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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Face à eterna polémica em torno do prémio Melhor Jogador do Ano e uma série de circunstâncias em relação ao luso Cristiano Ronaldo, esta indelicada iniciativa da FIFA poderá ser muito bem interpretada como uma promoção a Messi no... perfil de outro jogador.
Na véspera do Portugal - Suécia, espero que ele leia o texto e que fique... zangado !
A ser sincero, devo admitir que há longo que me exarceba ser confrontado quase diariamente com o sensacionalismo noticioso em relação ao até recente jogador do Santos nos periódicos desportivos portugueses. Não refuto que seja ou possa vir a ser um grande futebolista mas, na realidade, ainda tem tudo por provar porque ainda não jogou um só minuto em um campeonato europeu, o mais elevado e competitivo futebol do Mundo
Segundo consta, é o novo reforço do Barcelona e que optou por este emblema em detrimento do Real Madrid, situação que me deixa indiferente já que não sou adepto nem de um nem do outro. Sem querer fazer um alarde exagerado, já o mesmo não posso dizer sobre as declarações de seu pai:
"Neymar disse-me que o sonho de jogar uma única vez com Messi é maior que jogar uma temporada inteira com Cristiano Ronaldo."
Tem todo o direito às suas preferências, mas deve aprender a ser mais humilde e, mesmo indirectamente, não depreciar quem já demonstrou ser um dos melhores jogadores não só do presente mas da história do futebol mundial. O passar do tempo tem sempre a tendência de fazer ajustes. Veremos o que vai dar mas, para já, afinal de contas, quem é Neymar ?
Espero que seja a última ocasião que eu me sinta motivado (exasperado) a abordar esta temática.
Simplesmente para efeitos de comparação:
Época de 2010/11
- Lionel Messi venceu a Liga espanhola pelo Barcelona.
- Cristiano Ronaldo ficou em 2.º lugar na Liga espanhola, pelo Real Madrid, venceu a Taça do Rei, foi o melhor marcador de Espanha e da Europa.
Vencedor da Bola de Ouro: Lionel Messi
Época de 2011/12
- Lionel Messi ficou em 2.º lugar na Liga espanhola, pelo Barcelona, e foi o melhor marcador de Espanha e da Europa.
- Cristiano Ronaldo venceu a Liga espanhola e a Supertaça de Espanha, pelo Real Madrid, foi o 2.º melhor marcador da Liga e da Europa e liderou Portugal às meias-finais do Euro, onde só saiu derrotado pelas grandes penalidades.
Vencedor da Bola de Ouro: Lionel Messi com 41,6% dos votos contra 23,68% para Cristiano Ronaldo (Iniesta 10,91%)
No dia 24 de dezembro publiquei um artigo - «Não é só talento» - no Camarote Leonino, adiantando a tese de que Lionel Messi, além da sua magnificência futebolística, é um jogador muito protegido, tanto nas competições domésticas como nas da UEFA.
O incidente que precipitou a referência, na ocasião, ocorreu no embate entre o Barcelona e o Valhadolid, quando um jogador deste clube, que nem sequer estava equipado, dirigiu-se ao árbitro ao intervalo na zona dos balneários, e disse-lhe: «A nós não nos apitas nada, quando sofremos falta, já no Messi não podemos tocar, apitas tudo, só por ser o Messi.» A federação espanhola, a punir a ousadia de Jesus Rueda e a sublinhar a veracidade da noção - mesmo que inadvertidamente (?) - agiu impiedosamente, castigando o jogador com dois jogos de suspensão.
Muito por isto, não é mera coincidência que numa lista publicada há uns meses atrás, Cristiano Ronaldo apareceu como o jogador que mais faltas sofre na «La Liga», enquanto que o argentino do Barça, por incrível que pareça, surgiu apenas em 56.º lugar. E, de facto, não é só talento!
Segundo o que foi noticiado pelo periódico «Mundo Desportivo», Lionel Messi, enquanto negociava a renovação de contrato com o Barcelona, recebeu uma oferta astronómica de um clube russo - não identificado - de um salário de 30 milhões de euros anuais durante três anos. O Barcelona receberia 250 milhões pelos seus direitos desportivos e económicos. De acordo com o seu empresário e pai - Jorge Messi - a oferta nem foi considerada. A «pulga» acabou por prorrogar o seu vínculo com o Barça até 30 de junho de 2018, com um salário anual de 16 milhões de euros.
É perfeitamente compreensível Lionel Messi - ou qualquer outro jogador de topo - não querer ir para a Rússia. No caso do argentino, dificilmente ele jamais sairá do clube da Catalunha, pela improbabilidade de encontrar um outra equipa com um estilo de jogo detalhado quase exclusivamente para si e um campeonato onde seria tão «protegido» como é em La Liga. Por extraordinário que seja, o Mundo nunca saberá o seu valor fora do «milieu» onde foi formado e onde compete. Não o diminui, mas não deixa de levantar algumas interrogações.
Pelo cada vez mais espectacular nível exibicional de Lionel Messi, rumores têm surgido na tentativa de o desacreditar ou questionar a origem da sua invulgar capacidade atlética e futebolística. Enquanto se deve exercer extrema cautela perante as informações que circulam na praça pública, existe um factor de preponderante relevância que é credível, pelas diversas ocorrências que o sustentam. Este episódio, relacionado com a recém-visita do Barcelona ao campo do Valladolid (1-3), com o jogador a marcar o golo 91 do ano civil:
Ao intervalo do jogo, o jogador da formação do Valladolid - Jesus Rueda - que nem sequer foi convocado, aproximou-se do árbitro na zona dos balneários e disse-lhe: «A nós não nos apitas nada, quando sofremos falta. Já no Messi não podemos tocar, apitas tudo, só porque é o Messi.» Isto, mediante o que o árbitro escreveu no seu relatório. É de esperar que o jogador seja agora castigado, até porque mais algumas palavras azedas foram ouvidas e registadas pelo juiz.
