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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
O presidente da FIFA, Gianni Infantino, manifestou, esta quinta-feira, muito optimismo quanto ao futuro do VAR, muito embora reconheça que não está a ser utilizado da mesma maneira em todos os países onde foi implementado.
O líder do organismo que superintende o futebol mundial, em declarações reproduzidas pela REUTERS, defende que "é importante que o VAR esteja lá para apoiar o árbitro mas não para tomar as decisões que deveriam ser do juiz da partida. Não deveria ser outra pessoa a tomar as decisões pelo árbitro, e é assim que o VAR está implementado em quase todas as partes do mundo, mas não em todas".
Quanto ao leque de críticas de que o VAR tem sido alvo, especialmente, em Inglaterra, Gianni Infantino recorda que, "no início, Itália atravessou um período conturbado", que acabou por ser superado.
"Não levaria essas críticas, de Inglaterra e da Premier League em particular, de forma demasiado dramática. Não há razão alguma para que, em Inglaterra, não possa ter tanto sucesso como em qualquer outro local.
Penso que é bastante normal em algo pelo qual o futebol esteve à espera durante 150 anos. Mas... há, sem dúvida, progresso. É, certamente, um passo na direcção certa, e uma ajuda para os árbitros, mas tem de ser usado de maneira apropriada".
Pois... mas em Portugal, pelos muitos exemplos de registo esta época, e ainda vai a meio, fica a ideia que a "direcção certa" do VAR ainda não foi encontrada e muito dificilmente será enquanto forem os mesmos homens a dirigir o Conselho de Arbitragem e a apurar e seleccionar os árbitros.
Não há campeonato algum de topo sem situações polémicas por golos invalidados pelo VAR devido a foras de jogo milimétricos.
A imagem que publicamos é do jogo desta quarta-feira entre o Burnley e Aston Villa em que um golo foi invalidado pelo VAR à equipa visitante, porque o calcanhar do goleador estava, por milímetros, adiantado relativamente ao último oponente.
Entretanto, o Internacional Football Association Board (IFAB), organismo que regula as leis do jogo no futebol, decidiu tomar uma posição pública em relação à atuação do VAR, nomeadamente em lances de fora de jogo, manifestando que as indicações dadas para considerar um lance irregular não estão a ser bem interpretadas.
Lukas Brud, secretário-geral do IFAB, assegurou que novas directivas serão dadas no final da Assembleia Geral anual do organismo, agendada para o final de Fevereiro. O dirigente, acrescentou que no que confere aos foras de jogo, o VAR só deve intervir em "situações claras e óbvias". Mais, explicou que há um conceito de dúvida ou margem de tolerância que deve prevalecer em casos duvidosos:
"Se uma situação não é clara à primeira vista, então não deve ser considerada. Olhar para uma câmara de um ângulo é uma coisa, mas olhar a quinze, procurando encontrar algo pode estar ou não ali, essa não era a ideia original."
A realidade é que a lei de fora de jogo sempre foi controversa e as várias medidas que o IFAB implementou ao longo dos anos pouco ou nada melhoraram a situação.
Agora, com o VAR operacional, há de facto casos em que erros são detectados e corrigidos, contudo, há outros tantos que só resultam em decisões polémicas.
Parece-me que a essência do problema recai fundamentalmente sobre a lei de fora de jogo. Não recomendo que seja eliminada, mas há muito que exige ser algo simplificada.
O vídeo-árbitro (VAR) é uma outra discussão e é tudo menos consensual, especialmente no futebol português, onde a credibilidade das pessoas que exercem a função está muito em dúvida.
Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, em conferência de imprensa, após reunião do Comité Executivo, em Nyon, na Suíça, afirmou que vai pedir ao International Board, que define as leis do jogo no futebol, alguns esclarecimentos sobre a utilização do vídeo-árbitro (VAR), sobretudo nos lances de fora de jogo:
“Há algumas coisas que não estão claras e gostaríamos de esclarecer. Por exemplo, as linhas de fora de jogo. É algo que ainda não é claro. Não é claro como são feitas e quem decide.
