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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Por uma vez, não vamos discutir as segundas linhas da Seleção Nacional
Durava, pelo menos, desde 2004 a preocupante tragédia das segundas linhas. Visto desse ano, o futuro era cinzento muito escuro. Em 2006, pardo. Em 2008, negro. Em 2010 da cor do carvão e por aí adiante, até ao breu absoluto do Mundial"2014. Portugal apresentou-se nesse campeonato como um desses automóveis modernos sem roda sobresselente: tinha só uma bisnaga de cola para o caso de furar um pneu. Pelo menos, é o que se depreende do que se escreveu com razoável consenso.
Portugal não dispunha então de segundas linhas, leia-se, de jogadores minimamente assemelháveis, já não digo a Ronaldo, mas a Moutinho, Pepe ou Nani, ainda que algumas dessas segundas linhas sejam as que Fernando Santos leva agora a França, ou já jogassem regularmente. Adrien e William eram titulares do Sporting, por exemplo. Dessa crise crónica fizeram-se sempre duas leituras: a do cataclismo iminente, que considero rebatida pelo facto de ainda existir futebol no país e no planeta, e a da matemática, que eu partilho.
Portugal é pequeno e tem pouca gente; nunca viverá em fartura de craques sem que haja algum tipo de aberração estatística. E interrompo aqui a argumentação, porque, pela primeira vez em doze anos, não vai ser preciso discutir o tema. O Portugal-Noruega atestou o que se sabia: a selecção de Fernando Santos é a selecção da concorrência; da baliza até aos calcanhares de Cristiano Ronaldo todos os lugares estão em perigo, seja por excesso de qualidade, seja porque ela falta um bocadinho (nas laterais, por exemplo). Talvez juntasse João Mário a Ronaldo no canto dos intocáveis, mas, fora isso, não há sombra para ninguém.
José Manuel Ribeiro - jornal O Jogo
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