorge Jesus precisa de levar o Sporting ao título nacional. Um outro segundo lugar não irá satisfazer ninguém, a começar pelo presidente, que assumiu a forte aposta nesse quase único sentido.

 

 

DESAFIO PARA OS LEITORES (sem fazer pesquisa):

 

Quem são os primeiros três treinadores da lista ? 

 

publicado às 13:14

Insólito é dizer pouco !

Rui Gomes, em 12.04.16

 

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O presidente do Palermo, Maurizio Zamparini, procedeu à oitava mudança de treinador na presente temporada, substituindo Walter Novellino por Davide Ballardini, que regressa ao comando técnico da equipa. Actualmente em 18.º e em risco de despromoção, o Palermo perdeu no domingo por 3-0 em casa com a Lazio.

 

“É penoso assistir a isto. Nas últimas duas partidas, a nossa equipa sofreu seis golos e nos últimos quatro jogos só conquistou um ponto", afirmou Zamparini, justificando diante da imprensa mais uma substituição de treinador.

 

Zamparini procedeu a 57 substituições de treinadores no seu percurso como dirigente desportivo.

 

Davide Ballardini regressa ao comento técnico do Palermo, que já treinou entre 10 de Novembro de 2015 e 11 de Janeiro deste ano.

 

publicado às 05:16

Consideração do Dia

Rui Gomes, em 10.01.16

 

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É evidente que a escolha de treinador do FC Porto não é um assunto que nos diz respeito, mas não deixa de ter algum interesse e, na realidade, afecta-nos indirectamente, dado que se trata de um rival para a conquista do título.

 

Os nomes começam a circular na praça pública, inclusive de estrangeiros, mas os técnicos portugueses que poderão estar entre os candidatos mais fortes são: André Villas-Boas, Jesualdo Ferreira, Leonardo Jardim, Marco Silva, Nuno Espírito Santo e Paulo Bento.

 

Qual é a escolha do leitor ?

 

publicado às 03:57

O que dizem eles

Rui Gomes, em 07.01.16

 

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Era inevitável que o estado de "guerra fria" entre os treinadores do Sporting e do Benfica viesse a precipitar reacções colaterais. José Pereira - presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), disse esta quinta-feira à Agência Lusa ter ficado desgostoso com as declarações de Jorge Jesus sobre Rui Vitória e que, oportunamente, irá falar com os dois.

«É evidente que estamos desgostosos com esta situação, mas temos que ter a noção do que podemos fazer e o que é ou não realizável. Temos que nos propor para tarefas realizáveis e não vale a pena perder tempo com as que não são concretizáveis.

Entendo mas não aceito as declarações de Jorge Jesus sobre Rui Vitória, que tem toda a legitimidade para exercer a sua atividade de treinador, que é validado pela federação, associação e IPDJ e não pelo atual treinador do Sporting. Mas, de momento, é impossível sentar os dois à mesma mesa, pois poderia até estar a criar uma situação para que as coisas piorassem ainda mais.

Tenho a noção de que as coisas estão em tal estado que dificilmente será possível sentá-los à mesma mesa. Quer seja por disponibilidade temporal, com jogos, treinos e palestras, quer mental. Não vale a pena estar a pensar que esta situação se resolve de um momento para o outro.

Existe um código de ética e deontológico recomendado para a classe, que de uma forma geral tem sido cumprido por todos os treinadores. Eles trocam comprimentos nos finais dos jogos com mais ou menos azia - como se diz na gíria -, e tem havido um equilíbrio emocional, que é indispensável nestas situações e que pugnamos para que assim aconteça.

Até poderemos compreender que as afirmações proferidas por Jorge Jesus façam parte de uma estratégia sua, mas há limites para essa prática que são ultrapassados quando existe falta de respeito, má educação ou intenção de prejudicar alguém.»

 

 

Parece-me claro que esta situação não vai ficar por aqui e que com o passar de cada jornada da I Liga e a potencial pressão pela corrida para o título na derradeira fase do campeonato, verificaremos um acréscimo de troca de "farpas" e afins entre os dois técnicos dos eternos rivais de Lisboa.