Devemos tornar a tecnologia muito mais clara, rápida e menos invasiva. O futebol está a mudar e estamos preocupados que esteja a mudar demais.
Espero uma resposta clara do International Board, que tem uma reunião agendada para 29 de fevereiro do próximo ano, na Irlanda do Norte".
Entretanto, o Comité Executivo do organismo aprovou a utilização do VAR na fase de qualificação europeia para o Mundial 2022, que vai decorrer no Qatar, algo que acontecerá pela primeira vez, faltando apenas receber a confirmação da FIFA.
O vídeo-árbitro vai ser utilizado já em Março de 2020, nos ‘play-offs’ de acesso à fase final do Euro2020, competição que vai decorrer pela primeira vez em 12 cidades de 12 países diferentes e para a qual Portugal, detentor do troféu, já está qualificado.
Desconhecemos as recomendações do vídeoárbitro André Narciso, mas Artur Soares Dias esteve mal ao não assinalar falta do guarda-redes Miguel Silva sobre Bruno Fernandes, aos 47 minutos.
Bruno Fernandes publicou uma foto do seu olho negro nas redes sociais e deixou uma pergunta ao guardião vitoriano:
"Achas que chegaste a tocar?"...
Aos 68' do Rio Ave-FC Porto, o árbitro anulou a Tarem o que seria o golo do empate (1-1). O lance foi depois ao VAR que, após longa consulta, confirmou a decisão inicial do juiz Nuno Almeida.
O leitor consegue ver o fora de jogo?... Eu não consigo, mas talvez que o problema seja meu.
Que houvesse dúvidas da parte do árbitro-auxiliar, ainda se admite, mas a consulta ao VAR devia ter esclarecido o cenário. E esclareceu... com o que parece ser uma decisão errada.
Enfim... mais do eterno mesmo do futebol português!
O director desportivo do Sporting, Hugo Viana, criticou a decisão de reverter um penálti assinalado após consulta ao videoárbitro (VAR), durante a partida da Liga NOS deste domingo com o Portimonense.
"Sempre fomos, somos e seremos a favor do VAR. Achamos que no futebol português é uma ferramenta muito importante. Hoje estavam no VAR dois árbitros, não sei se será ainda preciso um terceiro e um quarto, mas pelo menos tem de haver um que saiba as regras. O que aconteceu no lance do Luiz Phellype, achamos grave e lamentamos".
Aos 10 minutos, Carlos Xistra assinalou falta de Pedro Sá sobre o avançado Luiz Phellype à entrada da área. Depois de rever o lance por indicação do videoárbitro, marcou penálti, mas, após três minutos de paragem, consultou de novo as imagens e reverteu a decisão devido a uma suposta falta de Thierry Correia no início do lance.
A primeira consideração é que entre a alegada falta de Thierry e a falta sofrida por Luiz Phellype, o Portimonense teve posse de bola. Houve três jogadores que tocaram na bola, e mesmo que se considere que os primeiros dois não tiveram real "posse de bola", no terceiro, de Pedro Sá, salvo erro, houve uma decisão definitiva com o esférico.
Se de facto houve posse de bola do Portimonense, o VAR não podia recuar no jogo para rever o "incidente" com Thierry. Isto não obstante, parece-me evidente que foi o jogador do Portimonense que se atravessou no caminho de Thierry e que este até fez um esforço para o evitar. Não há falta, portanto!
A Premier League vai estrear o vídeo-árbitro na próxima época e começa já por marcar a diferença em relação aos outros países. O organismo que rege o principal campeonato inglês de futebol anunciou que os ecrãs gigantes dos estádios irão passar as repetições das jornadas analisadas pelo VAR.
A excepção serão Old Trafford e Anfield Road, casas do Manchester United e Liverpool, respectivamente, por não terem ecrãs gigantes mas apenas marcadores electrónicos.
