Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Sinceramente – e com todo o respeito pela opinião contrária – considero um grande erro, um contra-senso, um disparate, a atribuição, a título perpétuo, de nomes de jogadores lendários do Sporting aos campos de futebol da Academia – com excepção, evidentemente, do Estádio Aurélio Pereira, o justamente celebrado “pai da formação”.
Regozijo-me, no entanto, com a nova e feliz designação de Academia Cristiano Ronaldo atribuída a todo o complexo de Alcochete – tendo na devida conta o aproveitamento do prestígio planetário do maior futebolista português (e, provavelmente, mundial) de sempre e a figura de Portugal mais famosa internacionalmente – mas, desde que se mantenha visivelmente na fachada a inscrição complementar de “Centro de Futebol do Sporting Clube de Portugal”. Felicitações ao presidente Varandas e sua equipa.
Entendo, porém, que a identificação dos vários campos de futebol por nomes de antigos jogadores, ainda que se trate de “lendas”, representa, além de um exagero excessivo, uma medida precipitada e não profundamente ponderada. Susceptível, mesmo, de produzir efeitos indesejavelmente negativos ou contraditórios. De notar que – exceptuando os lendários Cinco Violinos – todos os restantes seleccionados se notabilizaram no período entre os anos setenta e oitenta.
Ora... o Sporting existe desde 1906, há 114 anos – tendo sido representado até ao presente por milhares de jogadores, incluindo numerosas glórias – pelo que a escolha dos agora homenageados arrisca-se a ser polemicamente classificada tanto de injusta como de discriminatória ou desrespeitadora do passado histórico da Instituição. Por outro lado, não há a certeza de que o comportamento moral ou profissional face ao Clube, por parte de alguns dos distinguidos, justifique suficientemente tal consagração (relembrando-se, por exemplo, o caso Paulo Futre).
Pelas mesmas razões já aqui apontadas – e sem pretender, obviamente, menosprezar de forma alguma o indiscutível e intocável mérito dos excepcionais e admirados futebolistas seleccionados – discordo também inteiramente da atribuição de nomes de jogadores às entradas no Estádio José Alvalade. Uma medida, a meu ver, não apenas desnecessária como eventualmente propiciadora de situações embaraçosas entre o público visitante.
Outro factor a ter em consideração – provavelmente até o mais relevante – respeitará ao eventual efeito psicológico da iniciativa em causa nos jovens jogadores em formação na Academia, que – aspirando, legitimamente, à conquista do sucesso profissional e da eventual celebridade – poderão, de alguma forma, sentir-se afectados na sua motivação por considerarem dificultado ou impossibilitado o seu futuro acesso à honraria eterna agora oferecida aos “lendários”, cujos nomes passaram, de súbito, a monopolizar todos os campos do complexo.
Reconhecer e corrigir o erro só enobrece o seu autor…
Texto da autoria de Leão da Guia
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.