 

publicado às 15:50

O que dizem os treinadores

Rui Gomes, em 17.12.15

 

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«As duas equipas fizeram tudo para ganhar. Ganhou o Braga mas a primeira equipa a fazer o 4-3 foi o Sporting com o golo do Slimani, que não estava em fora de jogo – ou estava, porque foi assinalado. Tanto o Sporting como o Braga procuraram ganhar no tempo regulamentar e isso proporcionou um excelente jogo. Sai melhor o Braga, porque segue em frente, e o futebol porque o Sporting saiu derrotado mas fez uma excelente partida.

Nem sempre conseguimos parar o Braga. O jogo foi todo muito disputado com qualidade técnica e tática. Houve muitos golos porque a qualidade ofensiva foi melhor que a defensiva. Não há mais nada a dizer. Queríamos passar e chegar à final da Taça porque defendíamos o título mas não foi possível.

Nunca é positivo quando não ganhas. Não foi um jogo do campeonato – é a Taça e é a eliminar. Não estamos satisfeitos por sair e o que marca é não ter a possibilidade de chegar à final. Mas temos outros objetivos, estamos em três das quatro competições.»

 

                                                                                                                JORGE JESUS



«É um enorme privilégio ter estado neste jogo como treinador. Foi um grande jogo de futebol, que promove da melhor forma o nosso futebol. Tanto nós como o Sporting provámos o nosso valor, é pena ter de sair uma das equipas, ambas mereciam continuar na prova.

«Mas não voltámos as costas ao jogo, nunca desistimos. As duas equipas acabaram de rastos, o que atesta a intensidade a que o jogo foi disputado. No cômputo geral acabámos por merecer a vitória, provámos que podemos discutir o jogo com qualquer equipa, como tinha acontecido com o Benfica.

O Benfica, ao estar em vantagem, acabou por baixar as suas linhas e dificultar a nossa tarefa. Mas não fizemos um jogo inferior ao de hoje com o Sporting. Fazer quatro golos a esta grande equipa do Sporting não é para todos, devemos orgulhar-nos disso.

É um tremendo orgulho dirigir estes jogadores, foram enormes. Esta vitória também é para os nossos adeptos, pelo apoio que nos deram.»

 

                                                                                                               PAULO FONSECA

 

publicado às 06:35

O que dizem os seleccionadores

Rui Gomes, em 13.12.15

 

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Fernando Santos  -  Portugal

 

«Disse antes do sorteio que o importante é conhecer os adversários e agora é preciso estudá-los e analisá-los. Não acredito em facilidades, nem em dificuldades, porque acredito que com trabalho conseguimos os resultados que queremos. Respeitamos todos e temos de encontrar soluções para seguir em frente.

«A Islândia é uma equipa que tem vindo a evoluir muito nos últimos tempos e já no apuramento para o campeonato do mundo esteve no play-off. Agora, apurou-se directamente à custa da Holanda, que é na realidade uma equipa fortíssima e que todos estranham não estar aqui. Um dos factores de não estar aqui foi a Islândia e isso mostra o seu potencial.»

«A Áustria é uma equipa que não tem estado muito presente, mas tem vindo em forte crescimento e a aproximar-se. Tem jogadores de grande qualidade como o Alaba ou Arnautovic e já joguei contra essa equipa duas vezes com a Grécia. Acabou muito bem o seu grupo e afastou equipas importantes, pelo que temos de ter atenção.»

«A Hungria é menos conhecida e há 48 anos que não participavam num Europeu e esse factor é importante. Têm um bom guarda-redes e outros jogadores com qualidade, mas o factor mais importante é motivação com que vão entrar em campo.»

 

 

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Bernd Storck  -  Hungria

 

 «Estamos num grupo difícil com rivais difíceis. O importante para nós é que não temos nada a perder. É uma boa oportunidade para mostrar o que sabemos fazer a este nível. Historicamente não temos tido muito sucesso contra Portugal, que é sem dúvida uma equipa fantástica. Para a nossa equipa e para os nossos jogadores jovens será uma magnifica oportunidade e uma boa experiência. Penso que Portugal é a equipa favorita, absolutamente. Está entre as equipas que podem ser finalistas.»

 

 

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Marcel Koller  -  Áustria

 

«É o jogo mais difícil. O Ronaldo é um jogador de classe mundial e vai ser o jogo mais difícil, mas estamos contentes de jogar com esta equipa de classe mundial. Vamos jogar contra uma grande equipa como Portugal. Hungria e Islândia são boas equipas, mas o novo grande desafio vai ser contra Portugal e Ronaldo.»