"Para os clubes que não têm ecrãs gigantes no seu estádio, as comunicações do VAR serão feitas através de uma combinação entre o sistema de som e mensagens nos marcadores", explica a Premier League.
Outra novidade é o facto de um lance ou decisão mudada após análise do VAR ser indicada por grafismos. Os adeptos poderão vir a ter também, através de uma aplicação nos seus telemóveis, as mensagens trocadas entre o vídeo-árbitro e o árbitro principal, tudo pela maior transparência possível.
"Se o VAR considerar que há um vídeo definitivo que ajuda a explicar a mudança de decisão aos adeptos, esse vídeo será transmitido nos ecrãs gigantes. A Premier League vai ainda estudar a possibilidade de tanto vídeos e mensagens serem transmitidas para dispositivos móveis, por via de uma aplicação", detalhou o organismo, em comunicado.
No final da partida com o SC Braga, o presidente Frederico Varandas falou aos jornalistas:
Jogo: "Queria dedicar esta vitória ao nosso treinador, Marcel Keizer, que hoje teve a infelicidade de perder um familiar muito próximo e, com grande profissionalismo, fez o jogo. Com grande dificuldade foi à conferência de imprensa e esta vitória é para ele".
Arbitragem: "O Sporting, eu enquanto presidente, perdi em Tondela e perdi bem. Perdi porque o Sporting foi inferior. Perdi com o Portimonense, perdi bem porque fui inferior ao Portimonense. Empatei com o FC Porto, empatei bem. Hoje foi justo o resultado e certamente houve erros de um lado e do outro nestes três jogos que eu enunciei.
Para mim há três formas de lidar com a derrota. Com dignidade, conseguindo perceber porque se perdeu, olhar para dentro; a versão histeria e eu admito que frustração de perder uma final em casa, mais uma vez, não é fácil; e a versão cobarde que é refugiar-nos noutras pessoas, em linhas.. Porque se há coisa que eu sei, neste momento, é isto: a arbitragem está com o VAR muito melhor do que sempre foi. Erram? Erramos todos. Erram os árbitros, erram os treinadores,... E hoje vive-se, sinto eu, com uma arbitragem mais livre.
E o que me preocupa mais nisto tudo é ver um presidente a dizer que um determinado árbitro não pode voltar a arbitrar e hoje ter a notícia que pede uma licença por tempo indeterminado para não arbitrar. Isto é que não pode voltar a acontecer e é preciso ter coragem de dizer as coisas. Há um tempo que não pode voltar atrás e a minha direcção, enquanto Sporting, não vai deixar que isto volte para trás".
Braga: "Eu não comentei as arbitragens. O Braga não foi prejudicado. Há um penálti claríssimo sobre o Coates, há uma falta antes que antecede um golo do Braga que é bem anulado e eu percebo que depois é a fase emocional, que leva as pessoas a dizer alguns disparates. Depois há uma terceira via que é a de fazer das pessoas idiotas.
Neste momento existem erros de arbitragem que vão sempre existir. Acho que o VAR é importantíssimo, há que melhorar a qualidade dos árbitros? Há. Há que melhorar a qualidade dos treinadores? Há. Há que melhorar a qualidade dos dirigentes? Há".
Nota: O discurso histérico do treinador Abel Ferreira, com murros na mesa à mistura, em conferência de imprensa, assim como o de António Salvaldor, após a derrota frente ao Sporting.
O VAR, em geral, e em particular, em Portugal, tem muito que se lhe diga. Quer se queira quer não, a tecnologia continua a depender de decisão humana e esta é tudo menos infalível.
O SC Braga teve umas quantas oportunidades para vencer o Rio Ave, mas não concretizou, e como quase sempre acontece, quem não marca sofre.
