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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Como se recorda, quando, há cinco anos, abandonou o Benfica para rumar ao Sporting – num golpe populista e altamente dispendioso do então líder sportinguista destinado a galvanizar a rapaziada que o erguera ao poder – Jorge Jesus foi rancorosamente insultado, ameaçado e perseguido pelas então furiosas hostes vermelhas.
O clube da Luz recusou-se a pagar-lhe o último mês de salário, processou-o judicialmente por quebra unilateral do seu contracto, acusou-o de desvio de equipamento, exigiu-lhe o pagamento de sete milhões e meio de euros de indemnização por danos patrimoniais e Luís Filipe Vieira jurou que, enquanto mandasse, Jorge Jesus jamais voltaria a treinar os encarnados – garantia que ainda no ano passado repetiu.
Afinal, numa espectacular jogada de malabarismo, foi o mesmo presidente que, fretando um avião especial, “raptou” de súbito ao Flamengo precisamente o mesmo treinador – apresentando-o agora, em Lisboa, transvertido de “Salvador” (do Benfica ou do próprio Vieira?)… Uma operação que deverá custar ao clube muitos milhões, implicando salários astronómicos do técnico, indemnização ao “roubado” campeão brasileiro, contratação de dispendiosos craques exigidos pelo retornado e múltiplas condições privilegiadas.
Se resultará no sucesso ansiado e prometido, restará apenas esperar – embora a forma fulminante, precipitada e imprecisa de todo o processo não permita, para já, alimentar grandes ilusões. As dúvidas acumulam-se no horizonte...
Na opinião dos próprios críticos benfiquistas, a grande farsa resumir-se-á exclusivamente ao interesse pessoal de um Luís Felipe Vieira desesperado por se conservar no seu seguro e confortável refúgio como todo-poderoso presidente do clube. De um homem cada vez mais cercado pela justiça, a banca e o fisco e cuja cega ambição se julga turvar-lhe a sensatez, arriscando conduzir irracionalmente o seu Benfica à falência.
É bem claro que para grande parte, ou mesmo a maioria, dos eufóricos e fanáticos adeptos benfiquistas, inebriados com o regresso do proscrito – cuja dignidade parece ter sido esmagada pelo peso do dinheiro – algo como a moral, a ética, o decoro, a coerência e a decência não passam de simples balelas. Tudo isso deixou de existir no decadente mundo futebolístico. O único que verdadeiramente conta são os golos na baliza adversária. Nada mais.
E, no meio de toda esta loucura, será que o Benfica irá repor a imagem de Jorge Jesus na fotografia oficial da equipa conquistadora do último ou penúltimo campeonato – da qual foi vingativamente apagada?
Texto da autoria de Leão da Guia
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