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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Na visão artística e simpática da coisa, os últimos acontecimentos no futebol português davam um inesquecível bolero de faca e alguidar. Mais bolero do que tango. A música desta canção do bandido é mais maviosa do que dramática. Até podíamos chamar-lhe a canção do bandido e a bala perdida. No palco da canção do bandido, a propaganda sempre foi anti qualquer coisa. Marchou-se contra os mouros, contra Lisboa, contra o centralismo, contra o fisco, contra as retretes penhoradas, contra os clubes da segunda circular, contra os jornalistas de quem não se gosta, contra as ovelhas tresmalhadas.
Foi uma receita de sucesso em 40 anos de triunfos. O cimento demagógico empurrou os compositores e intérpretes pelos caminhos da glória. Criou uma ânsia mimética nos rivais, que também criaram os seus boleros de amor e traição. Um deles acabou preso e a oficiar missas na cadeia. Outro imitador grosseiro acabou na gaiola das malucas televisiva, de onde saiu por estes dias com a justiça à perna, sem a protecção da velha guarda pretoriana que lhe garantia as vitórias nas assembleias gerais.
Por fim, o mais esperto dos imitadores triunfou, mas sem a longevidade do criador da obra original e originária. Encontrou o caminho da sua caverna de Ali Babá e dos mesmos esquemas de ensacar a fidelidade dos homens do apito. Simples. Sempre repetindo a velha receita. Juiz reformado, controla juiz novo, que é como quem diz, macaco velho apascenta os macacos novos, numa paixão eterna pelo vil metal. O macaco velho acompanha a vida, as celebrações, amores e desamores do macaco novo e de toda a família. Sabe as datas certas para as prendas habituais.
Para o fim, a coisa até não correu bem e nem o rei dos frangos lhe valeu. O velho crocodilo ficou a reinar ainda mais no pântano deveras fedorento, onde os pequenos jacarés, alguns disfarçados com coletes azuis, já se dão ao luxo de brincar com os velhos códigos da mafia, as balas perdidas e essas coisas. Muito mais espertos do que as toupeiras gorduchas. Num panorama destes é simples. Se as instituições que ainda têm um pingo de dignidade não reagirem, com firmeza e actualidade, acabarão por afundar-se na javardice colectiva de um pântano que desautoriza toda e qualquer narrativa de sucesso e modernização do futebol português.
Artigo da autoria de Eduardo Dâmaso, Director da Sábado, em Record
Ontem teve nas mãos uma edição cheia de notícias. Na manchete fica a saber que o clássico vai ter consequências diferentes das habituais. O Estado português parece ter acordado para a vida e as autoridades vão querer falar com quem andou a fazer tristes figuras no Dragão. Mas as conversas, as que consta, serão em tribunal. Não estou a ver daí grandes consequências, mas é bom saber que há alguém que quer por ordem nisto.
De quem ainda não temos nenhumas notícias é do FC Porto e da empresa de publicidade cujos empregados agrediram vários jogadores. Para uma partida que ocorreu na passada sexta-feira parece impossível tanta passividade perante o que o País viu. É esta conivência com a violência que o Estado português tem de travar. Os jogadores já estão castigados. Pepe e Tabata até arriscam uma punição algo exemplar apenas porque escolheram os alvos errados. Já quem estava de fora e agrediu jogadores continua a rir-se. Até agora, o crime compensa.
Sabemos também que João Pinheiro admitiu o erro com Coates mas não pediu desculpa. Pena. Já o observador parece que lhe aponta muita coragem. Deve ter sido por isso que deixou Feddal estar sentado dentro de campo mais de cinco minutos. E o amarelo não foi o único erro. O juiz não foi o culpado da vergonha, mas não façam de nós parvos.
Artigo da autoria de Bernardo Ribeiro, Director de Record
Não é segredo que o FC Porto tem uma concepção eminentemente belicista do desporto, encarando cada confronto numa óptica de hostilidade guerreira, com contornos quase existenciais.
Privado de qualquer dimensão ética, o desporto perde totalmente o seu fascínio olímpico e transforma-se numa psicose obsessiva de vitória a qualquer preço.
Durante anos, este lado lunar do clube do Norte, foi olhado com injustificada tolerância por parte de quem tinha o dever de agir. No fundo, o clássico apedrejamento do autocarro adversário na ponte da Arrábida, a criolina no balneário, o guarda Abel, os cartazes da Carolina Salgado e outros afloramentos do género, eram vistos como excessos de virilidade competitiva, mas desculpáveis à luz da saloiice crónica de quem olha para o país, como se ainda houvesse cristãos e mouros.