Ironicamente, podia ter sofrido ainda mais, se o árbitro ou o VAR tivessem assinalado a flagrante falta para grande penalidade cometida por Bruno Viana sobre Galeno, mesmo ao cair do pano. Tiago Martins até estava bem colocado no lance, e torna-se incompreensível a sua não decisão. A ausência de intervenção do VAR fica no segredo dos deuses.
Para "compensar", no entanto, Tiago Martins deu a ordem de expulsão a cinco elementos, durante os seis minutos de tempo extra e após o apito final. Abel Ferreira inaugurou a série, por protestos. Esgaio viu o segundo amarelo e a lista cresceu quando, separados por três minutos, André Vilas Boas e José Gomes receberam ordem para abandonar o banco do Rio Ave. Para finalizar o cenário, Wilson Eduardo viu o vermelho directo no acesso aos balneários.
Em comunicado enviado à Agência Lusa, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Altive reagiram às várias criticas que surgiram após o jogo entre FC Porto e Vitória de Guimarães, numa partida em que o sistema de videoárbitro esteve sem funcionar durante 30 minutos, altura em que ocorreram dois lances muito duvidosos, um deles deu mesmo o segundo golo ao FC Porto:
“O sistema é eficiente, como provam os cerca de 35 mil minutos sem registo de ocorrências que impeçam a sua utilização. Nesse período, foram comunicadas publicamente pelo Conselho de Arbitragem falhas em apenas dois jogos: Desportivo das Aves-Benfica (época 2017/18) e FC Porto-Vitória SC (2018/19).
Do protocolo de utilização do sistema em cada jogo faz parte um período de testes que envolvem técnicos na Cidade do Futebol [sede da FPF, em Oeiras] e no estádio, bem como a equipa de arbitragem. No jogo disputado no Dragão, (…) o sistema foi testado, como estipula o protocolo. Por volta dos 15 minutos perdeu-se a comunicação com o estádio, devido a falha num componente de ‘hardware’ da solução.
A Federação Portuguesa de Futebol e a Altice comprometem-se a continuar a trabalhar em conjunto no desenvolvimento tecnológico - mecanismos de redundância do sistema de videoarbitragem - que permita manter o futebol português na vanguarda”.
José Mourinho, em comentários sobre a final do Mundial 2018 para a agência russa RT:
"Ao intervalo, é óbvio que a melhor equipa estava a perder devido a um erro no conceito do VAR. Não digo que não seja penálti, porque é discutível, mas o conceito do VAR é sobre erros graves do árbitro e este não foi o caso. Por isso, fiquei desiludido.
A Croácia jogou com muito orgulho mas no futebol a realidade é que vale e a França é campeã 20 anos depois. Gostaria de ter visto a segunda parte a começar empatada (1-1) e não com um 2-1. E principalmente com um 2-1 que faz com que esta seja para sempre a final do VAR".
O árbitro do jogo Portugal-Espanha (3-3), Gianluca Rocchi, recorreu a "uma verificação" do lance que levou ao primeiro golo de Espanha sem, no entanto, visionar o video-árbitro, indicou a FIFA:
"Ele [o árbitro] teve uma comunicação com o árbitro principal [VAR] sobre o golo de Diego Costa, após o contacto com Pepe. Ele perguntou: 'rapazes, viram alguma coisa?' E os assistentes responderam: 'Está bom, Gianluca, continua'", explicou a instância suprema do futebol, em declarações à AFP.
O VAR não foi, contudo, utilizado ainda no Mundial de Futebol, acrescentou. Para a sua utilização está previsto que o árbitro deva desenhar um ecrã com os seus dedos e consultar o ecrã de controlo na margem do campo.
E o VAR não devia ter intervido ?... Não é essa a sua principal função ?
Golo mal anulado pelo VAR ao Estoril, no embate de ontem frente ao Benfica. O jogador que acabou por marcar o golo está em linha com o colega que fez o passe. O árbitro-auxliar está perfeitamente colocado no lance e nada assinalou, correctamente.