 

 

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Lars Lagerback  -  Islândia

 

«Todos sabem que Portugal tem uma boa equipa. No Europeu, é claro que não há equipas fáceis. Vai ser um jogo em que temos que defender muito bem e sobretudo impedir individualidade, como Ronaldo. A melhor parte do sorteio é que podemos começar a jogar a 14 de Junho, com Portugal. Temos mais dias para nos preparar.Todos os jogos são difíceis, mas se estivermos ao nível que mostrámos na qualificação, então acho que temos possibilidade de continuar em prova.»

 

publicado às 05:28

Dois "onze" fantasia

Rui Gomes, em 12.09.15

 

No que aparenta ser uma promoção às provas europeias, a UEFA formou dois "onze" com os treinadores das equipas participantes tanto na Liga dos Campeões como Liga Europa. Ironicamente, até seriam equipas potentes, no seu tempo, claro.

 

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Julen Lopetegui é o único "português" na equipa

 

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Na Liga Europa temos Paulo Sousa e Ricardo Sá Pinto

 

publicado às 07:27

Quem vem a seguir ?

Rui Gomes, em 24.05.15

 

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Depois de Leonardo Jardim e Marco Silva, quem será o novo treinador do Sporting ?... A comunicação social tem andado a adiantar nomes: Paulo Fonseca - Sérgio Conceição - Rui Vitória - Lito Vidigal - João de Deus - Paulo Sousa - Jorge Jesus e... Augusto Inácio.

 

Isto... para a época de 2015/16. Quem seguirá em 2016/17 ?

 

Esta "conversa" faz-me lembrar o meu grande amigo Álvaro Ruivo; devoto sportinguista, anti-Benfica como poucos, empresário de sucesso e colega dirigente no futebol que, lamentavelmente, deixou-nos muito cedo. Pessoa inteligente, objectiva e persistente, por vezes até teimoso ( o que ele me acusava de ser), grande apoiante de José Roquette, tal como eu fui em tempos de outrora. Sinto muitas saudades dele e adorava saber o que ele pensaria destes tempos que vivemos no Sporting. Apraz-me pensar que ele partilharia da minha opinião, mas não o posso garantir.

 

De qualquer modo, o meu amigo Álvaro surgiu-me em relação ao ponto fulcral deste post. Quando não lhe agradava uma qualquer escolha de treinador, ele tinha por hábito afirmar: "Escolheram (...) ?... Então comecem já à procura do próximo !"

 

Assim estou eu e nem sequer sei quem irá substituir Marco Silva.

 

publicado às 04:39

"Mou" defende a sua classe

Rui Gomes, em 08.05.15

 

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Podemos ou não simpatizar com a pessoa, podemos criticar - com justiça, diga-se - algumas das suas atitudes ao longo dos anos, mas uma coisa me parece indiscutível sobre José Mourinho: o homem percebe de futebol.

 

 

O actual treinador campeão do Chelsea foi instado a comentar a situação de colegas da classe em Portugal, embora, curiosamente, não se tenha pronunciado relativamente a Marco Silva, pelo menos nesta ocasião.

 

José Mourinho acredita que Julen Lopetegui deve permanecer na liderança técnica do FC Porto, mesmo que não seja vencedor da Liga:

Se o treinador escolheu um plantel, se o clube acreditou nele, se houve coisas que correram bem e outras menos bem, porque não dar ao treinador a oportunidade de poder ser melhor numa segunda época ?

 

Semelhante raciocínio aplica-se a à situação de Jorge Jesus, que, na opinião de Mourinho, foi meritoriamente resolvida pelo presidente do Benfica:

Luís Filipe Vieira deu um voto de confiança ao treinador numa época em que este não ganhou nada. Jesus não estaria prestes a ser bicampeão se tivesse sido despedido quando perdeu tudo na recta final da época de 2012/13. A estabilidade é fundamental para alcançar sucesso.

 

 

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Não será desajustado associar o mesmo critério a Marco Silva. Ao fim e ao cabo, porque razão se lhe deu um contrato de quatro anos, se o despedimos logo no final da primeira época (já para não invocar a intenção de o fazer passado cinco meses), só porque não foi campeão nacional, ou porque poderá não conquistar a Taça de Portugal, algo que eu acredito veemente que conseguirá, não obstante o difícil adversário pela frente ?