Só que o bichinho que mordiscava, transformou-se num monstro.
É preciso ter uma visão doentia do desporto, para arregimentar gente exterior a qualquer desafio e cuja razão de ser é apenas e tão só prestar o serviço para que foram contratados. A incendiária intervenção neste jogo de apanha-bolas, seguranças e supostos arrumadores de publicidade, todos em uníssono molestando física e verbalmente vários jogadores do Sporting, em articulação que não era de modo algum espontânea, fez-me irresistivelmente lembrar um campo de batalha, com o general, lá do alto, a fazer avançar a sua infantaria.
Tenho defendido que, por forças dessas e doutras circunstâncias, passam-se sempre coisas nas Antas/Dragão, que não se verificam em nenhum outro campo do país. Os níveis de intimidação que ali são há muito sistematicamente praticados e infelizmente consentidos, condicionam objectivamente a arbitragem e os adversários e isto traduz-se em resultados.
O garantismo da nossa muito desprezada justiça desportiva, vai provavelmente desfasar e amortecer a aplicação de qualquer sanção, se é que, a máquina branqueadora que já está em curso, não surtir, entretanto, os seus efeitos.
Em qualquer outro campeonato, o Dragão seria preventivamente interditado. Neste país de brandos costumes, porém, o que releva é o empurrão do Bruno Tabata, ou a fantasiosa provocação do Adán e siga a marinha.
Baptista-Bastos escreveu que... "o fascismo nunca experimentou inibições lógicas ou morais: valeu-se de tudo, sem pudor, para se perpetuar no poder e rudemente impor a desvalorização do ser humano".
Ao ver aquele efectivo paramilitar a evoluir no relvado, pensei, confesso, na legião azul.
Artigo da autoria de Carlos Barbosa da Cruz, em Record
"Alvalade não foi assolado por um vendaval de futebol de ataque, habitual quando a inspiração visita as estrelas sob o leme de Pep Guardiola. Não foi assim que os leões foram aniquilados. Bastou uma brisa algo mais forte, com nuvens negras que criaram aguaceiros aparentemente inofensivos, para que o Sporting revelasse uma série de debilidades anormais. A formação de Rúben Amorim não só não teve antídoto para se resguardar e manter solidez, como aceitou com passividade o seu destino de parceiro menor no embate. E essa foi a grande surpresa da noite, porque muito raramente, em dois anos e meio, os campeões se mostraram tão incapazes, submissos e sem soluções".
Excerto da crónica de Rui Dias, em Record, que resume bem o que ocorreu no jogo. Com isto, não pretendemos massacrar o tema, muito embora seja uma derrota difícil de afastar do nosso pensamento. Este jogo já faz parte do passado e o próximo é o mais importante!
Há um ano, um jogo do título com as características daquele que se vai litigar no Dragão seria visto, essencialmente, como uma batalha entre dois estilos antagónicos. Mas FC Porto e Sporting evoluíram nas suas fórmulas futebolísticas e o mais provável é que, após o duelo decisivo de sexta-feira, se debata principalmente se pesou mais a ausência de Luis Diáz ou a de Pedro Porro nas respectivas equipas.
Desde logo porque este será o primeiro verdadeiro exame aos portistas após a controversa venda do ala colombiano ao Liverpool, onde Diáz não tardou a confirmar que o futebol português perdeu o seu protagonista mais instigador e estimulante. E, também, porque o castigado Porro representa para os "leões" muitíssimo mais do que a relevância que vulgarmente se atribui a um mero lateral.
Claro que naquela ponderação também poderão vir a entrar as possíveis ausências de Diogo Costa e Pedro Gonçalves. Mas, mesmo que as lesões destes se confirmem como impeditivas, o seu afastamento forçado não terá o mesmo peso. E declaro-o enquanto admirador confesso dos dois jovens craques.
Excerto do artigo de Bruno Prata, em Record
Os sinais estão todos em cima da mesa. E atravessam os três grandes do futebol português. O Benfica atravessa uma grave crise desportiva e reputacional que resulta, total e exclusivamente, da gestão de Luís Filipe Vieira. Quando um clube se presta a comprar jogadores sem critério desportivo e só de racionalidade empresarial, obedecendo apenas aos interesses privados de quem o dirige, não há milagres.