SC BRAGA - SPORTING CP
Comecemos pelo jogo na Pedreira onde Luís Godinho não teve uma noite fácil. Num jogo intenso, muito disputado entre as duas equipas em campo, há dois lances que marcam particularmente o encontro deste sábado, que terminou com a vitória dos bracarenses.
Matheus choca com Bas Dost
Ao minuto 12, após cruzamento da esquerda, o guarda-redes do SC Braga sai da baliza e acaba por chocar com as pernas de Bas Dost. O árbitro não assinalou falta.
A decisão divide o painel do “Record”. Se Jorge Faustino considera “falta imprudente” do brasileiro na tentativa de fazer a mancha, Marco Ferreira entende que se trata de um “lance normal” de contacto no jogo.
Duarte Gomes, por sua parte, é da opinião de que “a bola já passou” quando Matheus e Bas Dost se encontram. “A melhor decisão, depois da acção do VAR, seria marcar penálti”, considera o ex-árbitro em "A Bola”.
Vários imbróglios num só
O minuto 44 é, provavelmente, o mais central deste jogo. Mathieu marcou na própria baliza mas o golo acabou anulado, uma vez que o árbitro Luís Godinho, depois de consultar o VAR, entendeu que houve falta de Paulinho sobre Gelson no início da jogada. Pelo meio, o SC Braga reclama um penálti por falta de Piccini sobre Ricardo Horta.
Sobre o lance que está na origem da decisão - se há ou não falta de Paulinho sobre Gelson - o painel de “O Jogo” é unânime: há toque sobre o jogador do Sporting. A falta foi bem assinalada. Essa não é, contudo a opinião de Duarte Gomes, que considera não ser evidente: “nenhuma imagem deixa claro ter havido toque”, diz.
Quanto à grande penalidade, mais uma vez, a opinião é dividida. No “Record” Jorge Faustino acha que há falta, opinião com a qual concorda José Leirós e Duarte Gomes, muito embora este dê o “benefício da dúvida ao árbitro” por não ser evidente a intensidade do toque do braço de Piccini.
Marco Ferreira, Jorge Coroado e Fortunato Azevedo acabam por equilibrar a balança, ao considerarem que esteve bem o árbitro ao nada assinalar.
Golo ao cair do pano
Quanto ao golo que decidiu a partida, tudo de acordo: Raúl Silva sai de posição regular para cabecear a bola e fazer o tento que deu os três pontos ao Sporting de Braga.
Golo de Raphinha bem anulado
Na Luz, há dois lances de maior evidência. O primeiro, ao minuto 23, conduziu ao golo do Vitória de Guimarães, que seria o primeiro do jogo, mas que foi anulado.
Tudo certo, de acordo com a análise dos painéis de arbitragem. O fora de jogo de Jubal no momento do cruzamento justifica a anulação do golo de Raphinha.
Mão na bola ou bola na mão?
Ainda na primeira parte, o outro lance a deixar dúvidas foi aquele que levou Carlos Xistra a assinalar grande penalidade a favor do Benfica por mão de João Aurélio dentro da área vimaranense.
Aqui a opinião dominante é que o árbitro decidiu bem por se considerar que a mão de João Aurélio estava aberta de forma injustificada, não estava em posição natural. Neste lance, só Jorge Coroado discorda por considerar que o cabeceamento de Jardel “deu uma trajectória diferente e imprevista à bola".
O vídeo-árbitro foi o tema de abertura do IV Congresso 'O Futuro do Futebol', organizado pelo Sporting. Num painel subordinado ao tema ‘Vídeo-árbitro: presente e futuro’, moderado por Keith Heckett, antigo árbitro inglês, os presentes foram brindados com a experiência do VAR em três países: Portugal, Alemanha e Estados Unidos da América e ainda a perspetiva da Internacional Board. E com isso foi possível verificar pontos em comum, mas também diferenças na aplicação da tecnologia e para onde caminha.