Indiferente das simpatias emblemáticas ou por Messi, a protecção de que ele usufrui na Liga espanhola, e até na UEFA, é por de mais evidente. Por mera coincidência, ou não, o presidente de La Liga, Ângel Maria Villar, é também o presidente do Conselho de Arbitragem da UEFA, e, daí, muito da controvérsia que originou com duas das Ligas dos Campeões que o Barça conquistou e que à vista do Mundo, foi claramente beneficiado. Quanto a Lionel Messi, basta comparar a disparidade de critérios em relação a Cristiano Ronaldo, que nos olhos da arbitragem, pode ser fisicamente confrontado.
Não é que seja qualquer novidade, mas Michel Platini veio mais uma vez demonstrar não ter qualquer sentido de decoro e propriedade enquanto presidente do organismo que supervisa o futebol europeu. Insatisfeito com a incessante campanha que tem vindo a conduzir em prol de Lionel Messi para o prémio Bola de Ouro da FIFA, o ex-futebolista francês voltou hoje à carga, com mais do mesmo: «Não sei se será este ano, mas estou certo que Messi vai bater o meu recorde». A bem dizer, o recorde de três prémios da FIFA Melhor Jogador do Mundo, não é só dele, é partilhado com Marco van Basten, Johan Cruyff e Zidane, mas Platini, com a sua usual arrogância, deverá querer referir o facto de ele os ter vencido em três anos sucessivos, tal como Messi.
Uma atitude reprovável que apenas serve para confirmar as recém-palavras de José Mourinho: «já foi tudo decidido pelas cabeças do futebol.»
No final do último jogo da fase de grupos da Liga dos Campeões, frente ao Ajax, José Mourinho pronunciou-se sobre a distinção da FIFA que reconhece anualmente o suposto melhor jogador do Mundo: «A Bola de Ouro já está entregue. Já foram as votações e, quando as cabeças importantes do futebol falam e fazem a campanha que fizeram, já se sabe quem vai ganhar». Uma clara insinuação de que o troféu está destinado a Lionel Messi que, a bem dizer, não me surpreende, já que enfatizei esse exacto cenário no meu escrito do dia 30 de Novembro. Não deixo de reconhecer o fabuloso talento do jogador argentino, contudo, a diferença entre ele e o português, havendo verdade e o mínimo de justiça, não é de modo algum quatro distinções do género para um e apenas uma para o outro. Duvido imenso que Cristiano Ronaldo tome essa atitude, mas apetece-me dizer-lhe para não comparecer na cerimónia em janeiro. Essa sua acção falaria mais alto do que quaisquer palavras de indignação do seu treinador, dos seus colegas ou dos seus adeptos.
Também é de esperar que semelhante injustiça seja cometida com José Mourinho relativamente ao prémio do melhor treinador do ano, como, aliás, já ocorreu na Liga espanhola, que distinguiu Pep Guardiola, apesar deste apenas ter conquistado a Taça do Rei em 2011/12. Vicente del Bosque nem deveria ser considerado, sob os mesmos critérios, considerando a vasta diferença entre ser treinador de clube e seleccionador. Em última análise, a FIFA, tal como a UEFA, optará pelo mais conveniente e não necessariamente pelo mais correcto. Estes organismos sempre actuaram deste modo e nada indica que algo alterou esse seu estado de ser.
O presidente da UEFA, Michel Platini, nunca poderá ser acusado de exercer o cargo ou usar a influência do mesmo com rectidão e imparcialidade, vários são os incidentes ao longo dos anos que registam e sublinham essa sua menos ponderada dmensão. Mais recente, não hesitou vir a público dar um voto de confiança a Lionel Messi para vencer a edição 2012 do prémio «Bola de Ouro» da FIFA, atribuído anualmente ao melhor jogador do Mundo. Até nem sou adverso à proposição que o jogador argentino do Barcelona merece estar no topo das considerações, mas Platini deveria ser mais prudente e moderado nas suas observações. Considero ser muito injusto ter que escolher entre Messi e Cristiano Ronaldo, os dois indiscutíveis melhores jogadores do planeta, cada um com as suas características, mas acredito que o prémio irá mesmo para o argentino porque quem maior domínio tem sobre questões desta natureza, quererá elevar Messi ao recorde de quatro conquistas do troféu.
Este processo anual é muito discutível por ser tão subjectivo e nem sempre sustentado por lógica e merecimento. Breve revisão ao passado, revela que em 1999, quando Zinedine Zidane assegurou a sua terceira consecutiva distinção, o jogador indiscutivelmente mais merecedor era Luís Figo. No ano seguinte, para compensar a prévia injustiça, o jogador português foi então reconhecido. Algo semelhante já ocorreu com Lionel Messi: quando venceu o seu segundo, em 2010, o mais justo vencedor teria sido o seu colega do Barcelona, Xavi. Este, agora, muito pela sua idade, nunca mais terá uma segunda oportunidade. O cenário é muito mais debatível quanto à época de 2012, existindo fortes argumentos para os dois lados. A minha objectiva conclusão é que Messi e Cristiano Ronaldo sendo os indiscutíveis dois melhores jogadores do Mundo e mesmo admitindo alguma diferença entre eles - mediante a análise - esta não é, seguramente, quatro «Bolas de Ouro» para um e apenas uma para o outro. Essa disposição, caso se venha a concretizar, não será justa e não reflecterá a verdade.
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