Já no FC Porto não há grande coisa a dizer, quando o desespero e a necessidade imperiosa de fazer entrar dinheiro, desde logo para pagar os salários, são mais eloquentes do que qualquer palavra ou acto.
Por fim, o Sporting de Frederico Varandas, que se prepara para ir a eleições. Estão lá todos os ingredientes que colocam o clube nos antípodas do caminho que percorrem os outros dois rivais. Transparência, integridade, racionalidade de gestão, aposta na formação e na respeitabilidade, tanto dentro como fora do futebol, resultados desportivos e fair-play. Frederico Varandas e Rúben Amorim estão a reconstruir um clube que é hoje o grande exemplo do que deveria ser todo o futebol português. Mostrando que só por este caminho se constrói valor e consolida uma instituição, desde o relvado e o jogo, até às bancadas e aos adeptos, passando pela sólida reputação de respeitar a palavra dada.
Excerto do artigo de Eduardo Dâmaso, Director da Sábado, em Record
Fechou a janela de transferências e há estados de espírito diferentes nos treinadores dos três grandes. Um aparenta estar convencido, outro revoltado e outro ainda, em nome da oportunidade concedida, contenta-se com pouco.
A custo, Rúben Amorim lá aceitou Slimani. E fez bem em esquecer "o projecto" e focar-se na iminente necessidade de encontrar "uma referência letal na área". A equipa está realmente "mais forte" e promete lutar pelo título até ao fim, caso não perca no Dragão no próximo dia 11. Nos momentos de maior aperto, não haverá, por certo, necessidade de adaptar Coates a ponta-de-lança. É juntar a Paulinho o experiente goleador argelino.
Se o Sporting está mais forte, o FC Porto surge necessariamente enfraquecido, ao perder o melhor jogador da Liga. A parte financeira falou mais alto, mas isso não impediu que o revoltado Sérgio Conceição enxovalhasse os dirigentes portistas, acusando-os de falta de planeamento. Nos dragões, o treinador pode mesmo afrontar publicamente o patrão. Não foi, recorde-se, o primeiro episódio do género.
Na Luz, há um treinador pouco reivindicativo, pelos vistos. Rui Costa e seus pares estão finalmente descansados. O plantel tem uma mão-cheia de laterais-direitos, mas nenhum deles dá garantias, e falta-lhe um médio-defensivo de qualidade. Segundo Veríssimo, está tudo bem... Amén!
Artigo da autoria de Luís Pedro Sousa, em Record
O Sporting que Rúben Amorim lidera venceu mais um jogo grande, conquistou mais um troféu, revalidou o título de campeão de Inverno. É o quarto dos últimos cinco disputados em solo nacional. A equipa orientada pelo homem que Frederico Varandas e Hugo Viana foram buscar a Braga numa aposta milionária – muito contestada na altura, até por mim inclusive – mudou o paradigma do futebol português. Comparar o que foi antes o Sporting de Silas ou Keizer com a actualidade faz-nos pensar em fenómenos paranormais.
Ganhou a melhor equipa... Mesmo quando estava a perder, o Sporting jogava melhor do que o rival. Os leões nunca perderam a cabeça, voltaram do balneário ao intervalo ainda mais focados e daí à reviravolta com distinto sabor espanhol foi um ápice. Um triunfo incontestado, com números estatísticos impressionantes e dedo do técnico. Uma palavra para os espanhóis deste plantel, importantíssimos. Adán na baliza, Pedro Porro e Sarabia a desequilibrar.
O Benfica está num molho de brócolos. Volta a perder um jogo grande, volta a ser quase banalizado e mostra uma ausência de soluções preocupante para quem tem o plantel mais caro do País. Pior, a equipa de Veríssimo não joga mais do que a de Jesus. Pelo contrário.
Artigo de Bernardo Ribeiro, Director de Record
... Na hora da rescisão com o Sporting, os decisores que convenceram Rafael Leão não o protegeram. Pelo contrário, deixaram-no foi entregue aos bichos. Agora vê-se condenado a pagar 16, 5 milhões ao clube de Alvalade. Sim, o jogador não é inocente. Mas o que dizer de quem o acompanhava?
