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Ser Sporting não se implora, não se ensina, não se espera, somente se vive... ou não.
Seja adepto, treinador, jogador ou dirigente, certamente ninguém estará satisfeito com os resultados alcançados pela equipa de futebol do Sporting CP nesta época desportiva, sendo evidente que estes não corresponderam, minimamente, às expectativas iniciais.
Esta exposição, necessariamente extensa, sequencia acontecimentos ocorridos ao longo da época agora terminada, não se eximindo a uma análise necessária. Ressalva-se desde já que é sempre mais fácil avaliar, analisar ou criticar à posteriori.
A pré-época
Fase importante para o decorrer da época dos clubes, podemos afirmar que a pré-época do Sporting teve influência decisiva no decorrer da época.
Se a saída de Pablo Sarabia era inevitável e a de Palhinha estava preparada pela ascensão de Ugarte, a saída de Matheus Nunes, no aspecto desportivo e temporal, veio a revelar-se nefasta para o desempenho da equipa ao longo da época, em especial na primeira metade. O equilíbrio entre os aspectos desportivo e financeiro desempenhou um papel essencial na opção tomada, mas ela foi de tal modo decisiva e controversa que gerou uma divergência, recentemente recordada por Rúben Amorim, entre a direcção e o treinador.
A constituição do plantel, com a aposta reconhecidamente consciente num grupo curto, com uma dependência excessiva de um só jogador em determinadas posições, revelou-se limitativa e penalizadora ao longo da própria época.
Primeira parte da época
Definida para esta exposição pelo período até à longa interrupção para o Mundial, pode ser caracterizada pela irregularidade exibicional, traduzida na expressão bipolaridade, da equipa, vindo-se a revelar, de forma negativa, decisiva para as suas aspirações nas duas principais provas nacionais. Foram 14 pontos desperdiçados no Campeonato Nacional (4ª posição já a 12 pontos do 1º lugar) que hipotecaram quase todas as hipóteses de conquistar o título, a que ainda se associa um afastamento da Taça de Portugal logo na 1ª eliminatória disputada. As lesões em jogadores determinantes também contribuíram para a prestação negativa nesta fase da competição.
Em fulcral contraponto com o rendimento nas provas nacionais, a prestação na Liga dos Campeões tem de ser diferenciada como positiva, quer pelas vitórias alcançadas, quer pelo apuramento (um objectivo mínimo) para a Liga Europa. Não é descabido considerar que o afastamento desta prova esteve muito mais relacionado com algumas infelizes prestações individuais do que com um insuficiente rendimento colectivo.
A interrupção para a disputa do Campeonato do Mundo permitiu que a equipa recuperasse a nível físico e competitivo, com prestações convincentes na primeira fase da Taça da Liga.
Segunda parte da época
Definida como a competição após a interrupção para o Campeonato do Mundo, revelou uma equipa do Sporting bastante diferente, mais assertiva e eficaz a nível competitivo, como ficou bem demonstrado pelos resultados obtidos na segunda volta do Campeonato Nacional. Infelizmente vários objectivos já estavam comprometidos.
A contratação do jovem Diomande no mercado de inverno, associada à recuperação física de Jeremiah St. Juste, permitiu à equipa do Sporting apresentar uma maior consistência defensiva, que se traduziu no rendimento global da equipa.
A prestação da equipa na primeira fase da época tinha comprometido, irremediavelmente, a conquista do título nacional, mas o não apuramento para a Liga dos Campeões agravou ainda mais o cenário. Para a equipa do Sporting CP terminar o Campeonato Nacional no 4º lugar é, a todos os níveis e independentemente de quaisquer factores atenuantes, uma má prestação desportiva, para além de nefasta na perspectiva económica.
Pelo nível exibicional apresentado face a adversários de elevada qualidade, a prestação na Liga Europa tem de ser considerada positiva. No afastamento da prova, considerado quase unanimemente como muitíssimo injusto, destacou-se um dos aspectos que acompanhou e mais impiedosamente caracterizou a equipa ao longo de toda a época, a ineficácia ofensiva. Se a esta constatação associarmos a derrota na final da Taça da Liga, comprovamos esta realidade.
Análise
Qualquer análise sumária permite concluir que, desportivamente, a época 2022/2023 foi negativa para o Sporting CP. Não foi conquistado qualquer título e a posição alcançada no Campeonato Nacional nem o objectivo mínimo do apuramento para a Liga dos Campeões permitiu conquistar.
Irregularidade, ineficácia, limitação, são palavras que caracterizam a época do Sporting.
Não duvido que os principais responsáveis pelo futebol do Sporting CP saberão detectar e interpretar as razões deste insucesso. Apesar das dificuldades de registo, é expectável que várias venham a ser corrigidas na próxima temporada, nunca esquecendo a vital influência do equilíbrio entre os aspectos desportivos e financeiros. Uma atitude mais pró-activa, já bem manifestada publicamente, parece necessária. Convicções não podem ser obstáculos na lucidez necessária para assumir e corrigir erros.
Externamente é possível percepcionar determinadas realidades. Aumentar a profundidade e o leque de opções do plantel é uma delas. A sua escassez traduziu-se num desgaste global e individual, com afectação do rendimento da equipa. A necessidade de diversificar opções em determinadas posições, nomeadamente a muito preponderante posição de avançado, também mostra ser outra das realidades. Estabilizar o plantel atempadamente, iniciando, logo desde o primeiro dia do campeonato, uma prestação consistentemente vitoriosa, são evidências deixadas pela época desportiva agora terminada.
Mesmo com resultados desportivos negativos, um aspecto diferencia o actual Sporting do ocorrido ao longo de décadas. A estabilidade. Revoluções ou "implosões" não se colocam e o Clube tem condições de estabilidade, directiva e técnica, para resistir a esses devaneios e, com imprescindíveis ajustes, continuar o rumo traçado. Nem tudo está bem mas o passado já demonstrou que aventuras não são o caminho. A competência e a inteligência de quem comanda a equipa devem motivar a confiança dos adeptos no futuro.
Apoiar, e quando necessário criticar construtivamente, é o decisivo papel dos adeptos para a próxima época. Como ficou demonstrado na conquista do título de campeão nacional em 2020/2021, o sucesso pode estar bem mais perto do que se espera.
E se unirmos forças, mais perto estará!
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