 

Recomendo, igualmente veemente, que Bruno de Carvalho deixe o seu ego em casa, tão enorme que é, e dê ouvidos aos adeptos, a vasta maioria dos quais, no meu pensamento, desejam ver Marco Silva ter uma segunda oportunidade para fazer melhor em 2015/16. Se o presidente já tomou uma decisão nesse sentido, ainda vai a tempo de reflectir os prós e contras mais ponderamente e recuar no seu propósito. Em última análise, até lhe ficaria bem reconhecer que há mais do que um caminho para se chegar ao destino e que esse caminho não é, necessária e exclusivamente, aquele que está em seu poder determinar, unilateralmente.

 

Com tudo isto, a concretização de todos e quaisquer objectivos não depende apenas do treinador. A estrutura do futebol leonino - neste caso concreto essa estrutura aparenta ser Bruno de Carvalho e Augusto Inácio - devem abdicar de caprichos pessoais e quaisquer noções de romanticismo e dar ao treinador a "matéria prima" possível para facultar a realização desses objectivos. Apurar o melhor jovem talento à disposição e garantir uma maior maturidade da equipa, tanto em termos de liderança como técnicos, com três ou quatro reforços, no máximo e mediante eventuais saídas - com a capacidade para fazer a diferença. Só assim será possível poder aspirar chegar à meta desejada.

 

publicado às 04:57

 

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A revista "France Football" publicou esta semana as listas dos jogadores e treinadores mais bem pagos do Mundo. Neste post, vejamos o que consta sobre os técnicos que, sem surpresa alguma, são liderados pelo português José Mourinho:

 

1.º José Mourinho - Chelsea - 17, 9 milhões de euros

2.º Carlo Ancelotti - Real Madrid - 15,4

3.º Pep Guardiola - Bayern Munique - 15,2

4.º Arsène Wenger - 11,2

5.º Louis van Gaal - Manchester United - 9,9

6.º Fabio Capello - Selecção da Rússia - 8,9

7.º André Villas-Boas - Zenit - 8,4

8.º Sven-Goran Eriksson - Shanghai SIPG - 8,4

9.º Jurgen Klopp - Borussia Dortmund - 7,1

10.º David Moyes - Real Sociedad - 6,9

 

Confesso que nada desta lista me surpreende, embora hajam casos fascinantes, como o de André Villas-Boas. Uma ascensão fenomenal assente praticamente naquela "too good to be true" época no FC Porto. Em pouco tempo, garantiu o seu bem estar para o resto da vida. Espectacular mesmo !

 

Eriksson, aos 67 anos, ainda a comandar um salário tão elevado, só se explica por ser na cidade mais rica da China.

 

Tenho amigos que questionam constantemente a permanência de Arsène Wenger no Arsenal. Ainda mais agora, decerto, depois de verificarem os seus 11,2 milhões de euros de salário. Mesmo conquistando relativamente poucos títulos ao longo dos anos, creio que o facto do Arsenal se ter tornado num clube muito lucrativo e competitivo desde que ele assumiu a liderança técnica em 1996, explica muito.

 

Por fim, temos Jurgen Klopp, que não é tão bem remunerado quando comparado a outros com um palmarés inferior, mas que por opção pessoal tem recusado ofertas milionárias para sair de Dortmund.

 

publicado às 05:01

Almoço de treinadores

Rui Gomes, em 08.01.15

 

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O Sporting comunicou no site oficial que foi hoje realizado um almoço com os técnicos das equipas de hóquei em patins, futsal, andebol e futebol, que teve lugar na sala de refeições da Academia Sporting.

 

Estiveram presentes Marco Silva, João de Deus, Nuno Dias, Nuno Lopes, Frederico Santos, e ainda Bruno de Carvalho, Vicente Moura - vice-presidente para as modalidades - e o vogal desse mesmo departamento, Rui Caeiro.

 

Em princípio, nada de errado com este convívio, em contrário, mas quem se queira dar a suspeitas - como é o meu caso - não deixa de achar curioso, pelos recém-eventos, a realização e o timing do encontro, e, sobretudo, a aparente necessidade do anúncio no site oficial do Clube, quando, por vezes, questões muito mais importantes, não merecem este tipo de consideração.