Texto de Bernardo Ribeiro, Director de Record
Já não há muitas dúvidas em relação a Daniel Bragança e se as havia o jogo frente ao Casa Pia dissipou-as. Daniel Bragança foi o autêntico maestro da orquestra de Rúben Amorim. Foi por ele que passou grande parte do jogo do Sporting, que acabou por vencer o encontro por 2-1, qualificando-se para os quartos de final da Taça de Portugal.
Quando a equipa leonina ainda perdia por 1-0, coube ao médio a organização das tropas. Desmontou a estratégia montada por Filipe Martins, treinador da equipa da II Liga, e só lhe faltou o golo. Esteve perto aos 23 minutos, quando testou os reflexos de Lucas Paes, e aos 41 minutos, quando atirou ao lado. De resto, o ainda jovem, de 22 anos, com os seus notáveis pezinhos de lã, foi guardando a bola e foi construindo as jogadas ao seu sabor, improvisando espaços, fazendo boas recepções e colocando a bola onde queria.
Esta exibição vem dar muita razão às palavras ditas por Rúben Amorim, na antevisão ao jogo com o Ajax, para a Liga dos Campeões, que aconteceu no passado dia 7 de Dezembro: "É um crime o Dani não ter mais minutos, se jogássemos com três médios era titular".
Daniel Bragança foi muitas vezes utilizado por Rúben Amorim como um joker e assim se mantém. Esta época, esteve presente em 20 dos 27 jogos disputados pela equipa leonina. Ainda assim, só realizou 705 minutos (cerca de 35 minutos por jogo), face à concorrência de Matheus Nunes, João Palhinha e Ugarte.
Apesar de actuar num meio-campo a dois, Dani pode ocupar várias posições, factor que explica igualmente a aposta regular de Amorim no português. Pode actuar tanto a 6, como a 8 e a 10 e o seu trabalho invisível continua a ser assinalável.
Daniel Bragança tem sido alvo de cobiça, contudo, não será a qualquer preço que sairá do Sporting. Muito além do seu contrato até 2025 e uma cláusula de rescisão de 45 milhões de euros, existe a forte convicção que o médio será uma das pedras basilares da equipa nos próximos anos.
Excerto do artigo de Pedro Prata, em Record
Considerações de Carlos Xavier, antigo capitão do Sporting, em entrevista a Record, sobre a ausência de João Palhinha e as possíveis opções ao dispor de Rúben Amorim:
"Rúben Amorim já o afirmou: não joga o Palhinha, jogará outro, que estará ao nível que se exige. As caraterísticas do João Palhinha poucos têm, neste momento encaixava em qualquer equipa de 'top' europeia, consequentemente, o Sporting não ficará tão forte defensivamente, mas ainda tem outras armas. O Rúben até pode mudar qualquer coisa no sistema e reforçar o meio-campo, mas por norma é muito fiel às suas ideias e quer ter sempre três jogadores na frente.
O Ugarte é mais Palhinha, é capaz de se assemelhar mais. É um jogador de recuperação de bolas, se bem que também consegue jogar e é forte tecnicamente. O Bragança é mais técnico, de controle de bola, faz jogar os colegas. É um jogador de último passe. Tem a vantagem de, se recuperar a bola, conseguir jogar rápido na frente, o que pode apanhar o Benfica em contrapé. Acredito que o Amorim quererá um jogador com as caraterísticas do Palhinha, por isso o Ugarte pode levar vantagem.
Matheus Nunes está muito mais forte tácticamente do que na última época. Transporta a bola e faz desequilíbrios, mas também recupera atrás. Pode vir a despontar ainda mais.
Mas...
Pela forma como eles têm vindo a jogar nos últimos dois anos, aposto sempre de caras no Sporting!".
Esta entrevista teve lugar há dois ou três dias, salvo erro, e nessa altura Carlos Xavier ainda não tinha conhecimento da provável ausência de Sebastián Coates. Não sei se este novo factor influenciaria a opinião do antigo capitão.
NOTA: À hora da publicação deste post, os diários desportivos já sairam e não reportam qualquer novidade sobre a situação de Coates, desconhecendo, ainda, os resultados dos testes PCR da equipa do Sporting.
No entanto, e sem ser surpresa alguma, a CMTV já revela que todos os jogadores do Benfica testaram negativo.
Ainda há quem (não) acredita em milagres!?!
