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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Num artigo na revista Harper’s, “Me, Myself, and Id”, Laura Kipnis escreveu que o narcisista “vive como se estivesse rodeado de espelhos, mas não gosta do que vê”. Como centraliza em si mesmo a realidade por se imaginar o único actor dos acontecimentos, desenvolve hipersensibilidade à avaliação dos outros e revela sentimentos excessivos de autoridade. Encaixa que nem uma luva em Bruno de Carvalho.
Rob Riemen definiu o tipo de relacionamento que o narcisista estabelece com o próprio ego: “O meu ego torna-se a medida de tudo e só interessa o que eu sinto, o que eu penso. Eu exijo que o meu gosto, a minha opinião e a minha maneira de ser sejam respeitados, senão eu ficarei ofendido. Um ego sensível como medida de todas as coisas não suporta qualquer crítica e ignora a autocrítica.” Não suporta, por exemplo, aquilo que imagina ser falta de “reconhecimento”, de “confiança” ou de “gratidão”. Bruno de Carvalho “dixit”.
O “leitmotiv” da Assembleia Geral de hoje é o narcisismo do actual presidente do Sporting associado a uma surpreendente instabilidade emocional. Por estes dias, os acontecimentos deslizam mais rapidamente do que convém e ele procura monitorizar as circunstâncias, pois receia pelo futuro. Há o risco do tempo se tornar desfavorável, e Bruno de Carvalho consumiu-se numa superexposição mediática. Na vida nada é permanente e no futebol pouco ou nada é previsível.
É este o contexto da Assembleia Geral. Rogério Alves explicou de forma cristalina o paradoxo da situação. De facto, o estado de alerta permanente e o prolongamento da conflitualidade com tudo e com todos tiveram consequências nefastas. A encruzilhada passou a ter um sentido único. Mesmo que as propostas de Regulamento Disciplinar e de revisão dos Estatutos sejam aprovadas como Bruno de Carvalho exige, verificar-se-à apenas um breve adiamento: daqui a alguns meses, os sportinguistas estarão novamente confrontados com outro tipo de chantagem.
(Há coisas que se dizem que não podem ser esquecidas. Bruno de Carvalho, em 4 de Dezembro de 2012, afirmou o seguinte em entrevista ao programa Dia Seguinte, na SIC Notícias: “A estabilidade não é um meio: é uma consequência. Isto é o que Sporting tem de perceber de uma vez por todas: no dia em que tiver liderança e um modelo, terá estabilidade”. Ainda tem esta opinião?)
(Fotografia de Yves Lecocq, High Pressure)
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