 

Não vamos, no entanto, sem conhecimento de causa, adiantar conjecturas, porventura despropositadas.

 

Adenda: Declaração de Marco Silva, à "Sporting TV" no final do encontro:

 

«É sempre importante, quando estamos reunidos todos, quando temos estes momentos de convívio também e quando falamos com vários treinadores, todos defendemos a mesma causa, o mesmo clube, mas as realidades são completamente diferentes. Faz-nos entender que tipo de dificuldades enfrentamos e que tipo de obstáculos temos de passar naquilo que são as nossas profissões. Portanto, debatemos vários assuntos, falamos sobre muitas situações das várias modalidades. Têm situações muito diferentes, embora por vezes pareçam muito parecidas.»

 

Até nem duvido da sinceridade das palavras de Marco Silva, no entanto, atendendo às circunstâncias e a falar para a "Sporting TV", um discurso "politicamente correcto" é perfeitamente natural e expectável, tanto por parte dele como de qualquer um dos outros técnicos presentes. Além do mais, isto não significa que o "blackout" foi levantado.

 

publicado às 18:25

Mais uma ideia "genial" de Blatter

Rui Gomes, em 09.09.14
 

 

Já há muito que Joseph Blatter devia ter disponibilizado o "trono" da FIFA e permitir que o organismo que superintende o futebol mundial fosse liderado por alguém com um pouco mais de integridade - e não me refiro a Michel Platini - e, sobretudo, com uma real visão do que deve ser o futuro da modalidade. Lamentavelmente, já consta que se vai recandidatar e até é de admitir que com os "favores" acumulados ao longo dos anos, venha a ser reeleito.

 

Entretanto, no âmbito do congresso "Soccerex", revelou mais uma das suas ideias que, para mim, é uma autêntica absurdidade. Já propôs ou vai propor, que os treinadores tenham acesso a imagens televisivas para poderem contestar as decisões dos árbitros durante os jogos, "mas apenas quando o jogo estiver interrompido".

 

Estou já a imaginar o cenário: cada vez que o jogo for interrompido - não foi explicado, mas presume-se por lesão - iremos ter, muito provavelmente, não um, mas os dois treinadores em campo, a contestar um qualquer lance que que não lhes agradou, com o potencial para a paragem ser ainda mais morosa do que é usual. Ainda mais, treinadores inovadores como José Mourinho, não hesitarão em enviar recado para dentro do terreno, para que um dos seus jogadores simule lesão, de modo a permitir-lhe rever um lance do seu desagrado. Quantas vezes por jogo será esta revisão permitida ?

 

Segundo informações, o sistema poderá entrar em vigor já em 2015, no Mundial de Sub-20 a realizar-se na Nova Zelândia.

 

Para que conste, eu sou contra a introdução de tecnoclogia no jogo, para alegadamente facilitar o trabalho da arbitragem, salvo a que já está a ser utilizada em relação à linha de golo.

 

publicado às 04:52

A última Coca-Cola do deserto

Rui Gomes, em 18.05.13

 

Foi esta a expressão escolhida pela generalidade dos bloguers com contactos próximos da actual Direcção do Sporting: de acordo com eles, Jesualdo não seria "a última Coca-Cola do deserto". Acho, desde logo, extremamente curioso a escolha da expressão seja quase generalizada a esses comentadores da vida sportinguista. É uma coincidência que só posso atribuir a alguma inspiração divina, quem sabe se por algum ente sobrenatural simpatizante do verde e branco.
 
Já mais a sério é o conjunto de argumentos que esses comentadores levantam para não considerarem Jesualdo como a tal Coca-Cola especial: ora ele não tem currículo, ora só ganhou no Porto, ora é tudo uma questão de imagem, ora só ganhou alguns jogos nos últimos minutos, ora os jogadores que valorizou no FC Porto não foram escolhidos por ele, ora é benfiquista desde pequenino, ora sei lá o que mais... Em conclusão, tudo serve para atacar o (ainda) nosso treinador. Nem me vou aborrecer a comentar muitas das afirmações erróneas destes meus consócios. Tentarei apenas descrever, brevemente, o que fui vendo ser feito no Sporting ao longo destes últimos quatro meses e depois olhar ao que nos é proposto em alternativa, para termos uma noção clara do que está em causa.
 