Rúben Amorim já levou este Sporting a fazer várias coisas pouco vistas. Ontem, mais uma. Conseguir o apuramento para os oitavos da Liga dos Campeões a par do Ajax e à custa do Borussia Dortmund. Um feito histórico. E na penúltima jornada. Mesmo que o próprio faça questão de nos lembrar uma noite, também ela brilhante, de Paulo Bento com o Inter, a verdade é que em Alvalade são coisas algo raras. Como o título de campeão conquistado na época passada.
Rúben Amorim é o treinador que fez o Sporting voltar a acreditar. Pela forma como o faz jogar, pela forma como fala, pelos actos que pratica. Não pede centrais: joga com Esgaio. Não diminui jogadores: estimula-os e chama-os à realidade. Não reivindica os feitos todos: dá o devido crédito a quem com ele trabalha. Não se põe ao nível do clube: assume que é um profissional, é solidário com o projecto que lhe apresentaram e assumiu como dele. Ainda não o vimos a perder, mas até à data é quase exemplar.
O Sporting fez um grande jogo. Bateu um Dortmund que mesmo com ausências tem uma equipa de outra dimensão. De Adán a Pote, passando por Coates ou Porro, entre muitos outros, este foi o triunfo de um grupo que dá tudo. E Amorim já avisou para o Tondela. Não perdoa.
Guardei, deliberadamente, este artigo de Bernardo Ribeiro, Director de Record, para fechar um dia de muito debate sobre a última ronda da Liga dos Campeões, ronda esta que permite ao Sporting festejar um feito digno da dimensão histórica do Clube.
Alguns destaques da entrevista que Francisco Salgado Zenha - vice-presidente do Sporting - concedeu a Record:
O novo empréstimo obrigacionista de 30 milhões de euros
"O Sporting emitiu há três anos uma obrigação idêntica pela exacta mesma taxa de juro. Estamos hoje numa situação muito mais positiva. O Sporting tem rendimento desportivo como já não tinha há bastante tempo, tendo sido campeão nacional 19 anos depois. Do ponto de vista estrutural, está numa situação financeira muito melhor e no caminho bem certo para reverter os prejuízos do passado. Está com os activos muito mais valorizados. O plantel do Sporting é avaliado pelo Transfermarkt em quase 200 milhões de euros, contra os 74 milhões de euros de avaliação contabilística. O Sporting hoje apresenta a nível financeiro, estrutural e desportivo uma situação muito mais sólida e interessante (...)".
A necessidade, ou não, de vender jogadores
"O Sporting trabalha sempre na lógica de o plantel que é definido para a época ser o plantel que permanece até ao final da época. Agora, não há jogadores intransferíveis no Sporting. Não é essa a nossa política. Não é esse o nosso modelo de negócio. E não é esse o nosso modelo desportivo, também. Trabalhamos para desenvolver jogadores. Se eles tiverem oportunidade de ir para outro clube e se isso for coincidente, em linha, com a vontade do Clube, da direcção desportiva e ainda da equipa técnica, então pode muito bem acontecer. Achamos que a equipa é sólida, competitiva e pode ficar até ao final da época. Não podemos fechar portas a nenhuma possibilidade, estamos abertos a qualquer uma, mas o que queremos dar é estabilidade (...)".
Condições para reforçar a equipa
"Não tive ainda feedback da direcção desportiva, da estrutura de futebol, porque ainda não reunimos. O que posso dizer agora é que o mercado de Janeiro, do ponto de vista financeiro, ainda não está orçamentado neste momento. O que não quer dizer que não possam acontecer situações em Janeiro. O mercado está aberto. A partir daí, teremos de analisar todas as possibilidades. Agora, do ponto de vista financeiro e de orçamento, não está previsto nenhum investimento no mercado de Janeiro (...)".
As renovações que têm vindo a ser efectuadas
"As renovações em nada alteram a política salarial da Sporting SAD, nem produzem impactos ou desvios naquilo que é a nossa política orçamental. Os aumentos que estão a ser feitos estavam previstos. A massa salarial do Sporting vai andar, de modo geral, nos valores da última época".
O futuro de Rúben Amorim
"Eu acho que o Sporting deve dar-se ao luxo de ter um treinador campeão como o Rúben Amorim. A relação do Sporting com ele está reflectida nas palavras do próprio, quando diz que por ele renova. Por nós, estamos sempre abertos também. Já o fizemos, e estamos muito satisfeitos com o trabalho dele. Acho que não há ninguém no Sporting CP que não esteja. Estamos completamente em sintonia".
