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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Fiz este fim de semana o sacrifício leonino de ler a entrevista do Bruno Carvalho ao Record. Não percebi bem a vantagem para o Sporting do “timing” esta entrevista, mas conclui, no fim de a ler, que teve a ver com o facto de "festejarmos" 2 anos da sua entrada no clube e a possibilidade de auto-promoção pessoal depois de muito tempo calado. Confesso nunca antes ter ouvido falar em anos de eleição num clube, excepto quando este mesmo Presidente festejou o 1ª ano. Depois de ler a entrevista percebi que estamos a deixar de ser um clube desportivo para sermos uma espécie de partido gerido por políticos cujo principal interesse, assumido nesta entrevista, é a reeleição.
Estávamos fartos de gestores e agora temos políticos com frases feitas a dar ideia que também percebem de gestão pois “há mais de 20 anos que gere”??!!. Não tenho visto televisão mas parece que para festejar os 2 anos de mandato tivemos, à politico, inaugurações com pompa e circunstância dum pavilhão que vai ser inaugurado mesmo antes das próximas eleições ... há coincidências que só os políticos percebem.
Do pouco sumo que teve uma entrevista bem aborrecida ainda assim destacaria uns pontos:
1. O auto-elogio de sempre – até no caso Jefferson tentou mostrar o grande gestor de “valores” que é, sendo que como todos sabem numa instituição bem gerida, esta situação de desrespeito para com um Presidente nunca chega a acontecer;
2. A arrogância – represento 3 milhões de pessoas?? Essa é mesmo de político! O Presidente do meu clube desportivo não pode dizer que me representa, não lhe dei esse mandato. Também li algures que os adversários “tremem” com ele. Mais uma boca “lampiona” de quem não sente / conhece a cultura leonina.
3. A falta de noção - diz que desde a sua eleição é que os sportinguistas apoiam as equipas. Queria lembrar-lhe que nunca deixámos de o fazer e é por isso que somos uma grande massa adepta. Outro momento de falta de noção foi dizer que, depois de tanto disparate que tem dito, se “arrepende de muitas coisas que não disse”.
4. O amadorismo – refere que ainda não teve tempo para começar a preparar a próxima época. Como vi noutro blog estamos mesmo em presença do nosso “fox-catcher”. Fala várias vezes numa reunião que se vai fazer um dia destes quando calhar. É este tipo de gestão desportiva que explica o fracasso da grande maioria das mais de 30 contratações e incapacidade de segurar algumas das pérolas da formação (agora parece que virou a política de renovações mas foram dois anos muito negativos neste aspecto). Quanto ao caso Carrillo confessou que o vai vender, baixando depressa o seu valor de mercado. E já tenta receber louros pelo alegria que nos dá por ele não ir para os rivais. Um político não diria melhor.
5. O feitio bem complicado – percebe-se que a relação com o Marco Silva está bem tremida – em relação a ele está tudo ok mas diz que apenas “acredita” que da parte do Marco a questão de Dezembro tenha ficado bem resolvida. Confirma assim as sérias duvidas que eu já tinha. Ele sabe o que a eventual saída do Marco Silva no fim da época representa para a sua ambição de reeleição, pelo que sei tudo fará para o manter. Pelo sim pelo não, aproveita nas entrelinhas para ”obrigar” Marco a ganhar a Taça de Portugal e a qualificar-se para a fase de grupos da próxima Liga dos Campeões e terá assim o álibi caso a corda parta do lado do treinador.
6. A benevolência – qual César já lhe passou a birra e anunciou que já podemos jogar para o ano com a melhor equipa na Taça Lucílio Batista. Obrigado Carvalho!
7. O optimismo – está convencido ainda vai provar que a contratação do Shikabala não foi um erro. Depois da maior humilhação que um jogador terá feito ao nosso clube acredita que um dinheirinho qualquer ainda vai provar a bondade da sua contratação. Quando fala em valores na entrevista deve ser a isto que se refere.
8. O zigue-zague – começa por ser taxativo quando diz que só vendemos William por 45 M €, depois se calhar não, só um bocadinho abaixo “algo que nos permita ter a compreensão desse valor!??”, afinal talvez ainda mais abaixo “podemos querer investir noutro tipo de jogadores e para isso é preciso dinheiro”. Estou perdido! E depois de extemporaneamente cortar com quase tudo o que era contratação da era Godinho como um dos actuais titulares da selecção brasileira que bem falado muito jeito nos teria dado estes anos, já recebe Rubio e Labyad de braços abertos.
9. Quem manda é ele … e o plantel – não resisto a citar esta pérola do Bruno Carvalho a falar de teto salarial “sabemos que há jogadores que o próprio plantel percebe e aceita com base na sua importância. Outros não. Os que não aceitar, resolvemos de uma determinada forma.” Afinal não temos um tirano mas sim um verdadeiro democrata tipo PREC 1975!
10. O formador – diz que a formação está bem e o Virgílio é um mouro de trabalho! Assim sendo e conhecendo o grande currículo do Virgílio nesta área já não temos que nos preocupar com o que se está a passar naquela que, apesar de tudo, era uma das melhores Academias do mundo.
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