O Sporting, no início do ano, estava esfrangalhado, à beira da linha de água da descida de divisão. Nenhum jogador jogava, verdadeiramente, futebol. Não havia um sistema. Fisicamente, a equipa estava de rastos devido a uma péssima pré-temporada que matou quaisquer hitpóteses de se fazer uma boa época de futebol. Quatro meses e várias dispensas e vendas depois, o Jesualdo pegou na equipa. E mais ainda pegou nos jogadores. Por exemplo, fez de Rojo um central credível, de Rinaudo um trinco com razoável produtividade, voltou a ter um "10" em André Martins, reinventou um Cédric que se arrastava desde o início da época, aguentou-se com um único ponta de lança, já vendido e ainda a "dar o litro"e, mais do que tudo, transformou gente jovem da equipa B, e outros ainda dos juniores (Dier, Ilori, Bruma, Fokobo, Zezinho, Esgaio) em potenciais activos, muitos deles titulares, da equipa principal do Sporting. Fez notavelmente esta mescla, jogando com base em remendos da Liga de Honra enquanto os principais valores não eram sequer capazes de fazer dois passes seguidos e foi ainda recuperando fisicamente uma equipa destruída a esse nível. Noutro campo de análise, caramba, há quanto tempo não tínhamos conferências de imprensa como voltámos a ter, sem o velho "vamos levantar a cabeça" mas sempre de cabeça bem levantada, fazendo um brilhante controlo de estragos de uma época desastrosa na comunicação social. Foi ainda ele que colocou os árbitros "em sentido" com afirmações que só ele pode fazer, puxando pelos seus galões de experiência e exigindo respeito a quem sempre nos desrespeitou. Foi um trabalho ciclópico que, lentamente, foi resultando numa aproximação aos lugares de acesso à UEFA, os quais só não conquistámos porque trajectos excepcionais e atípicos do Paços de Ferreira e do Estoril não nos permitiram tal proeza.
 
Mas claro os indefectíveis do Bruno de Carvalho vão ainda dizer que não chega, que isso não é nada de especial, que qualquer um melhoraria um Sporting que bateu tão fundo e que muito da melhoria se deveu à ida para o banco do novo Presidente (vi este argumento a um comentador, fica o meu parentesis aqui para um sorriso). Analisemos então as alternativas que nos serão propostas. Nada sei de nomes, mas uma vez que já temos cinco escolhas de Bruno de Carvalho a nível de opções para o futebol, poderemos tentar extrapolar a qualidade do que aí virá, pelo acerto do que foi feito antes.
 
Escolha número 1 - Inácio. Devo dizer que gosto de Inácio. Ele foi o treinador da equipa que me proporcionou a 3.ª noite mais feliz da minha vida (só superada pela do nascimento da minha filha e pela do meu casamento). Não vou pois alargar-me muito sobre ele. Respeito-o muito pelo que fez aquela equipa, naquele ano, e pela imensa alegria que me proporcionou. Tem uma vida ligada ao futebol. Sei que muitos discordarão de mim, mas aceito-o sem contestar e quero acreditar que fará um bom papel.
 
Escolha número 2 - Virgílio. Penso que Virgílio será uma boa pessoa e um sportinguista. Lembro-me de ser um jogador dedicado e trabalhador. Pelo que sei, desde há em quarto de século que não está ligado ao futebol. É muito tempo. Não oferece quaisquer garantias de conhecimentos, saber ou experiência. Esta escolha para um lugar de liderança eminentemente técnica não tem pés nem cabeça. Só pode liderar na Academia quem sabe, quem conhece, quem aporta mais valor. Virgílio, como o novo homem forte da formação, foi cair no meio de mestres e será trucidado. Claro que não pode merecer aprovação.
 
Escolha número 3 - o 3.º elemento. Este tem feito um notável, se bem que de algum modo invisível, trabalho na Academia. Tão invisível, mas tão invisível, que ninguém ainda sabe quem ele é...
 
Escolha número 4 - Freitas Lobo e Tomaz Morais. escolhas para agradar ao sócio a dias das eleições. Na linha do que tem sido a actuação desta Direcção, nunca se materializou essa promessa. Em boa verdade, para todos os envolvidos, ainda bem.
 