A saída de João Mário
"Nós estamos confortáveis com a proposta que fizemos. Era aquilo que podíamos fazer. Que eu saiba, não tivemos nunca uma resposta, de que aquilo que estávamos a oferecer, sequer, não fosse aquilo que o jogador procurava. Portanto, estamos confortáveis com a proposta que fizemos, trabalhada, antecipadamente, para quem quer estar no Sporting CP e quem gosta de estar no Sporting CP. Quem não gosta e não quer, não fica. Mas isso já não é connosco".
A troca de Rodrigo Fernandes por Marco Cruz
"(...) O Sporting não tem qualquer mais-valia registada desta troca de jogadores. Zero. O Sporting em nada beneficiou do ponto de vista de contas desta operação. Estamos completamente confortáveis. Não há nenhuma justificação contabilística do que quer que seja para ter feito esta troca. O que há é uma justificação desportiva. Houve uma decisão técnica, depois aprovada em Conselho de Administração, de troca desses dois jogadores. Entretanto, há a necessidade de avaliar os jogadores. Não íamos de modo algum avaliar o Rodrigo Fernandes em zero. Temos forçosamente de indicar um valor nos contratos e, para esse fim, tentamos internamente estabelecer referências – informações, opções de compra até de jogadores que temos emprestados, jogadores comparáveis que vendemos por valores desta ordem, por exemplo o Thierry Correia (...)".
Os salários da Administração
"Quem define a política de remuneração do Conselho de Administração é uma comissão de remunerações que é composta por um painel independente de três pessoas. O salário actual da Sporting SAD encontra-se no percentil mais baixo. O que essa comissão fez foi recomendar um limite máximo, que é acima do que nós estamos agora. O Conselho de Administração manteve aquilo que já existia na direcção anterior. E este ano não houve nenhum aumento. O limite já era assim, é igual ao anterior, e nós recebemos abaixo desse limite".
Salgado Zenha explicou muito mais, mas estas são as suas principais e mais importantes considerações.
Destaques da entrevista de Antonio Adán a Record, publicada na edição deste sábado:
- "Em 2018 já tinha acordo com o Sporting mas não quis vir"
Adán admite que poderia ter chegado mais cedo a Alvalade mas acabou no Atlético de Madrid.
- "Vejo Rúben Amorim no balneário das maiores Ligas. É muito mais atrevido do que Mourinho no ataque"
Adán mostra-se completamente rendido aos métodos do treinador do Sporting.
- "Coates é o homem mais importante no balneário. Dá-me tranquilidade"
Referência ao capitão do Sporting e líder da defesa leonina que é a menas batida do campeonato (4 golos sofridos).
- "Ronaldo vai voltar a vestir a camisola do Sporting"
Guarda-redes partilhou balneário com Cristiano Ronaldo no Real Madrid e também já o defrontou.
- "Sarabia ligou-me no último dia do mercado"
Sarabia contactou-o a pedir informações sobre o Sporting.
- "Adorava que o Haaland jogasse em Alvalade"
Referência ao grande goleador do Borussia Dortmund que, por lesão, estará impedido de defrontar o Sporting.
- "Somos capazes de defrontar qualquer um. Estamos melhores esta época"
Denota a confiança que existe no grupo.
- "Retirar-me no Sporting seria muito bom"
Adán está prestes a renovar contrato até aos 37 anos e admite que gostava de retirar-se de leão ao peito.
(...) A SAD do Sporting não se limitou a apresentar um lucro de 18,7M€ relativo ao primeiro trimestre do exercício de 2021/22 (que contrasta com os 4,2M€ negativos de há um ano). Deixou ainda uma pequena 'rasteira' ao FC Porto, ao assumir que a troca de jogadores com o FC Porto (Rodrigo Fernandes por Marco Cruz) tem um impacto nulo no activo intangível (valor do plantel).
Ou seja, apesar dos 11M€ envolvidos, o Sporting CP diz que o valor de balanço do activo é zero. Sendo uma forma de os leões se defenderem de problemas futuros, não deixa de constituir um problema para os portistas, que assumiram a mais-valia de 14,1M€ na troca de jogadores com o V. Guimarães e que, em resultado disso, poderão ter à perna a CMVM e a UEFA.