E as diferenças principais chegam da Major League Soccer, dos EUA. A tecnologia foi implementada esta época, mas antes, houve treinos intensivos durante seis meses, com árbitros, televisões e ainda explicações para os adeptos, tanto nos estádios como nas televisões que transmitem as partidas. Uma das medidas foi contratar o antigo árbitro inglês Howard Webb, que deu formação a árbitros, mas também foi a vários programas de televisão e deu muitas entrevistas onde promoveu a tecnologia.
Outra diferença passa também pela comunicação com os adeptos nos estádios. As imagens consultadas pelo árbitro principal numa determinada decisão são passadas a seguir nos ecrãs dos estádios, após o recomeço do jogo, para que os presentes possam ver em que se baseou o juiz do encontro. Greg Barkey, director técnico da MLS, explicou ainda que os árbitros mais novos estão mais à-vontade com a tecnologia, mas têm mais dificuldades em tomar decisões, precisam de mais tempo para ver as jogadas, ao contrário dos árbitros mais experientes. E isso tem um custo no tempo de jogo:
"Com o passar do tempo, o número e tempo das interrupções baixaram drasticamente. Agora os árbitros só vão ver o que realmente interessa. Mas o que dizemos é: 'Se está a demorar imenso tempo para ver a jogada, demasiadas repetições, à procura de algo, é porque não há nada", disse Greg Barkey. As 'zonas cinzentas' continuam a ser o principal obstáculo, mas o responsável recorda que o VAR não vai acabar com os erros de arbitragem. Por isso, só deve intervir em situações onde é claro o erro do árbitro. Situações dúbias ficam nas mãos do árbitro principal.
A opinião de Jorge Jesus:
"Partilho a opinião, mas são realidades diferentes. Um adepto dos Estados Unidos não é como um adepto de Portugal ou de Espanha, que são muito mais fervorosos. Com as novas tecnologias, um adepto pode ver logo ali o lance, na hora.
Penso que fomos dos primeiros países a aderir a esta ideia. Os outros têm mais que aprender connosco. Não é por ser a MLS, uma federação ou um campeonato dos Estados Unidos, que não podemos aproveitar algumas questões. Mas acho que eles têm mais a aprender connosco".
Começo por questionar os conhecimentos de Jorge Jesus sobre as origens do adepto norte-americano. Pouco ou mesmo nada, decerto, e além do mais, "fervoroso" até nem será o termo mais adequado. Eu optaria pelo termo "civilizado".
É evidente que no contexto futebolístico, o continente norte-americano tem uma história muito mais curta quando comparado com a Europa ou a América do Sul, mas em termos de organização desportiva, seja em futebol ou em qualquer outra modalidade, é líder incontestável.
Não sei se é o primeiro caso do género desde que o VAR foi introduzido ao futebol, mas aos 72' do FC Porto-Boavista, Sérgio Oliveira marcou o terceiro golo dos dragões de penálti, mas o mesmo foi anulado por vídeo-árbitro pelo facto de o médio ter escorregado na execução do castigo máximo e acabar por dar dois toques na bola.
Até que ponto a tomada de decisão de rever o lance foi influenciada pelo guarda-redes do Boavista - o primeiro a chamar a atenção do árbitro -, é difícil de determinar, mas de uma forma ou outra acabou por ser a decisão correcta.
A 132.ª Assembleia Geral do International Board aprovou este sábado, por unanimidade, a introdução do vídeo-árbitro nas leis do futebol, o que terá consequência imediata na sua utilização no Mundial de 2018.
Depois desta decisão, a FIFA, cujo líder Gianni Infantino preside ao IFAB, deverá dar ‘luz verde’ ao VAR a 16 de Março, em Bogotá, na Colômbia.
Infantino já havia afirmado em várias ocasiões ser favorável à utilização do videoárbitro no futebol, para rever “erros claros dos árbitros, envolvendo golos, grandes penalidades, cartões vermelhos e identidades trocadas”.