Escolha número 5 - Van Basten. Este foi o treinador escolhido por Bruno de Carvalho na única vez que teve de indicar alguém para esse lugar, ou seja, nas penúltimas eleições. Foi seleccionador da Holanda, equipa com jogadores, a todos os níveis, notáveis. Elminada por Portugal no Mundial de 2006 e pela Rússia no Europeu de 2008. Para a época de 2008-2009 foi contratado pelo Ajax, onde exigiu reforços de monta, tendo o clube investido como nunca antes na sua história. Não chegou à Liga dos Campeões. Devido ao seu passado, deixaram-no demitir-se, para não passar a vergonha de ser demitido. Esteve no desemprego até à época de 2012-2014, na qual treinou o Heerenveen, obtendo o oitavolugar na Liga holandesa.
 
Pois é isto. Olhando para este cartel de escolhas anteriores, parece evidente que Jesualdo não poderia ficar. Infelizmente o Sporting tem sido isto. Quando alguém parece estar no lugar certo a fazer o trabalho que tem de ser feito, há sempre algum iluminado que liquida as nossas esperanças. Na verdade até regredimos, pois continuando a ser o cemitério de treinadores que já antes éramos, agora resolvemos inovar e passamos a pô-los a andar quando os sócios ainda os aplaudem.
 
* Texto da autoria de Desert Lion
 

publicado às 09:00

O desrespeito patente

Rui Gomes, em 03.03.13

Os nossos treinadores foram desrespeitados. Não podem pedir bom senso e utilizar numas situações e noutras não. A nossa análise é esta, teremos de aguardar pelo relatório do árbitro e da Comissão Disciplinar da Liga. Já fiz um esforço de memória para tentar recordar se alguma equipa ficou sem os dois treinadores. Não houve qualquer atitude que não se veja em todas as jornadas, em todos os estádios. Não desrespeitámos ninguém, é o direito à indignação que se verifica em todos os estádios de futebol. Se o critério for esse, haverá treinadores e jogadores expulsos em todas as jornadas. O Sporting não pode admitir esta falta de respeito.»

 

                                                                                  Paulo Farinha Alves

 

______________________________________________

 

Comentário de um leitor sobre as declarações do director do Sporting:

 

«Já é assim há muito tempo. Se o nosso clube tivesse dirigentes como deve ser que lutassem a sério contra a corrupção (fcp+slb) não teríamos chegado a este ponto. Espero que o próximo presidente consiga melhorar este estado das coisas no nosso futebol, mas será tão complicado como a reestruturação financeira, pois os interesses são muitos e o esquema está bem montado, além de que o nosso país não tem propriamente uma justiça minimamente capaz de actuar como se justifica. Viva o Sporting Clube de Portugal.»

 

                                                                                    David  

publicado às 03:08

É evidente que, pela situação actual, existem dúvidas se o senhor Franky Vercauteren é o treinador ideal para o Sporting. Não discordo, necessariamente, dessa tese, mas a pergunta que fica no ar é: Onde é que está o treinador ideal para o Sporting? Neste planeta, não está de certo, já que nos últimos 20 anos a equipa leonina já viu 20 e não sei quantos treinadores. E não venham os discipúlos obcecados dizer que um medíocre como Van Basten é que é a solução. Já demitimos um treinador histórico com a equipa em primeiro lugar. Demitimos outro, porque depois de ser campeão teve a «ousadia» de ficar em terceiro lugar. Outro, ainda, que depois de pôr o Sporting a jogar como já não se via há muitos anos, teve a «incompetência» de perder o título, ao fechar do pano, através de um golo que nunca devia ter sido validado, para, depois, perder igualmente a final da Taça UEFA, patamar, com certeza, que o Sporting tem vindo a atingir anualmente, desde essa data. Entretanto, surge aquele que durante quatro anos tanto fez com tão pouco e que, mais uma vez, foi defraudado do título. Esse, também, viu e ouviu os insultos e os lenços brancos e, rua com ele. Por fim, tivémos um outro que logo nos seus primeiros dias foi abençoado pela arbitragem do «sistema» de forma inédita; prejuízos em campo e o lendário boicote, quase como a cereja no bolo.

E assim andamos...que nos leva à inevitável conclusão que para quem ninguém serve, tem aquilo que merece !

 

 

 

publicado às 13:03

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