Excerto de uma crónica de Bruno Prata em Record
Contrariando todos os princípios do jogo, os prémios e distinções individuais ganharam uma dimensão perniciosa no futebol. A sociedade criou a necessidade de hierarquizar, de definir uma ordem para tudo, de simplificar as avaliações através de um número; aplicado ao futebol, o que se verifica é uma discussão excessiva sobre Bolas de Ouro, sobre dados individuais, desde golos marcados a assistências, chegando ao ponto de os colocar em contratos de jogadores, muitas vezes esquecendo o mais importante, que é a conquista dos objectivos da equipa.
Sebastián Coates foi eleito o melhor jogador da Liga portuguesa na temporada passada. Como não liderou nenhum ranking de golos e assistências, a distinção que recebeu acaba por ser a distinção da unidade base do futebol: toda a equipa, neste caso a do Sporting, inequivocamente a melhor em 2020/21.
E o caso de Sebastián Coates acaba por ser uma demonstração bem irónica da forma como o contexto muda tudo. Desde que chegou a Portugal, em Janeiro de 2016, o uruguaio até já pareceu o pior central do Mundo, acumulando autogolos e penáltis cometidos, e agora parece o melhor... avançado. Mais um duro golpe para quem tem uma visão simplista de um fenómeno tão complexo como é o futebol.
Artigo da autoria de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
E, ainda, Diogo Faro, em Tribuna Expresso, com humor à mistura...
"Começo a perder a conta às vezes que, nestas crónicas, deixo sugestões de homenagem que o Sporting, e o país no geral, deviam fazer ao Coates. E não me cansarei de o fazer até que isso aconteça. Uma estátua, o nome do estádio, o nome do aeroporto, todos os sportinguistas que tenham filhos este ano darem-lhes o nome de Sebastião, ou mesmo Coates. Há inúmeras hipóteses. Só é preciso vontade".
Está montado o circo em redor de Taremi e os penáltis. Como se o iraniano fosse apenas isso. O homem que o FC Porto foi buscar ao Rio Ave é factualmente o melhor ponta-de-lança no futebol português na relação qualidade-preço. É craque e custou 4,7 milhões. Na primeira época de dragão ao peito marcou 23 golos e ainda fez 18 assistências. E nesta vai bem embalado. Discutam lá o que quiserem, mas olhem ao resto. Taremi merece.
O Sporting foi bem melhor do que o Moreirense mas não fez um grande jogo. Coates foi mais uma vez o destaque, ao apontar o único golo, ele que desde que Rúben Amorim chegou a Alvalade parece ter redescoberto o futebol. Está um senhor capitão, um belo central e goleador. Em anos anteriores, quem diria?
O Sporting parece ter conseguido fazer uma assembleia sem que tenham chovido insultos. Basicamente desta vez os sócios responderam mesmo presente. E a maioria silenciosa calou por completo a minoria ruidosa, que não vai descansar enquanto não fizer cair Varandas e tentar recuperar Bruno de Carvalho. O resultado da AG mostra o que o clube pensa disso. Se o actual presidente conseguisse resolver o tema das claques, o grupinho perdia ainda mais força. Mas não é fácil negociar com quem ainda nem sequer pediu desculpa por Alcochete. É pena.
Artigo de Bernardo Ribeiro, Director de Record
A estabilidade desportiva parece-me aquela que, de momento, com Rúben Amorim na liderança da equipa leonina de futebol profissional e com as provas entretanto já mais do que dadas por ele enquanto treinador, estará minimamente garantida.
Até porque não me parece que passe pela cabeça de qualquer sócio e adepto de Alvalade exigir o bicampeonato nacional, além de que com a vitória folgada de ontem em Istambul parece mais ou menos alcançável um lugar na Liga Europa que contribuirá um pouco mais para o insuflar do ego dos sportinguistas e a manutenção de um bom ambiente de trabalho entre equipa técnica/plantel/bancada. Alcançar novamente o apuramento directo para a Champions 2022/23 será o seu inconfessável desejo mínimo.
Mas é mesmo na vertente política que tudo se começa (ou nunca se deixou) a jogar e cujos trabalhos estão agora em curso. Seria de esperar que com as várias vitórias desportivas alcançadas no futebol e nas modalidades, com a estabilização da vida do Clube e da SAD no pós-Alcochete e com o grande controle da derrapagem financeira em ano de pandemia, Frederico Varandas e seus pares vissem amplamente reconhecido o seu trabalho.