O Mundial de futebol de 2018 realiza-se na Rússia, de 14 de Junho a 15 de Julho, com a participação da Selecção portuguesa, que se apresenta como campeã europeia em título.
Na abertura do 42.º Congresso ordinário da UEFA que está a decorrer esta semana em Bratislava, Aleksander Ceferin, presidente do organismo europeu, fez saber que o VAR não será ainda utilizado na Liga dos Campeões de 2018/19:
"Ninguém sabe exactamente como funciona. Ainda há muita confusão. Não sou contra o sistema, apenas considero que tem de ser melhor explicado. Vamos esperar para ver se funcionará no Mundial 2018, na Rússia. Poderá ser um bom projecto, útil para o futebol, mas não nos podemos precipitar a tomar esse tipo de decisões".
O vídeo-árbitro já está a ser utilizado em vários campeonatos europeus, como o português, e há fortes probabilidades de vir a integrar o Mundial da Rússia, com o International Board, organismo que tutela as Leis do Jogo, a tomar uma decisão sobre essa possibilidade no início de Março.
Corria o minuto 61 quando Petrovic viu o segundo cartão amarelo e foi expulso, na sequência do lance com o jogador do Moreirense, Bilel, em que, na realidade, não houve falta alguma. Tanto o jogador como o banco do Sporting protestaram a decisão do árbitro - Jorge Jesus alega que foi por indicação do quarto árbitro - mas de nada serviu. Para quem esperava a intervenção do vídeo-árbitro, este é um lance onde o VAR não pode intervir.
O protocolo do vídeo-árbitro não prevê a actuação em expulsões verificadas através de um segundo cartão amarelo, mas apenas quando um jogador vê o cartão vermelho directo. Esta é de resto uma das quatro situações em que o VAR tem intervenção, juntamente com golos, penáltis e troca de identidade.
O Conselho de Arbitragem emitiu um esclarecimento sobre as instruções dadas aos árbitros para lances como o que resultou na anulação do golo a Doumbia, no jogo entre o Sporting e o Feirense. Sem nunca se referir especificamente ao golo mal anulado a Doumbia, apontou uma "interpretação desajustada" da equipa de arbitragem num lance da 22ª jornada do campeonato.
O termo mais correcto não é uma "interpretação desajustada", mas sim um erro grosseiro e negligente. Perante o cenário de registo, não se deve andar no bico dos pés para evitar ferir sensibilidades, especialmente quando as pessoas em questão foram acentuadamente incompetentes.
Eis o comunicado do Conselho de Arbitragem, publicado no site da FPF:
"O Protocolo VAR define que se uma equipa cometer uma infracção na fase de ataque e, como resultado dessa acção, obtiver golo ou beneficiar de um pontapé de penálti o lance deve ser revertido. Ou seja, o golo ou pontapé de penálti deverão ser anulados e assinalada a falta O IFAB, num recente esclarecimento feito aos árbitros portugueses, definiu que a fase de ataque consiste numa jogada que vá rapidamente na direcção da baliza adversária.
Quando a equipa que desenvolve uma fase de ataque decide recuar em direcção ao seu meio-campo ou a defesa adversária joga a bola passa a ser uma nova jogada, eliminando-se as eventuais infracções técnicas cometidas na anterior fase de ataque. Na 22ª jornada da Liga NOS verificou-se um lance em que a equipa de arbitragem teve uma interpretação desajustada desta indicação do protocolo VAR, o que conduziu à errada anulação de um golo. O Conselho de Arbitragem entende divulgar este esclarecimento para não restarem quaisquer dúvidas sobre a definição de fase de ataque à luz do protocolo VAR.
O CA recorda que a implementação do projecto VAR se encontra em ano de testes, pelo que se torna especialmente relevante a partilha de informação. Só assim todos os agentes e adeptos terão ao seu dispor os dados que lhes permitam compreender esta nova ferramenta ao serviço do futebol".
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