Contudo e só para inaugurar as hostilidades iniciais, os Relatórios de Contas de 2019/20 e 2020/21 e o Orçamento foram chumbados em Assembleia Geral. Além disso, algumas "caras" já se vieram mostrar e ao que vêm e não me parece que a lista oportunista fique por aqui.
Excerto da crónica de Luís Miguel Henrique, em Record
O conflito entre Rui Pinto e o alegado empresário de jogadores César Boaventura, ou o "erro de percepção mútuo", como diria Mário Centeno, entre o FC Porto e o empresário de Otávio referente aos 15 milhões que o jogador terá recebido como prémio de assinatura, exemplificam demasiado bem os problemas com que o futebol português se debate.
Opacidade é a palavra mais óbvia, se de facto quisermos puxar pela diplomacia e não carregar demasiado nas tintas da casa. Não adianta desqualificar Rui Pinto, como faz César Boaventura, num assunto que é óbvio. As negociatas que fez com Luís Filipe Vieira, envolvendo as sociedades anónimas desportivas do Benfica e Atlético são claras. Podemos tentar envolver tudo num qualquer embrulho de verdade formal, com papelada, documentação, registos para cá e para lá, mas nada disso resiste aos buracos deixados em aberto.
O Benfica faz negócios, como o da aquisição de Mika, com empresas que não declaram impostos ou que se refugiam em paraísos fiscais? Sociedades que aparecem e desaparecem à velocidade de um fósforo a arder. Foi esse ambiente de promiscuidade e opacidade que conduziu o clube e Vieira a um abismo reputacional. Conduziu também a práticas de pura traficância, em que a mercadoria são os jogadores mas os corsários que os representam, vendem ou compram é que levam a fatia de leão.
É esse mesmo ambiente que se detecta na brutal discrepância entre os 15 milhões inscritos no Relatório e Contas da FC Porto SAD, a título de prémio de assinatura, e a não menos brutal declaração do empresário de Otávio, que fez um desmentido tonitruante: "O jogador não recebeu nem um euro!". Em que ficamos? É difícil que seja possível sustentar um prémio de 15 milhões para uma renovação de contrato, num clube que já não tem capacidade de reter jogadores valiosos e os deixa sair a custo zero.
Onde fica a polícia do mercado, a CMVM, se ficar calada e não exigir esclarecimentos? Onde vai parar esta Liga Portugal se deixar crescer o ambiente de traficância que está instalado? Que credibilidade tem um futebol que gera os melhores jogadores do mundo mas também os piores gestores do planeta? Já para não falar dos alegados empresários, que enchem os bolsos vendendo a cumplicidade que os presidentes que se julgam donos dos clubes necessitam para fazer as suas negociatas. Uns e outros são a toxina mortal para este futebol e esta Liga da traficância.
Artigo de Eduardo Dâmaso, Director da Sábado, em Record
Os números de Rúben Amorim desde que chegou ao Sporting são avassaladores – hoje, diante do Marítimo, tem oportunidade de conseguir um registo que não se vê em Alvalade desde a década de 50. Frederico Varandas e Hugo Viana tiveram o mérito da decisão corajosa de pagar 13 milhões ao Sp. Braga pelo treinador, mas a verdadeira transformação no clube deve-se a Rúben Amorim, quer seja pelos resultados e títulos, quer seja pela aposta nos miúdos ou até na forma como comunica. Todo o Sporting agradece: as bancadas acalmaram-se, o clube vai-se unindo, as receitas aumentaram graças à valorização de jovens e entrada na Champions.
Mesmo que não seja um tema muito urgente, seria algo benéfico para o próprio Sporting pensar desde já num futuro pós-Amorim. Mais tarde ou mais cedo (provavelmente cedo...), o técnico irá deixar Alvalade rumo a uma liga de topo e deixará um vazio difícil de preencher. Por essa altura, Frederico Varandas e Hugo Viana terão de ter montado uma estrutura com bases muito sólidas para conseguir dar continuidade ao projecto de aposta e valorização de jovens jogadores. Com uma certeza: não há ‘Amorins’ ao virar de cada esquina. Não foi assim há tanto tempo para que nos esqueçamos do que era o Sporting (de Varandas e Hugo Viana) no pré-Amorim.
Artigo da autoria de Sérgio Krithinas, Director Adjunto de Record
*** O leitor fica com a ideia que já querem ver Rúben Amorim fora do Sporting?
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